Além das tarifas: entenda o novo cenário do comércio global

A escalada das tarifas dos Estados Unidos aos produtos importados impacta as cadeias globais de valor e produção. Acompanhe os desdobramentos para o Brasil e o mundo com o informe semanal da CNI

O tarifaço e a nova dinâmica ao comércio global 
 

O cenário econômico global passa por uma nova onda de protecionismo. Todos os dias, novas decisões impactam as cadeias globais de valor e produção.

Para acompanhar os desdobramentos, a Agência de Notícias da Indústria estreia uma página especial com atualizações semanais sobre como o momento influencia a dinâmica do comércio internacional.

Boletim elaborado pelas áreas internacional e econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai reunir os acontecimentos e as ações da CNI.  

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Semana de 9 a 18 de junho - Volatilidade persistente e sinais contraditórios: o comércio global entre tensões e trégua

O cenário tarifário internacional segue tensionado. A recente decisão da Justiça dos EUA de manter tarifas sob o (International Emergency Economic Powers Act) IEEPA sinaliza continuidade de políticas comerciais agressivas, enquanto avanços pontuais em acordos bilaterais oferecem apenas alívios temporários. A instabilidade jurídica e econômica coloca em risco a previsibilidade e afeta diretamente a indústria brasileira.

IEEPA mantido: quando a exceção vira regra

A decisão do Tribunal de Apelações dos EUA de manter, ainda que temporariamente, tarifas impostas com base na IEEPA reacende o alerta sobre o uso político de instrumentos legais no comércio internacional. A falta de previsibilidade jurídica afeta diretamente a competitividade da indústria brasileira, elevando o risco regulatório e pressionando custos.

Trégua adiada: prorrogação das tarifas recíprocas não elimina a incerteza

Apesar de oferecer algum fôlego, a prorrogação dos prazos para aplicação de tarifas recíprocas pelos EUA não dissipa as tensões. O adiamento empurra os conflitos para frente, sem resolvê-los, mantendo empresas em estado de alerta e dificultando decisões estratégicas de longo prazo.

Acordo em partes: EUA e Reino Unido avançam, mas aço e alumínio ficam fora

Durante a cúpula do G7, EUA e Reino Unido anunciaram um acordo parcial que reduz tarifas em setores estratégicos, mas deixa de fora o aço e o alumínio. O avanço ilustra a preferência crescente por acordos bilaterais em detrimento das estruturas multilaterais tradicionais, numa tentativa de mitigar a crescente instabilidade global nas regras comerciais.

Commodities em xeque: China freia superávit brasileiro


A queda de mais de US$ 10 bilhões no saldo comercial com a China foi o principal fator para a redução do superávit da balança brasileira em 2025. O resultado reflete a desaceleração da economia chinesa, a recomposição dos estoques globais e a queda nos preços das commodities. É um sinal claro de que o modelo exportador centrado em produtos primários precisa ser revisto.

 

Menos dependência, mais valor: a urgência da diversificação exportadora

Diante da reconfiguração do comércio global e da perda de dinamismo da China, cresce a necessidade de o Brasil diversificar sua pauta exportadora. É hora de avançar na agregação de valor, investindo em inovação, manufatura avançada e acesso a novos mercados, para reduzir a vulnerabilidade externa e fortalecer o crescimento sustentável.

Integração em movimento: novo capítulo no acordo automotivo Brasil–Argentina

Com a atualização do Acordo de Complementação Econômica nº 14 (ACE 14), Brasil e Argentina aprofundam a integração produtiva no setor automotivo. A isenção tarifária para autopeças não produzidas localmente e o incentivo ao investimento em P&D promovem ganhos de eficiência, inovação e competitividade regional.

Do alívio à estratégia: acordos setoriais como catalisadores da reindustrialização

Mais do que medidas de curto prazo, os acordos bilaterais recentes — como o automotivo com a Argentina — apontam para caminhos de longo prazo para a reindustrialização brasileira. Ao combinar facilitação comercial com exigência de inovação e cooperação regional, eles criam um novo espaço para uma indústria mais moderna, integrada e resiliente.

