Ex-presidente da Eletrobras defende viabilidade de complexo de hidrelétricas no Tapajós

Aloísio Vasconcelos apresentou projeto em reunião do Conselho de Infraestrutura da CNI. Para ele, a construção do empreendimento é estratégica para equilibrar a matriz brasileira e evitar apagões no futuro

O ex-presidente da Eletrobras e ex-diretor da Cemig, Aloísio Vasconcelos, apresentou nesta quarta-feira (3), durante reunião do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), um plano para construção de um complexo de usinas hidrelétricos no Rio Tapajós. Ele defendeu a viabilidade do projeto, que pode gerar até 12 mil megawatts hora de energia limpa, e argumentou que sua implantação é imprescindível para o equilíbrio da matriz energética brasileira nos próximos anos.

As hidrelétricas do Complexo Tapajós e o desenvolvimento de plantas de hidrogênio, no Pará, ainda fazem parte de um plano que parece distante de sair do papel. No entanto, Vasconcelos alerta que o tema precisa ganhar corpo neste governo para que o país não corra o risco de passar por novos racionamentos de energia em um futuro próximo. 

“Trata-se de uma matriz limpa. A energia vinda de hidrelétrica é convivente e dócil com outros energias”, destacou o ex-presidente da Eletrobras. “É um projeto que não vai ser travado por questão ambiental. Vai haver muito debate e compensações, mas o projeto é viável. Queremos um Brasil que tenha equilíbrio nas reservas de água e de energia”, completou.

De acordo com Aloísio Vasconcelos, a energia gerada pelas hidrelétricas é de fundamental importância, uma vez que gera de uma vez só grande quantidade de megawatts e é complementar à eólica e solar - que vêm crescendo e são também, na visão dele, imprescindíveis para a segurança energética e o equilíbrio da matriz brasileira. “A primeira vez que falaram em construir Itaipu dizíamos que estávamos doidos. Como já temos o não vamos tentar buscar o sim e o talvez”, disse.

Para o economista Cláudio Frischtak, sócio da Inter B Consultoria, o projeto é viável, mas desse que inserido em um plano robusto de ampliação da geração de energia de médio e longo prazo. “Estamos num momento de transição no setor elétrico. Falta uma visão efetiva e integrada para onde o setor vai daqui a 15 ou 20 anos. Hoje é difícil discutir um projeto dessa magnitude sem debater um plano amplo de futuro do setor”, pontuou Frischtak.

Propostas de infraestrutura

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, apresentou, durante a reunião, uma agenda de propostas para o setor. “A ideia básica é recuperar a forma de se tratar a infraestrutura e a sua relação com a indústria. Infraestrutura é antes de tudo um elemento importante de demanda efetiva para a reindustrialização”, afirmou. 

A ampla agenda apresentada passa por reformas estruturais e por marcos e leis setoriais que possam destravar investimentos e aumentar a segurança jurídica. Segundo Tadini, grandes projetos precisam ser priorizados para a atração de investimentos.
 

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