Braskem tem posição de destaque em ranking global

Plástico produzido a partir de etanol da cana-de-açúcar colocou a empresa na posição 41 da lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo

O mercado sempre valorizou uma boa ideia. Mas o clichê da ideia original que imediatamente se torna um produto tem pouca conexão com a realidade industrial, na qual a inspiração tem que ser submetida à análise de risco e de viabilidade comercial antes de ganhar uma prancheta. Esse foi o caminho do polietileno verde da Braskem, que, em 2014, entra em seu quarto ano de produção e motivou a inclusão da empresa no ranking das 50 mais inovadoras do mundo da revista norte-americana Fast Company – com foco editorial em “inovação, tecnologia, ética econômica, liderança e design”, segundo a publicação.

O plástico produzido a partir de etanol da cana-de-açúcar colocou a Braskem no posto 41 do ranking, que considera todos os setores da economia, à frente do serviço de mensagens Whats App, inaugurando a participação brasileira na lista, divulgada na edição de março. O reconhecimento é mais significativo considerando a concorrência com todos os tipos de indústria, comenta o diretor de Inovação e Tecnologia para Polímeros da Braskem, Patrick Teyssonneyre, ao acrescentar que a empresa lança entre 13 e 20 produtos por ano. Em 2013, apresentou 112 pedidos de patentes, quase 80% a mais que no ano anterior. 

O tempo de desenvolvimento de um projeto depende de seu perfil. As pesquisas incrementais, que visam a alterar, por exemplo, propriedades de produtos, podem durar de seis meses a dois anos e meio. As de tecnologia mais complexa exigem de quatro a sete anos de investimento, explica Teyssonneyre. A Braskem destinou R$ 200 milhões no ano passado à inovação, ante R$ 188 milhões de 2012 e R$ 155 milhões em 2011. 

A pesquisa está distribuída entre as unidades de Triunfo (RS), onde trabalham 165 profissionais, Campinas (SP), com 30 funcionários, e Pittsburgh (EUA), com 40. No caso do polietileno verde, o projeto começou em 2007 e, após a fase de produção experimental, chegou ao ritmo industrial com uma planta inaugurada em 2010 em Triunfo. A pesquisa na empresa é orientada para o mercado, ressalta Teyssonneyre, sobre a origem do produto. “Percebemos que havia demanda”, observa. A companhia tem capacidade para fabricar 200 mil toneladas por ano, que atendem a um nicho de mercado. Além da demanda, outra fonte de boas ideias é a produção acadêmica. A Braskem interage com universidades e centros de pesquisa para “trazer a tecnologia para dentro de casa”, explica o diretor.

A experiência de pesquisa nos dois países permite comparar as vantagens e problemas da inovação em cada ambiente. O Brasil ainda tem um processo demorado de registro de patentes, que pode durar até cinco anos, enquanto, nos Estados Unidos, a análise pode ser abreviada para até um ano. O financiamento também tem diferenças: fundos privados de venture capital aplicam recursos em projetos de pesquisa nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, onde subvenções ou créditos públicos respondem pelo incentivo ao setor, diz Teyssonneyre.

Outro problema significativo no Brasil é a carência de mão de obra, segundo o diretor da Braskem. Ele exemplifica a dificuldade com a baixa relação de engenheiros entre a população. São seis profissionais desta área para cada mil habitantes, enquanto a China tem 13, Japão, 25, Estados Unidos, 25, e França, 15. Uma vaga é preenchida rapidamente nos Estados Unidos, enquanto, no Brasi, pode demorar alguns meses, cita ele. “O Brasil tem um bom ambiente de inovação, mas precisa reduzir o tempo de registro das patentes e a questão da mão de obra”, avalia. Programas públicos como o Ciência sem Fronteira – que concederá até 101 mil bolsas de estudos em quatro anos – são importantes, mas insuficientes para a resposta que a indústria necessita, avalia o diretor. 

Segundo dados do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, 787 empresas brasileiras usufruíram benefícios fiscais da lei 11.196/05 para investir em inovação em 2012 – último relatório disponível. Elas aplicaram R$ 5,34 bilhões em pesquisa e desenvolvimento com incentivos da chamada Lei do Bem, numa queda de 22% em comparação a 2011. Para o ministério, o cenário macroeconômico inibiu investimentos no setor.

Disponível em http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=156094

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