Brasil abre maior investigação antidumping da história contra o aço chinês

O governo abriu investigação contra 25 códigos NCM de produtos de aço da China, apurando prática de dumping entre julho/2023 e junho/2024. A medida reflete a preocupação com o impacto do excesso de produção chinesa sobre a indústria nacional, em um cenário global já pressionado por tarifas e distorções de mercado. O processo fortalece o uso dos instrumentos de defesa comercial como estratégia para proteger a competitividade da indústria brasileira. 

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Semana de 31 de maio a 6 de junho: tarifa mais cara para aço e alumínio nos EUA  

Nos últimos dias, os Estados Unidos colocaram em prática uma nova rodada de tarifas sobre aço e alumínio importados. Agora, a taxa subiu para 50% – o dobro da que já estava valendo desde março – e passou a valer na madrugada da última quarta-feira (4). Só ficou de fora o Reino Unido, que fechou um acordo comercial com os EUA. 

O que o Brasil tem a ver com essa mudança? 

O Brasil é um dos maiores exportadores de aço para os EUA — só perde para o Canadá. De janeiro a março de 2025, 75% do aço que o Brasil vendeu para fora foi direto para os americanos, principalmente produtos como placas e blocos de aço, que são usados em carros, aviões e até tacos de beisebol. 

Qual deve ser o impacto da medida? 

Com a nova tarifa, os produtos de aço e alumínio que chegam aos EUA devem ficar mais caros. A estimativa, segundo a Boston Consulting Group, é que o custo total com essas importações chegue a US$ 104 bilhões por ano - praticamente o dobro do valor anterior. Isso pode afetar tanto a indústria norte-americana (que depende dessas matérias-primas) quanto a brasileira, que pode perder espaço ou ter que lidar com mais dificuldades para exportar. 

O que dizem a indústria e o governo brasileiros? 

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto Aço Brasil já demonstraram preocupação e estão tentando, junto com o governo brasileiro, encontrar uma saída. 

O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, lamentou o aumento da tarifa, mas disse que o caminho é continuar o diálogo com os EUA.  

E a guerra comercial com a China? 

Durante a semana, o governo americano anunciou que representantes dos EUA e da China vão se encontrar em Londres para discutir um novo acordo comercial. Donald Trump fez o comentário após uma conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping.

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Semana de 24 a 30 de maio: nova treta EUAxChina, queda histórica nas importações americanas e mais tarifa para o aço 

A novela das tarifas de importação que começou com a nova gestão dos Estados Unidos ganhou mais capítulos importantes nos últimos dias. Para resumir:  

  • Tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump seguem valendo (por enquanto);  

  • Importações nos EUA caíram como nunca;  

  • Trump já está em atrito com a China de novo;  

  • Os EUA anunciaram que vão dobrar a tarifa de importação do aço; 

  • Brasileiros estão de olho.  

Após suspender tarifas do governo Trump, Justiça americana volta atrás  

Na quinta-feira (29), um tribunal dos EUA restabeleceu as tarifas de importação anunciadas pelo governo do país, que tinham sido suspensas no dia anterior a pedido de estados e empresas americanas. A reviravolta aconteceu depois de um pedido da Casa Branca, que conseguiu segurar a decisão que derrubava o tarifaço do “Dia da Libertação”.  

Agora, os autores da ação que pede a derrubada do tarifaço têm até o dia 5 de junho para se manifestar contra. Já a equipe de Trump tem até 9 de junho para defender as tarifas. Enquanto isso, o setor privado se mostra preocupado com a confusão judicial e as mudanças constantes.  

Importações dos EUA despencam  

Os efeitos do tarifaço começaram a aparecer em números: os EUA importaram quase 20% menos em abril na comparação com março — a maior queda desde 1992.  

