SENAI Amazonas ajuda a desvendar os mistérios de animais pré-históricos

Instituto de inovação cedeu microtomógrafo para pesquisa de paleontóloga com vértebras de seres pré-amazônicos

Há dois bilhões de anos, antes mesmo da existência do Rio Amazonas, o maior do mundo em extensão e volume, seres gigantescos já habitavam a região amazônica mostrando que a grandiosidade é uma marca do lugar. Para ter pistas de como eram essas criaturas, o Instituto SENAI de Inovação (ISI) do Amazonas está ajudando em uma ampla pesquisa de paleontologia em materiais fósseis de animais amazônicos. 

Quem está à frente da investigação é a paleontóloga Lucy Gomes de Souza, professora doutora na Faculdade Estácio do Amazonas, docente colaboradora pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ela explica que seu trabalho é uma continuação das descobertas da Rosalie Benchimol, geóloga americana que se dedicou a diversas explorações paleontológicas no interior do estado.

Lucy mostra uma das vértebras pesquisadas. A partir das análises, a paleontóloga espera desvendar as origens de animais que habitaram a região amazônica

Lucy está analisando as vértebras de cetáceos (botos) e crocodilianos (jacarés e crocodilos) que viveram há pelo menos cinco milhões de anos na região do rio Purus, o último grande afluente da margem direita do rio Solimões.


“É importante registrar que os estados do Amazonas e do Acre são os que mais têm rochas fossilíferas, o que significa que são regiões onde havia vida abundante. Estudando esses fósseis, será possível entender que tipo de animais habitaram os locais e o que influenciou a fauna e flora que temos hoje”, explicou Lucy. 


Para ajudar o trabalho da paleontóloga, o ISI do Amazonas cedeu um microtomógrafo, um aparelho que mostra, por meio de alta resolução, uma espécie de linha evolutiva do animal pesquisado, reconstituindo sua história. A previsão de conclusão das análises é de cerca de um ou dois anos.

Animais fantásticos 

O trabalho de Lucy é a ponta do iceberg para se chegar à descoberta de seres que talvez nem consigamos imaginar. Em Manaus, o Museu da Amazônia mantém uma exposição permanente sobre animais pré-amazônicos que nos ajuda a entender quem realmente mandou na selva por milhões de anos.

Chamada Passado Presente, dinos e sauros da Amazônia, a exposição mostra fósseis de animais como o Amazonsaurus maranhensis, que viveu há pelo menos 110 milhões de anos. Ele é um saurópode, caracterizado pelo pescoço comprido e uma cabeça pequena. Recebeu esse nome por ser o primeiro dinossauro descrito na área da Amazônia Legal.

Também conhecido como preguiça gigante, o Eremotherium laurillardi viveu há aproximadamente 11 mil anos no Brasil. Seus fósseis foram encontrados espalhados por todo o país, em Minas Gerais, na Bahia e até mesmo nas margens do Rio Acre. Na Amazônia, ela viveu tanto na floresta quanto em áreas mais áridas, de cerrado. Um macho adulto chegava a pesar cinco toneladas. Podia atingir até seis metros de altura. Era um animal herbívoro, só se alimentava de gramas, de folhas e de arbustos.

Considerado o maior crocodilo do mundo, com cerca de 12 metros, o Purussaurus brasilienses tinha a mordida mais forte que a do Tiranossauro Rex e existiu há cerca de 10 milhões de anos na região. Segundo paleontólogos do museu, é o primeiro Purussaurus reconstituído em tamanho real, osso por osso. Sua mandíbula, ossos dos braços e vértebras foram encontrados em 2019 no interior do Amazonas.

Relacionadas

Leia mais

Amazônia mais legal
30 anos da Ação Pró-Amazônia
Instituto Amazônia+21 surge para promover negócios sustentáveis

Comentários