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Institutos SENAI de inovação intensificam expansão internacional em busca de negócios e benchmarking

Depois de abrir um escritório em Berlim, na Alemanha, os Institutos SENAI de Inovação continuam sua expansão internacional. Deve ser implantada outra unidade na China. A entidade também procura parcerias estratégicas em outros países europeus.

A ampliação da presença no exterior é um dos caminhos para aumentar a colaboração, estimular a cultura da inovação e abrir novas oportunidades de negócios para empresas brasileiras, afirma Jefferson de Oliveira Gomes, diretor de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).


“Estamos desenvolvendo parcerias estratégicas com institutos de vários países, como Espanha, Portugal, Suécia, Noruega e Dinamarca, além da Alemanha”, afirma.


Gomes explica que serão definidos programas conjuntos com as instituições internacionais para o desenvolvimento de atividades. “Vamos montar programas envolvendo empresas e institutos de pesquisa brasileiros e europeus”, diz.

O diretor do SENAI conta que foram estabelecidos quatro pilares para a atuação do escritório de Berlim: energias renováveis, bioeconomia, economia circular e transformação digital.

No campo energético haverá, segundo ele, foco na utilização de hidrogênio como fonte de energia, especialmente de hidrogênio verde, que demanda o uso de energia solar, eólica e de biomassa, com muitas oportunidades para a indústria brasileira.

“Nessa área específica, vários países estão com diversas tecnologias em desenvolvimento. Esse é um posicionamento estratégico que o Brasil pode ter no mundo num curto espaço de tempo”, argumenta ele.

Para a bioeconomia, que contribui para reduzir as emissões de carbono, a ideia é desenvolver pesquisas e projetos de produtos a partir da biodiversidade do oceano e dos biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

“Estamos na década do oceano e tem muito fundo de investimento ESG para oceanos. Plásticos nos oceanos, por exemplo, é uma temática muito forte hoje no planeta”, exemplifica Gomes.

O terceiro pilar é a economia circular, com foco em projetos de alto impacto, incluindo o desenvolvimento de embalagens que utilizem menos plástico, o reaproveitamento de materiais na reciclagem de produtos e de embalagens e as soluções de logística reversa. "São muitas as demandas e as oportunidades. Podemos desenvolver projetos estratégicos com instituições e empresas europeias e brasileiras. Há muitos recursos disponíveis para esse tipo de pesquisa”, resume.

O quarto pilar é a manufatura avançada. A Alemanha é o berço da Indústria 4.0 e detém conhecimento avançado não apenas em tecnologias como IoT, inteligência artificial, computação na nuvem e manufatura aditiva, mas também na formação de capital intelectual e lideranças para uma economia mais sustentável, tendo a digitalização como tecnologia habilitadora.

Além dos quatro pilares citados, outro tema estratégico para a atuação internacional é o aeroespacial, escolhido porque o Brasil detém conhecimento na área: em São Paulo, especialmente em São José dos Campos, sede da Embraer e do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), e em Santa Catarina, onde foi instalado o Instituto SENAI de Inovação em Sistema Embarcados, responsável pelo desenvolvimento de projetos nas áreas de nano satélites e de sensoriamento.

Gomes destaca, ainda, que a internacionalização permite intercâmbio de ideias e de experiências.


“Além de atrair talentos, trabalhar com pessoas que estão anos luz à frente é um aprendizado. Desenvolver, operar e integrar um satélite, por exemplo, exige anos e anos de informação”, analisa.


Em relação à China, explica Gomes, os estudos e as negociações ainda estão no começo. A instalação do escritório, segundo ele, foi uma solicitação da CTG Brasil. “É um grande parceiro, com o qual já fizemos chamadas de projetos de inovação que resultaram na montagem de mais de R$ 100 milhões em projetos. Eles pediram que o SENAI aumentasse o relacionamento com institutos de pesquisa e inovação chineses, o que é de nosso interesse. A estruturação de uma representação na China já está aprovada. Estamos nesse processo agora”, disse.

A expansão, que começou com a representação em Berlin, em agosto de 2021, é um processo natural e irá evoluir rapidamente. Esses movimentos estratégicos são fruto dos resultados já obtidos pelos Institutos SENAI de Inovação, analisa o diretor. "Esse escritório serve de base para cooperações com diversos países da União Europeia", acrescenta.

Depois de realizar centenas de pesquisas e desenvolver novos produtos, os Institutos SENAI de Inovação atingiram um elevado grau de maturidade, explica Gomes. "Percebemos que, se queremos apoiar a indústria no desenvolvimento de soluções complexas para problemas e oportunidades globais, temos que ter aliados internacionais", completa.

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