As compras somaram US$ 276,1 bilhões no mês, e a explicação é que com o aumento das tarifas, ficou mais caro trazer produtos de fora. Em março, muitas empresas até correram para importar antes que as novas taxas entrassem em vigor — o que pode ter aumentado os números naquele mês.  

EUA x China: mais uma batalha travada  

Mesmo depois de firmar um acordo com a China no dia 12, o presidente dos EUA voltou a se posicionar contra a postura do governo chinês. Nessa sexta (30), ele acusou o país de quebrar o trato, em um post em rede social. O resultado para o mercado foi mais incerteza no ar.   

Tarifa de importação para o aço vai ficar mais cara 

Quase no apagar das luzes da semana, durante um comício na Pensilvânia, Trump anunciou ao mundo mais uma medida que deve balançar o mercado: as tarifas sobre a importação de aço passarão de 25% para 50%, a partir do dia 4 de junho. O presidente dos EUA diz que a iniciativa vai proteger as empresas americanas, deixando o produto de fora mais caro e, assim, incentivando a compra do que é produzido nos EUA.  

Especialistas já alertam que isso pode causar um efeito dominó no comércio mundial. Outros países, como China e União Europeia, podem reagir aumentando suas tarifas e o resto a gente já sabe. Além disso, o mercado financeiro pode ficar mais nervoso, o que costuma derrubar bolsas de valores e aumentar a incerteza sobre os rumos da economia global. Ou seja, uma decisão que começa nos EUA pode acabar afetando o mundo inteiro. 

E o Brasil, como fica?  

Segundo uma pesquisa da AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira (30), 62,5% dos brasileiros estão preocupados com essa guerra comercial entre EUA e China.  

A maioria acredita que o Brasil pode ser afetado pelos desdobramentos dessa disputa entre as economias. Isso porque, em um mundo globalizado, o impacto não fica restrito só aos envolvidos diretamente. 

 

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Semana de 17 a 23 de maio: com trégua tarifária se aproximando, nova escalada comercial e incertezas 

O fim da trégua tarifária de 90 dias concedida pelos Estados Unidos aos principais parceiros comerciais, incluindo ao Brasil, está terminando – faltam 45 dias. Da bandeira branca para cá, o cenário internacional passou por diversas mudanças e segue marcado por incertezas. Empresas, consumidores e governos ainda tentam entender os rumos que deve tomar a política comercial norte-americana. 

Nos EUA o clima é de preocupação: 12 estados americanos recorreram à Justiça, nesta semana, para tentar barrar as tarifas de importação anunciadas pelo governo em 2 de abril. O grupo alega que o presidente extrapolou sua autoridade ao declarar uma emergência nacional para justificar os aumentos tarifários.   

Enquanto isso, os mercados seguem atentos, tentando decifrar os próximos passos da Casa Branca e os impactos sobre o crescimento mundial. 

Medidas recentes provocam mais tensões 

Nos últimos dias, outras decisões tomadas pelo governo americano podem impactar mais a política comercial americana: em 13 de maio, o Departamento de Comércio iniciou a revogação da Regra de Difusão de Inteligência Artificial adotada no governo anterior, além de anunciar novos controles sobre exportações de chips; e em 19 de maio, foi aberta uma consulta pública para analisar práticas de preços de exportação, com foco em possíveis distorções regionais ou temporais.  

O clima no comércio global esquentou ainda mais nesta sexta-feira (23), quando o presidente Donald Trump anunciou uma nova tarifa de 50% sobre todos os produtos importados da União Europeia, a partir de junho. O governo diz que essa é uma resposta a práticas comerciais desleais adotadas pelo bloco. Horas depois, a Comissão Europeia cobrou explicações e classificou a medida como uma manobra de pressão em meio às negociações com Washington – que estão paradas. 

Reações nos mercados e impactos macroeconômicos 

Até meados desta semana, os mercados financeiros globais ainda mostraram sinais de otimismo. O índice de volatilidade VIX caiu 21,3%, e o dólar se valorizou 0,7% no período. Já a moeda brasileira seguiu praticamente estável, com leve desvalorização de 0,7%.

