A mudança na base curricular dos cursos de engenharia tornará o ensino mais moderno no país e alinhado às exigências da digitalização, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI). As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Engenharia foram homologadas nesta seguinda-feira (22) pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub, e publicadas nesta terça-feira (24).
O texto aprovado contempla grande parte das sugestões encaminhadas pela CNI e pela a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge). As novas DCN entram em vigor imediatamente. Os cursos de engenharia já existentes têm o prazo de três anos para sua implementação das novas normas.
As propostas da indústria foram elaboradas no contexto da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo coordenado pela CNI que reúne CEOs e líderes de mais de 300 empresas. Desde a criação em 2008, a modernização das engenharias é uma das prioridades do movimento.
“Precisamos formar engenheiros com habilidades e capacidades mais convergentes com as transformações digitais”, afirma a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio.
Para ela, profissionais mais qualificados são imprescindíveis para acompanhar a inevitável evolução do setor industrial com a chegada da Indústria 4.0.
Na avaliação da CNI, as novas diretrizes avançam em direção a um ensino mais moderno e conectado com as transformações que tecnologias, como a inteligência artificial e a internet das coisas, vêm promovendo na realidade industrial. O objetivo é que o Brasil forme engenheiros preparados para desenvolver produtos mais competitivos nos mercados nacional e internacional.
PROPOSTAS – Entre as propostas aprovadas pelo CNE está a formação por competências, com foco no desenvolvimento do aluno e na educação mais prática e próxima do ambiente profissional, por meio do ensino baseado em projetos e da adoção de tecnologias digitais em sala de aula. As novas diretrizes estimulam a interação entre centros de ensino e organizações externas que extrapolem o estágio, com o desenvolvimento de atividades e projetos de interesse comum.
O texto também contempla um tópico que estabelece o detalhamento do projeto pedagógico pelas instituições de ensino, listando as ações previstas para o alcance das competências.
Do lado do aluno, as diretrizes definem a criação de programas de acolhimento que deem suporte a estudantes que, eventualmente, estejam em defasagem pedagógica. O objetivo é diminuir a evasão, que é próxima de 50% no Brasil. Já do lado do professor, foi aceita a sugestão de valorização do trabalho docente e de atividades de capacitação.
O Grupo de Trabalho das Engenharias foi criado pela MEI em 2016, sob a coordenação do vice-presidente de Tecnologia da Embraer, Mauro Kern. O GT conta com a participação de representantes das empresas Festo, Dassault, Akaer, Vale, Braskem, Arcelor Mital, das instituições de ensino Insper, FEI, INATEL, SENAI-Cimatec, USP, ITA, UFRJ, UFMG, FIAP, Mackenzie, Unisinos, dos Institutos Euvaldo Lodi (IEL) e de Engenharia, do CREA-SP, da Embrapii, da ABEPRO, e das autoridades de governo, CNE e Secretaria de Educação Superior, que participam da MEI.
PRÓXIMOS PASSOS - Por mais de um ano, o grupo trabalhou na elaboração do texto, entregue ao CNE em março de 2017, visando à melhoria da formação dos engenheiros que atuarão nas empresas e estimular a relação entre universidades e o setor produtivo.
Os próximos passos da agenda do GT são o aprimoramento do sistema de avaliação dos cursos de Engenharia, a apuração e divulgação de iniciativas inovadoras de instituições de ensino que priorizem, por exemplo, o desenvolvimento de projetos a partir de demandas empresariais e a elaboração de propopostas para estimular a formação de jovens nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês).