Pesquisadores identificam planta que filtra substância tóxica no ar

Associada a uma bactéria, as folhas da Zamioculcas agem para filtrar componentes orgânicos voláteis. Trabalho do Centro de Inovação SESI em Higiene Ocupacional começa a ser usada em indústrias

A planta ornamental Zamioculcas, popularmente conhecida como Zazá, pode ser grande aliada da indústria na diminuição de compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês) nos ambientes de trabalho. Essas substâncias são poluentes perigosos, sendo que algumas são tóxicas e cancerígenas. Os VOCs estão presentes em diversos tipos de materiais sintéticos ou naturais. Possuem alta pressão de vapor em condições ambientes, o que significa que passam para o estado gasoso facilmente, contaminando o ar. O uso da Zamioculca associada a uma bactéria no combate a esses componentes é resultado de projeto desenvolvido pelo Centro de Inovação SESI em Higiene Ocupacional, do Rio de Janeiro.

 “Aplicamos uma bactéria não patogênica na planta (cientificamente chamada de Zamioculcas zamiifolia) e ela funciona como agente filtrante, eliminando os químicos presentes no ar”, explica coordenador do Centro de Inovação SESI, o engenheiro Paulo Roberto Furio. “Nossa pesquisa encontrou resultados extraordinários em laboratório, agora estamos trabalhando com um fabricante de móveis do Espírito Santo. A ideia é construir uma barreira verde e medir os resultados em ambiente fabril”, completa Furio.

Outro projeto ainda em desenvolvimento, – este em parceria com Instituto SENAI de Inovação em Química Verde – pretende criar nanomateriais a partir de matérias-primas renováveis. “Conseguimos produzir grafeno (uma das formas cristalinas do carbono) a partir de casca de camarão. Estamos utilizando esse composto em equipamentos de proteção individual (como máscaras, por exemplo), porque ele tem grande capacidade de remoção de agentes químicos presentes no ar”, conta Furio. “Construímos um protótipo e estamos em fase de testes”.

Confira vídeo sobre o trabalho do Centro de Inovação SESI em Higiene Ocupacional.

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE – Encontrar soluções inovadoras e sustentáveis para garantir um ambiente industrial saudável, livre de riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores é a missão do Centro de Inovação SESI em Higiene Ocupacional, que integra a rede de nove centros temáticos do SESI voltados à pesquisa aplicada em saúde e segurança do trabalho. A instituição foi criada em 2016, mas agrega um vasto conhecimento acumulado pela regional fluminense do SESI.

O laboratório começou a operar em 1968 com o nome de SESI Lab e foi criado para realizar análises de higiene ocupacional para os trabalhadores da indústria de todo o país. Nos anos 1990, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) assumiu o laboratório (até então ligado ao Departamento Nacional do SESI) para atender a demandas das indústrias fluminenses surgidas após a realização da Rio Eco-92.

“Com o tema ambiental mais forte, essas questões de segurança no trabalho e meio ambiente têm se tornando muito próximas, houve uma fiscalização mais acirrada e também uma consciência maior da população sobre o assunto”, ressalta Furio. “Então, o laboratório passou a atuar realizando tanto análises de higiene ocupacional e toxicológicas quanto análises ambientais”.

Em 2016, quando se definiu a estratégia do SESI de investimento em inovação por meio de uma rede de centros de pesquisa, o Rio de Janeiro apareceu como natural candidato a integrá-la, atuando na área de higiene ocupacional. “Durante esse tempo, desenvolvemos muita competência, os nossos técnicos são muito especializados. Então, entendemos que era o momento de também fazer parte desse sistema de inovação criado pelo SESI Nacional”, afirma Furio.

PARCERIA EM PESQUISAS – O Centro de Inovação SESI em Higiene Ocupacional tem equipe e estrutura próprias, mas conta com o Instituto SENAI de Inovação em Química Verde e com o Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental, desenvolvendo pesquisas em parceria e utilizando-se de seus profissionais e instalações. Também são frequentes parcerias com outras instituições, como a American Industrial Hygiene Association (AIHA) e as brasileiras Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Fundacentro, órgão do Ministério do Trabalho voltado a segurança e saúde no trabalho e meio ambiente.

Furio acredita que as empresas percebem o valor dos investimentos realizados em segurança e saúde.  “Uma melhor condição de saúde do trabalhador aumenta a produtividade dele no chão de fábrica. Temos conseguido medir e evidenciar isso para as empresas, para que elas tomem as decisões de disseminar com a gente essas tecnologias, desenvolvidas a partir de parcerias.”

E por meio dessas parcerias, o que o Centro de Inovação SESI em Higiene Ocupacional faz, assim como as outras oito unidades da rede que integra, é ir além dos programas tradicionais do SESI em saúde e segurança do trabalho, já reconhecidos no país. “Estamos fazendo pesquisa e metodologia analítica alternativa para agentes biológicos e químicos. Queremos desenvolver métodos que meçam e avaliem a exposição em tempo real e a distância, bioindicadores de exposição ocupacional, desenvolvimento de novas metodologias, biodesign, ergonomia. Entendemos que isso é muito bom para as empresas e para o país, porque evita custos de saúde, que são estratégicos”, conclui Furio.

Onde fica: Rio de Janeiro (RJ)

O que faz: Pesquisa soluções para identificar substâncias químicas que colocam em risco a saúde do trabalhador e meios de controlá-las (novos indicadores biológicos de exposição, sensores de monitoramento ambiental e processos e materiais para diminuir a exposição a esses agentes químicos).

Instituições parceiras: Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e Fundacentro (Ministério do Trabalho); Instituto SENAI de Tecnologia em Química Verde; AIHA (American Industrial Hygiene Association)

Principais soluções:
- Sistema para remoção de formaldeído de plantas industriais em ambientes fechados: tem o objetivo diminuir a concentração de formaldeído e VOCs (compostos orgânicos voláteis), em ambientes industriais fechados. Indicado, sobretudo, para indústrias dos segmentos de madeira, papel, celulose, adesivo, tintas e têxtil.

- Desenvolvimento de novo biomarcador de alta sensibilidade para avaliar exposição a BTEX (benzeno, tolueno, xileno e etilbenzeno): uma análise de alta sensibilidade, feita através de uma amostra de urina, determina a exposição de um trabalhador ao BTEX (grupo de compostos formado pelo benzeno, tolueno, etil-benzeno e xilenos) mesmo em baixa concentração

Para contratar essas e outras inovações de segurança e saúde no trabalho, acesse a Plataforma de Soluções SESI.

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