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De 8 a 16 de maio: alívio nas tarifas e novas parcerias

Em mais uma semana movimentada no cenário econômico internacional, os destaques foram as novas medidas dos EUA em relação ao comércio global, o avanço nas negociações com a China e os primeiros passos de um futuro acordo comercial com o Reino Unido. As movimentações mostram uma tentativa de reequilíbrio nas relações comerciais dos EUA, com impacto direto sobre os fluxos globais de comércio, investimentos e preços.

O que está acontecendo? O que está por vir? Como isso pode afetar o Brasil? A gente te explica:

EUA anunciaram medida para reduzir o preço de medicamentos

No dia 12 de maio, o governo dos EUA publicou uma Ordem Executiva para reduzir os preços de medicamentos no país. Os EUA vão tomar medidas contra países que não praticarem os menores preços de exportação para os americanos.

Trégua na guerra comercial EUA-China

Após semanas de escalada tarifária entre as duas maiores economias do mundo, os EUA e a China firmaram, no dia 11 de maio, um acordo temporário para suspender parte das tarifas recíprocas por 90 dias. O movimento foi interpretado como um passo importante para diminuir as tensões que preocupavam investidores e aumentavam os riscos de recessão global.

O que ficou combinado:

  • Os EUA reduziram as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, por um período inicial de 90 dias;

  • A China reduziu as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%, também por 90 dias;

  • Medidas não tarifárias aplicadas pela China contra os EUA desde abril foram suspensas ou canceladas;

  • Continuam em vigor tarifas específicas para setores como veículos elétricos, aço e alumínio;

  • Um mecanismo de consulta bilateral será criado para dar continuidade às discussões econômicas.

Mais um passo na relação EUA-Reino Unido

No dia 8 de maio, os Estados Unidos e o Reino Unido divulgaram os termos gerais do Economic Prosperity Deal (EPD), que define as bases para um futuro acordo comercial mais robusto entre os dois países. Embora ainda não seja um acordo concreto, o EPD sinaliza uma aliança econômica estratégica em construção.

O que está em negociação:

  • Tarifas - O Reino Unido quer eliminar a tarifa de 20% sobre carne bovina americana e abrir uma cota de 13 mil toneladas. Em troca, os EUA permitirão a importação de até 100 mil veículos britânicos com tarifa de 10%. Também estão em negociação cotas para etanol, peças automotivas, aço, alumínio e produtos farmacêuticos;

  • Barreiras não tarifárias - Os países querem facilitar o comércio agrícola, adotar regras sanitárias comuns, manter acordos de reconhecimento mútuo de padrões técnicos e avançar na regulação de serviços;

  • Comércio digital - O acordo deve incluir cláusulas sobre digitalização alfandegária, serviços digitais e comércio sem papel;

  • Segurança econômica - colaboração em temas como controle de exportações e segurança tecnológica.

Impactos no Brasil e nos mercados globais

As medidas e acordos internacionais anunciados durante a semana já refletem no mercado:

  • O preço do petróleo Brent subiu 1,6% no dia 12 de maio, a soja aumentou 2,1% e o minério de ferro, 1,2%. Essas altas podem indicar uma tendência de valorização, beneficiando exportadores como o Brasil, mas também aumentando riscos inflacionários globais;

  • A trégua entre EUA e China pode afetar a competitividade da soja brasileira no mercado chinês, já que os dois países são os principais fornecedores do grão para o gigante asiático;

  • O real teve leve desvalorização após o anúncio do acordo. Em 12 de maio, caiu 0,6% em relação ao dólar, passando de R$ 5,65 para R$ 5,68.

O cenário representa oportunidades e riscos para o Brasil. A valorização das commodities pode beneficiar as exportações, mas a concorrência com os EUA por mercados como o chinês pode se intensificar. O momento exige atenção e articulação política e empresarial para garantir presença competitiva no comércio internacional.

