Inova Talentos: programa de bolsas completa 10 anos promovendo inovação

Em uma década, o programa desenvolvido pelo IEL se consolida como propulsor da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação em grandes empresas

Integração entre mercado de trabalho e mundo acadêmico é o objetivo do programa Inova Talentos

Desde sua criação, em 2013, o programa Inova Talentos, desenvolvido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), tem sido um catalisador da inovação no Brasil, com foco na integração entre academia e indústria. Cerca de 3 mil pesquisadores receberam bolsas na última década para atuar em diferentes setores industriais, movimentando mais de R$ 148 milhões em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).

O projeto possibilita que graduandos, graduados, mestres e doutores trabalhem em conjunto com empresários para transformar pesquisa em negócios, produtos e serviços, desenvolvendo desde softwares inovadores até novos compostos químicos farmacêuticos.

Matheus Pereira de Siqueira Santa Fé, de 31 anos, está entre os beneficiados pelo programa. De Tucuruvi, São Paulo, ele concluiu a graduação em Engenharia Mecatrônica em 2016. Com perfil acadêmico, o jovem relata que tinha dificuldade para entrar no mercado de trabalho no setor industrial. Ao iniciar, em 2020, um curso de Tecnologia da Informação (TI) em Data Science e também em Power BI, ele ganhou uma bolsa do Inova Talentos para atuar na empresa Kimberly-Clark.

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"Era um projeto de inovação no setor de fraldas, no qual eu tinha várias responsabilidades e trocava muitas experiências tanto com o tutor da empresa como com o IEL, em reuniões periódicas de avaliação", relata Matheus. Ao término da bolsa, ele foi contratado por outra empresa, a multinacional KPMG, onde está desde junho de 2021.


Matheus faz parte dos 15% de bolsistas que são contratados em outras empresas logo após concluírem o período de 12 ou 24 meses na companhia onde desenvolveram o projeto. A taxa de efetivação de bolsistas nas mesmas empresas onde atuaram é o que mais chama a atenção: 65% deles permanecem.


“As empresas com DNA de inovação têm uma lista de projetos para ‘desengavetar’ e veem no Inova Talentos uma oportunidade. Além disso, o programa facilita a inserção na indústria de um pesquisador que está no mundo acadêmico”, explica o superintendente do IEL, Eduardo Vaz.


Ana Carolina Bellini é coordenadora de P&D na área de Dados e Sistema de Melhoramento Genético na Suzano, indústria de papel e celulose. Sua primeira experiência como tutora do programa Inova Talentos foi no ano passado, quando a empresa recebeu quatro bolsistas para atuarem em projetos nessa área. Uma delas foi a Laura Nascimento.

"Meu papel como tutora foi direcionar seu desenvolvimento técnico, além de contribuir com o aprimoramento de algumas habilidades, como comunicação, autoconfiança, gestão do tempo e avaliação de riscos", conta Ana Carolina. Ao término do programa, Laura foi contratada e, atualmente, é pesquisadora da empresa.

O grande diferencial do Inova Talentos em relação aos outros programas de bolsas existentes no país é o desafio que a empresa apresenta para o bolsista: um projeto de pesquisa aplicada que pode durar de 12 a 24 meses.

Quais os desafios do programa Inova Talentos?

No último ano, o Inova Talentos registrou aumento significativo de bolsistas. Em 2022, 803 pesquisadores foram inseridos em vagas em todo o país, um acréscimo de 17% em relação a 2021. A alta foi impulsionada, em parte, pela oportunidade de trabalho remoto, que permitiu que os bolsistas atuassem em empresas localizadas em outros estados.

A baiana Tamires Pereira, 30, mora em Salvador e, desde maio do ano passado, é bolsista na Ford do Brasil. Ela trabalha no formato híbrido e atua com bolsistas de diferentes lugares do país. Engenheira mecânica e mestranda em Engenharia de Sistemas e Produtos, a jovem foi selecionada pela Ford para atuar em um projeto de inovação com nanomateriais.

“Trabalhar com pesquisa me abriu os olhos para outras possibilidades. É uma oportunidade de você continuar trabalhando com inovação dentro de uma empresa. Eu tinha uma visão muito limitada, de que o pessoal da engenharia só poderia trabalhar em grandes empresas com trabalhos técnicos”, conta ela.

"Trabalhar com pesquisa me abriu os olhos para outras possibilidades", comemora Tamires Pereira, bolsista na Ford

Mesmo após se consolidar entre as grandes empresas nesses últimos 10 anos, o IEL acredita que ainda há muito potencial a ser explorado. Isso porque, no Brasil, não existe o hábito de negócios e universidades estabelecerem essa relação de colaboração. O Inova Talentos atua como uma ponte, auxiliando na construção de soluções para as demandas da indústria brasileira.

O desafio, agora, de acordo com o superintendente do IEL, é expandir o programa. “O Inova Talentos atua, majoritariamente, com grandes empresas, lugares em que a alta direção já está convencida de que a inovação é o motor do desenvolvimento, mas as pequenas e médias companhias também precisam se beneficiar disso. É justamente esse o desafio que temos agora: levar o Inova Talentos para pequenas e médias empresas”, conta Vaz.

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