Movimentação de carga aérea cai 48% em abril na comparação com mesmo mês de 2019

Levantamento da CNI mostra que a queda em relação a março de 2020 foi de 42%. No primeiro quadrimestre do ano, redução foi de 17% na comparação com 2019

O transporte de carga nos aeroportos brasileiros totalizou 57 mil toneladas em abril de 2020, quantidade 48% inferior à verificado no mesmo mês de 2019. Os dados fazem parte de levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com informações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Nos primeiros quatro meses de 2020, o total de cargas transportadas foi de 353 mil toneladas, o que representa 17% a menos que o verificado no primeiro quadrimestre de 2019. O volume diz respeito ao total de carga paga e de correio transportadas nos mercados doméstico e internacional.

A queda em 2020 se concentrou no mês de abril, quando as medidas de restrição à circulação em função da pandemia da covid-19 estavam em vigor em todo o país. Na comparação com março de 2020, a redução observada no total de cargas transportadas foi de 42%, ou 41 mil toneladas de cargas a menos. O mercado doméstico, que representou 22% do total transportado em abril de 2020, foi o que apresentou a maior queda, com índice 67% inferior na comparação com o mesmo mês de 2019.

Movimentação mensal de carga aérea por mercado (milhares de toneladas)

A queda observada em 2020 também tem relação com a desaceleração no total de cargas transportadas ao longo de 2019. Após o recorde de 1,39 milhão de toneladas movimentadas em 2018, o ano de 2019 movimentou um total de 1,28 milhão de toneladas, índice 8% inferior ao do ano anterior. O recuo ocorreu principalmente no transporte internacional de cargas, que reduziu em 10% o total de cargas transportadas, contra uma queda de 3% no mercado doméstico.

Importância estratégica para o transporte de cargas industriais de maior valor agregado
 
De acordo com o gerente-executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, o transporte aéreo concentra mercadorias de maior valor agregado, capazes de arcar com custos de frete mais elevados que de outras modalidades de transporte, ou que demandam uma entrega rápida. “São produtos essenciais para a indústria, seja para a venda de bens finais, seja para a entrega de insumos vinculados às cadeias globais de produção”, afirma. 

Segundo dados do Ministério da Economia, em 2019, o total de bens exportados e importados na modalidade aérea pelo Brasil totalizou US$ 45,6 bilhões. Dentre os principais produtos, estão máquinas, equipamentos e produtos diversos da indústria, incluindo bens de alto nível tecnológico, como aeronaves e suas partes. Além dessas mercadorias, os produtos farmacêuticos transportados pelo modal totalizaram US$ 6,4 bilhões no ano passado, o que demonstra a importância da aviação para o combate à pandemia da covid-19.
 

Corrente de comércio realizada pela modalidade aérea em 2019*

Grupo de mercadorias     Bilhões de US$     %
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes; aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão, e suas partes e acessórios 11,27 26%
Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes     6,70 15%
Produtos farmacêuticos 6,42 14%
Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes, metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê), e suas obras; bijuterias; moedas 4,57 10%
Aeronaves e aparelhos espaciais, e suas partes 4,45 10%
Instrumentos e aparelhos de óptica, de fotografia, de cinematografia, de medida, de controle ou de precisão; instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos; suas partes e acessórios 3,90 9%
Produtos químicos orgânicos 1,56 3%
Produtos diversos das indústrias químicas 0,57 1%
Plásticos e suas obras 0,45 1%
Objetos de arte, de coleção e antiguidades 0,41 1%
Outros 4,66 10%
Total 45,58 100%

* Exportações + importações transportadas pela modalidade aérea.
Fonte: CNI com base nos dados do Ministério da Economia /SECEX.

 

As medidas de distanciamento social resultaram em uma drástica redução no número de voos comerciais, o que acarretou quebra na oferta de transporte e aumento no valor de frete. Os dados acumulados para os últimos 12 meses mostram que as empresas aéreas de passageiros respondem por 64% do total de cargas transportadas no mercado internacional brasileiro e por 79% no mercado doméstico.

Dessa forma, dada a sua importância estratégica para a movimentação de cargas essenciais ao consumo e garantia de renda das famílias, o transporte aéreo deve manter o máximo de regularidade e modicidade tarifária no momento da crise decorrente do novo coronavírus.

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