Brasil alvo de tarifas por distorcer comércio de ligas metálicas com subsídios

Outra medida dos EUA que atinge o Brasil repercutiu já no fim desta semana. O país norte-americano investigou e concluiu que Brasil, Casaquistão e Malásia venderam ferrossilício (uma liga usada na produção de aço e alumínio) a preços abaixo do valor justo e com subsídios governamentais, prejudicando a indústria americana. Como resposta, o governo americano decidiu aplicar tarifas antidumping e medidas compensatórias, que podem ser cobradas retroativamente.

Para o Brasil, a medida pode encarecer as exportações e reduzir a competitividade do produto no mercado americano.

Reação do BRICS

Em resposta às medidas dos EUA nos últimos meses, os países do BRICS realizaram, no dia 11 de maio, uma reunião virtual liderada pelo Brasil, que atualmente preside o bloco. O grupo manifestou preocupação com os impactos negativos do protecionismo e defendeu uma resposta coordenada, principalmente em defesa dos interesses do chamado Sul Global.

O que esperar daqui para frente?

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que em breve anunciará novas tarifas para outros parceiros comerciais. Segundo ele, será impossível negociar com todos ao mesmo tempo, e os países serão informados individualmente sobre os custos para continuar exportando para os EUA.

CNI nos EUA

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) liderou uma missão empresarial aos Estados Unidos com foco na defesa de interesses da indústria brasileira. O objetivo foi acompanhar de perto as mudanças no comércio global e dialogar com autoridades americanas.

A delegação contou com empresários que têm relações com o mercado americano, presidentes de federações de indústrias, representantes de associações industriais e do governo brasileiro. O grupo teve agendas em Washington, Nova York e Boston.

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De 1º a 8 de maio: Tarifas sobre filmes produzidos fora do país

A movimentação no tabuleiro do comércio global segue animada e o Brasil está no meio de tudo isso. Nos últimos dias, o governo dos Estados Unidos deu mais um passo na política comercial que tem implantado: desde 2 de maio, as encomendas da China que antes entravam nos EUA sem pagar imposto agora estão sendo tarifadas, e no dia 4, o governo americano anunciou tarifas de 100% sobre filmes produzidos fora do país.

Enquanto isso, no Brasil, mesmo com as novas tarifas, as exportações para os Estados Unidos aumentaram 20% em abril na comparação com o mesmo período de 2024. Foram US$ 3,5 bilhões em vendas, e produtos como o café e a carne bovina continuam com boa demanda.

Por outro lado, as exportações de aço caíram 23% e as de alumínio diminuíram significativos 73%. Vale lembrar que esses produtos foram tarifados em 25% em março, mas o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) ainda evita falar em impactos por considerar cedo.

E o governo brasileiro?

Falando em governo brasileiro, no início da semana o vice-presidente Alckmin deixou um alerta para a possibilidade de desvio de comércio, ou seja, de produtos que não conseguem entrar nos EUA e acabam direcionados ao Brasil. Já nesta quinta-feira (8), o presidente Lula criticou a postura dos Estados Unidos no cenário internacional e destacou a importância de manter relações comerciais diversificadas, especialmente com a China.

De fato, o Brasil tem fortalecido os laços com o país asiático, principalmente no setor industrial. Em 2024, o comércio bilateral cresceu quase 10%, e parcerias como a da brasileira Atlasmaq com a chinesa Bodor - para distribuição de máquinas de corte a laser em regiões estratégicas do Brasil - mostram que essa relação tem contribuído com a modernização e a competitividade da indústria nacional.

E a indústria brasileira?

Atenta ao cenário mundial e em busca de diálogo com diferentes parceiros comerciais do Brasil, a indústria nacional tem se mobilizado para contornar desafios e aproveitar oportunidades. Desta quinta (8) até 16 de maio, um grupo liderado pela CNI está nos EUA para participar de uma série de encontros entre governos e empresários. A ideia é entender o novo jogo e defender os interesses do setor.

Como o mundo tem reagido aos movimentos recentes?

