Desestatização da Eletrobras vai aumentar eficiência e gerar lucros, diz presidente da empresa

Wilson Ferreira Junior disse em seminário da CNI que participação do governo na companhia deve reduzir para menos de 50%. Relator do projeto de privatização, deputado José Carlos Aleluia pede empenho do governo para proposta ser aprovada este ano

O presidente da Eletrobras destacou ainda que a empresa perdeu 45% de seu patrimônio em quatro anos

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou nesta quarta-feira (21) que a empresa tem grande potencial de lucro a partir de sua privatização. Ele participou do Seminário Setor Elétrico: Enfrentando os Desafios, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Eletrobras, que teve como temas de debates a desestatização da companhia e o novo modelo do setor elétrico. 

“A empresa tem grande potencial de lucro dada a eficiência que vai atingir”, frisou. Ferreira Junior afirmou que a solução para o futuro sustentável da Eletrobras é a administração por um conselho privado que tenha também presença do setor público. Ele defende que a participação do governo na companhia seja reduzida dos atuais 63% para um patamar inferior a 50%. 

O presidente da Eletrobras destacou ainda que a empresa perdeu 45% de seu patrimônio em quatro anos. Desde que assumiu o comando da estatal no ano passado, Ferreira Junior disse que reestruturou a companhia com um processo de enxugamento de despesas e conclusão de obras. “Pegamos a empresa com 109 obras atrasadas no Nordeste. Temos hoje 30 e pretendemos terminá-las este ano”, detalhou. Segundo ele, a iniciativa privada tem condições de gerir a Eletrobras de forma eficiente.

O vice-presidente da CNI e presidente do Conselho de Assuntos Legislativos da entidade, Paulo Afonso Ferreira, alertou que o preço da energia elétrica é hoje um dos maiores obstáculos para a competitividade das empresas. “O Brasil é um grande produtor, mas o maior entrave para os empresários é o preço de energia”, enfatizou. “A proposta do governo é positiva. Precisamos encampar e fazer todos os esforços possíveis para podermos caminhar no sentido da privatização da Eletrobras”, completou Afonso, no discurso de encerramento do seminário.

"O maior entrave para os empresários é o preço de energia”, disse Paulo Afonso Ferreira

LEGISLATIVO - Relator do Projeto de Lei 9.463/18, que trata da desestatização da Eletrobras, o deputado federal José Carlos Aleluia afirmou que a sociedade brasileira não pode “continuar pagando” pela ineficiência de empresas importantes administradas pelo poder público. “A reestruturação da Eletrobras é um problema social e a CNI está prestando um serviço ao país hoje (com a realização do seminário). Para o Brasil, esse processo é fundamental”, pontuou o parlamentar.

Aleluia acrescentou que trabalha pela aprovação do projeto este ano, mas observou que a tramitação da matéria depende do empenho do governo. “Precisa de foco. O governo precisa entender que tem coisas na vida que só se consegue com muito esforço. Não adianta pensar que esse projeto anda de forma natural, não anda”, disse. “Tem chance de ser aprovado este ano, mas não será uma tarefa fácil. A oposição está organizada”, acrescentou.

O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Auto-Produção de Energia (Abiape), Mário Menel, considera que o único caminho para que a Eletrobras se torne sustentável é a privatização. “Não dá mais para a Eletrobras continuar do jeito que está. Se não tivermos uma empresa saudável, com capacidade de fazer investimentos, ela não atenderá ao interesse nacional”, destacou.

Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, que participou do painel sobre o novo modelo do setor elétrico, a tarifa da energia tende a cair se o novo marco legal for aprovado pelo Congresso Nacional. “Hoje está mais claro quem se beneficia do modelo atual, que são as minorias, e quem se prejudica, que é a sociedade”, frisou.

Também participaram do seminário, moderado pela jornalista Mariana Godoy, o diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Newton José Duarte; o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca; o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros; e o presidente da PSR, Mário Veiga.

A abertura do seminário, realizado na sede da CNI, em Brasília, foi feita pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, que destacou a necessidade de a energia voltar a ser uma vantagem comparativa para a economia brasileira.

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