Tecnologia de cinema é usada para mapear riscos de movimentos repetitivos do trabalhador

Centro de Inovação SESI em Ergonomia desenvolveu simulador capaz de antecipar futuros problemas de saúde que podem ser ocasionados por determinadas posições e movimentos de rotina no ambiente de trabalho

A indústria brasileira está usando tecnologia utilizada no cinema e em videogames para criar avatares e, assim, simular movimentos dos trabalhadores. Com sensores wireless colocados em pessoas, o simulador envia dados a uma plataforma digital em tempo real, o que possibilita avaliar riscos de postos de trabalho e ações repetitivas sobre a articulação das pessoas. Assim como essa tecnologia, outras que avaliam impactos sobre diversas partes do corpo humano, como músculos, estão sendo usadas pelo Centro de Inovação SESI em Ergonomia, em Belo Horizonte.

De acordo com a gerente do Centro, Carla Sirqueira, por meio dos simuladores, é possível antecipar futuros problemas de saúde que podem ser ocasionados por determinadas posições e movimentos que precisam ser feitos pelos trabalhadores. “As tecnologias permitem a obtenção de informações rápidas e assertivas para análise e correção de situações que geram posturas inadequadas, por exemplo, e para desenvolvimento de projetos de novos postos de trabalho, novos equipamentos ou maquinários”, explica. Saiba mais sobre essas tecnologias assistindo ao vídeo com depoimento da pesquisadora Cláudia Mazzoni:

Entre os maiores desafios da indústria, está a ocorrência de problemas osteomusculares, como lesão por esforço repetitivo, dores de coluna e de joelhos. Os problemas que surgem de atividades repetitivas foram responsáveis por 60% dos afastamentos por doença entre 2012 e 2017, segundo o Ministério Público do Trabalho.

Segundo Carla Siqueira, a avaliação ergonômica do ambiente do trabalho e de sua organização pode apontar para soluções simples e de custo menor do que atualmente se gasta em tratamentos dessas doenças. “E gera ganhos, uma vez que evita o prejuízo à produtividade e os gastos decorrentes do afastamento do funcionário”, destaca.

Carla destaca ainda que, no Brasil, apesar de avanços, a ergonomia ainda é muito considerada do ponto de vista legal. “É importante desmistificar a ideia de que ela se refere somente a condições de trabalho mais confortáveis e como possibilidade de atuação apenas na diminuição do absenteísmo por doenças osteomusculares. A ergonomia também contribui para o aumento da produtividade e eficiência dos processos produtivos”, ressalta.

BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA – Para que empresas usufruam de benefícios mais significativos da ergonomia, o Centro de Inovação do SESI oferece avaliações de postos de trabalho antes da instalação de uma planta industrial ou para mudanças em ambientes de trabalho que vão receber novas tecnologias, por exemplo. Segundo Carla, a ergonomia de concepção pode contribuir com redução de custos de projetos e instalação de ambientes de trabalho que teriam de ser ajustados depois da implantação. “Isso sem levar em consideração que, ao se pensar em ergonomia no início, há mais efetividade nos resultados”, acrescenta.

A produtora de aço Gerdau está entre as primeiras indústrias no país essa tendência. Saiba mais no vídeo a seguir:

DESAFIOS PARA INDÚSTRIA – Com o propósito de estudar soluções preventivas e inovadoras sobre o tema, foi criado em 2014 o Centro de Inovação SESI Ergonomia. A instituição integra uma rede de nove centros do SESI voltados à pesquisa aplicada em saúde e segurança do trabalho, por meio de parcerias com empresas, universidades e institutos de pesquisas nacionais e internacionais.

“Hoje contamos com equipe altamente qualificada entre doutor, mestres, analistas e técnicos e adquirimos tecnologia de ponta”, diz a gerente do Centro, Carla Siqueira. Segundo ela, foram feitas ainda parcerias estratégicas com instituições de diferentes expertises e tecnologias, para trabalho em rede. “O objetivo de atender cada vez mais à amplitude de projetos e desafios inerentes às exigências de uma indústria que caminha para a era 4.0”, afirma Carla.

Para Carla, a nova revolução industrial, pautada pela convergência entre as tecnologias da operação e da informação, vem alterando os processos de trabalho e interações entre o trabalhador e a ferramenta de trabalho. “Esse cenário de mudanças traz novos desafios para as indústrias. Contudo, o Centro de Inovação SESI Ergonomia está um passo à frente, atento e compreendendo tais mudanças para o desenvolvimento de novas soluções em ergonomia”.

Sensores wireless colocados em trabalhadores enviam à plataforma, em tempo real, informações sobre riscos ergonômicos em ambientes de trabalho

Além disso, o Centro de Inovação está preparado para apoiar as indústrias no atendimento a requisitos ergonômicos exigidos pelo eSocial, sistema eletrônico do governo para envio de informações trabalhistas, fiscais e previdenciárias.

Para isso, desenvolveu o Sistema Integrado de Gestão em Ergonomia e o ErgoMac, metodologia que tem o objetivo de mapear, analisar e classificar os riscos ergonômicos para apoiar empresas a priorizar ações corretivas e preventivas. Inclusive, O Ergomac integraa a plataforma SESI Viva+, de inteligência em gestão de segurança e saúde no trabalho. Para entender mais dessas soluções, confira o vídeo no começo desta reportagem.

Onde fica: Belo Horizonte (MG)

O que faz: Desenvolve soluções para tornar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis e aumentar a eficiência do trabalhador, sem riscos a sua saúde.

Instituições parcerias: Instituto Holandês de Ergonomia (TNO); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Federal de São Carlos (Ufscar); Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG); e Institutos de inovação e tecnologia SENAI-MG

Principais soluções:
- Método Participativo para Ergonomia de Concepção (MPEC): antecipa e minimiza riscos ergonômicos em projetos de concepção de novas situações ou grandes reformulações de processos de trabalho por meio de simulações do novo ambiente, promovendo maior segurança e melhor desempenho.
- Ciclo de Desempenho Humano e Produtividade (CDP): é um método de avaliação de processos de trabalho e de desenvolvimento de soluções em ergonomia visando produtividade sustentável, reduzindo os riscos geradores de adoecimentos ocupacionais e acidentes de trabalho.
- Sistema Integrado de Gestão em Ergonomia: o método analisa os riscos ergonômicos e subsidia a empresa nas ações corretivas e preventivas, por meio de indicadores de saúde, segurança do trabalho e ergonomia, com mais assertividade na tomada de decisão.


Para contratar essas e outras inovações de segurança e saúde no trabalho, acesse a Plataforma de Soluções SESI.

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