  • No Canadá, o premiê se reuniu com o presidente dos EUA para discutir a relação bilateral, e a conversa foi considerada construtiva;
  • Na China, autoridades chinesas e americanas têm encontros em Genebra nesta semana para tratar das novas tarifas e das tensões comerciais. Será o primeiro encontro oficial para tratar do tema desde o anúncio de tarifas sobre os produtos chineses;
  • No Reino Unido, as negociações com o governo americano parecem ter surtido efeito: o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro Keir Starmer anunciaram, nesta quinta-feira (8), um acordo comercial em que os EUA mantiveram uma tarifa de 10% sobre os produtos britânicos importados e o Reino Unido reduziu as taxas sobre os produtos norte-americanos.

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Semana de 26 a 30 de abril: impactos nas exportações da China e BRICS contra protecionismo 

A cena de comércio exterior segue fervendo. Em meio à escalada de medidas tarifárias dos Estados Unidos, o Brics - grupo que reúne economias emergentes como Brasil, China e Índia - se reuniu no Rio de Janeiro e mandou um recado claro contra o protecionismo.  

O bloco defendeu o multilateralismo como alternativa a essas medidas unilaterais que têm movimentado (e deixado tenso) o comércio global. No entanto, o encontro terminou sem um acordo entre os chanceleres para assinar uma declaração conjunta.  

Segundo a Global Trade Alert, plataforma suíça que monitora barreiras protecionistas, nos primeiros 100 dias do novo governo americano, pelo menos 32 países já quiseram negociar com os EUA e 16 anunciaram medidas para proteger suas economias. O Brasil está nos dois times: enquanto busca diálogo com os americanos, aparece na lista dos países que podem responder às medidas. 

A tensão mobilizou até grandes empresas: a Amazon cogitou indicar aos clientes quanto das tarifas norte-americanas estariam embutidas nos preços dos produtos e foi acusada de hostilidade e agir politicamente pela Casa Branca. A big tech negou que seguirá com a medida.  

Enquanto isso, os efeitos das tarifas americanas parecem bater mais forte na China. Dados divulgados por uma federação chinesa, nesta quarta-feira (30), mostram que os pedidos de exportação por lá caíram após o anúncio das tarifas de 145% para alguns produtos. Por outro lado, a soja brasileira está em alta nos portos chineses, que diminuíram as importações dos grãos dos EUA.  

Respiro para a indústria automotiva? 

A busca do setor automotivo por soluções parece ter surtido efeito: o presidente dos EUA assinou uma ordem para aliviar os efeitos das tarifas sobre peças importadas, possibilitando que montadoras que produzem nos EUA obtenham créditos de até 15% sobre o valor final dos veículos. Isso compensaria os custos com insumos estrangeiros e daria fôlego às cadeias de suprimento. 

Nesta semana, a Gerdau, gigante de aço brasileira, afirmou seguir confiante em relação ao comércio com os norte-americanos. Segundo a empresa, apesar da preocupação com as tarifas, a demanda segue em níveis altos.  

Impactos no mercado financeiro americano refletiram bem no Brasil  

Na última semana, as movimentações no mercado financeiro dos Estados Unidos trouxeram reflexos positivos a países como o Brasil. 

  • O VIX, que mede o nível de preocupação dos investidores, continua recuando. Apesar da queda, o índice ainda está maior do que no início do ano, então o clima ainda é de atenção. 
     
  • Mesmo com a preocupação diminuindo, a procura por dólar praticamente não mudou, segundo o índice DXY (que mede pela moeda). Ou seja, o mundo está menos interessado em recorrer ao dólar neste momento. 
     
  • Por outro lado, com o investidor menos preocupado, países em desenvolvimento começaram a atrair mais investimento. A bolsa brasileira teve sua terceira semana seguida de alta. 
     
  • Com esse cenário, o dólar caiu e o real se valorizou. Na prática, isso ajuda a conter a inflação e diminui a pressão sobre o Banco Central para subir os juros. 

