Amazônia mais legal

Em artigo publicado no jornal Correio Braziliense, o CEO do Instituto Amazônia 21 defende que, ao anunciar que promoverá o desmatamento ilegal zero no Brasil até 2028, o governo federal fortalece a defesa da Amazônia e do desenvolvimento sustentável

Mais de 100 países assumiram o compromisso coletivo de reverter as perdas florestais em seus territórios. O acordo assinado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP26), em Glasgow, envolve países com grandes áreas de florestas como Canadá, Colômbia, Indonésia, República Democrática do Congo e, claro, o nosso Brasil.

Ao anunciar que promoverá o desmatamento ilegal zero no Brasil até 2028, o governo federal fortalece a defesa da Amazônia e do desenvolvimento sustentável. Cada árvore salva, com sua função na captura e estoque de carbono, é mais um ponto de apoio dos negócios sustentáveis. Para permanecer em pé, a floresta detentora do maior patrimônio genético do planeta precisa de investimentos e parcerias de empresas grandes, médias e pequenas, locais e transnacionais. E o seu manejo tem que impactar positivamente na qualidade de vida dos 24 milhões de brasileiros que nela habitam.

No esforço para cumprir o tratado de Glasgow e zerar o desmatamento ilegal, o Brasil precisa de uma mobilização que incentive a sustentabilidade socioeconômica na Amazônia, com desenvolvimento local e inclusão de comunidades. Imprescindível a incorporação de novas tecnologias, inovação e formação profissional, estruturação de cadeias produtivas sustentáveis e investimentos em educação e associação de conhecimentos novos e tradicionais.

Apresentamos na COP26 um movimento empresarial da Amazônia conectado à realidade do século 21, comprometido com a sustentabilidade socioeconômica, com a floresta e com as pessoas. A face prática desse movimento é o Instituto Amazônia 21, uma iniciativa de empresários da Amazônia com suporte da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das nove Federações das Indústrias dos Estados que compõem a Amazônia Legal Brasileira. Com abordagem ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), o Instituto Amazônia 21 surge para promover negócios sustentáveis na região e adequar empreendimentos já existentes à realidade, demandas e vocações da Amazônia.

Conhecemos as diferentes realidades nas sub-regiões da Amazônia e devemos afirmar que o desmatamento ilegal zero deve envolver o combate a todo um conjunto de atividades ilegais entranhadas no atraso, velhas práticas que, além da tragédia ambiental, tiram a dignidade de trabalhadores tragados para essa zona ilícita. Quem trabalha sério para produzir e gerar empregos na Amazônia se submete a um complexo conjunto de leis, códigos e regulamentos. Isso tem um custo muito alto, mas é pelo diálogo com o Estado que tratamos conflitos, excessos e até abusos. Enquanto isso, as atividades ilegais escamoteiam o avanço sobre a floresta, a exploração predatória e a concorrência desleal contra empresas com responsabilidades social, ambiental e fiscal.

O compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2028 traz boas expectativas, mas não se pode descuidar desse foco mais amplo e devastador para a imagem do Brasil e a vida na floresta amazônica: as atividades ilegais que contaminam rios, degradam terras e biomas, assassinam e roubam populações tradicionais. O prejuízo socioambiental é calculado em dezenas de bilhões de reais, sem considerar o custo da narrativa de que qualquer atividade mais arrojada na região é predatória e sem escrúpulos. Atividades sustentáveis, com tecnologias apropriadas, fiscalização e controle efetivo do Estado, fortalecem o desenvolvimento sustentável e podem gerar ganhos para comunidades locais em escala adequada, com mais qualidade de vida e justiça para o povo da Amazônia.

Os princípios ESG impõem compromissos socioambientais desafiadores para a jornada do Instituto Amazônia 21. No caminho do desenvolvimento sustentável, o Brasil há que ter práticas inovadoras e valores rígidos. O adjetivo que indica enquadramento na lei não pode ser associado às nossas florestas apenas para a referência geopolítica dos nove estados incluídos na Amazônia Legal Brasileira. Afinal, como no mundo de Drummond, o Raimundo seria rima, nunca solução, sustentabilidade e ilegalidade não se afinam.

*Marcelo Thomé é arquiteto, empresário e CEO do Instituto Amazônia 21.

O artigo foi publicado no dia 29/03, no jornal Correio Braziliense.

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