Semana 21 a 25 de abril: vai e vem de tarifas para a China e Brasil na mira 

O ioiô no tom de Donald Trump nesta semana, com algumas frases de impacto sobre as tarifas, movimentou o mercado mundial. Apesar de parecer recuar nos últimos dias, sinalizando que pode reduzir parte das tarifas aplicadas aos produtos chineses, o presidente americano foi rebatido pelo governo chinês com a afirmação de que quem começou a treta que termine. Já nesta sexta (25), Trump disse que as tarifas contra a China continuarão a menos que o país ofereça algo em troca.  
 
Brasil na mira 

O presidente americano não só não poupou comentários ao Brasil como parece ter o direcionado mais para o alvo. Em entrevista a uma revista americana, ao defender sua política protecionista, Trump disse que o país é um dos que “sobreviveram” e “ficaram ricos” ao aplicar tarifas a produtos americanos.  

Movimentação do mercado mundial 

No começo da semana, a Organização Mundial do Comércio (OMC), órgão que trabalha como juiz para garantir relações justas entre os países, falou sobre os impactos dessa guerra comercial. Para a OMC, se os EUA mantiverem as tarifas de importação nos níveis de antes do aumento anunciado em 2 de abril, o comércio do mundo deve crescer 2,7% neste ano. Por outro lado, se aumentar as tarifas, o comércio pode ter uma queda de 0,2% em relação ao ano passado - ou até maior caso outros países apliquem retaliações. 

Mas há cheiro de estabilidade 

Em meio às recentes movimentações do governo americano, o cenário financeiro mundial começou a dar sinais de maior estabilidade, principalmente nos EUA. O principal indicador dessa mudança é a queda no índice VIX, que mede a volatilidade do mercado e aponta o nível de incerteza entre os investidores. O índice caiu 21,1% na última semana, mas como já subiu 33,1% só em abril, mostra que o mercado ainda está longe da tranquilidade.   

Apesar da queda recente na volatilidade, a procura por dólares não aumentou e o DXY, índice que mede o desempenho do dólar comparado a outras moedas, caiu pela terceira semana seguida. Esse cenário favorece moedas de países em desenvolvimento, como o real.  

O setor de energia também sentiu os impactos nos últimos dias: o preço do petróleo tipo Brent voltou a subir depois de cair por duas semanas. Mesmo assim, a expectativa anual ainda é de queda. O reflexo do movimento recente foi que a Petrobras anunciou uma redução no preço do litro do diesel.  

Somadas as quedas nos índices VIX e DXY e recuperação recente do preço do petróleo, o real valorizou 0,3% em relação ao dólar. Com a redução da instabilidade nos mercados americanos, há uma expectativa de que a moeda brasileira continue se fortalecendo nas próximas semanas.

Semana 14 a 18 de abril: agora, a tarifa para a China é de 245% 

A medida mais recente - e preocupante - foi anunciada nesta semana: o governo americano elevou as tarifas de importação e alguns produtos chineses serão taxados em 245%.   

A China, por sua vez, respondeu barrando a compra de aeronaves da Boeing por companhias chineses e também a exportação de materiais críticos para a produção industrial de defesa, veículos e eletrônicos, como os Elementos Terrras Raras.

E o Brasil? O Brasil prepara uma missão empresarial aos EUA, liderada pela CNI, em maio, em que empresários farão uma série de agendas para negociar saídas para o Brasil. 

O impacto da guerra comercial já começa a refletir nos preços globais, nas cadeias produtivas e nas relações econômicas entre as duas maiores potências do mundo. Os mercados demonstraram preocupação, as empresas estão correndo atrás de alternativas logísticas, e os consumidores já estão começando a sentir no bolso — principalmente com eletrônicos, carros e energia ficando mais caros.

Uma das últimas notícias foi do presidente da China, Xi Jinping, pedindo ao Camboja que "resista ao protecionismo". O clamor foi feito durante viagem ao Sudeste Asiático, nesta quinta-feira (17), já que as tarifas dos EUA ameaçam as economias de ambos os países.

 Entenda a treta em 2 minutos 

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