Vagas em Automação e Mecatrônica vão crescer quase 50% nos próximos 4 anos

Além da alta taxa de crescimento, profissionais formados nessas áreas e em Meio Ambiente e Logística também se beneficiarão com salários atrativos

Mecatrônica está entre as áreas que mais devem crescer até 2025. Os profissionais desse segmento constroem e reparam equipamentos automatizados

Até 2025, as vagas de trabalho nas áreas de Automação e Mecatrônica devem crescer 46%. Outros setores em expansão são Meio Ambiente, com crescimento de pelo menos 16%; Refrigeração e Climatização, com mais de 12%; e Logística e Transporte, com aumento de 9,1%. 

Os números são animadores em um cenário de altas taxas de desemprego – 11,3 milhões de brasileiros estão sem trabalho, segundo o IBGE. Também são um norte para quem está em dúvida sobre qual formação seguir para entrar ou se recolocar no mercado. 

As projeções são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo do Observatório Nacional da Indústria cujo objetivo é projetar o emprego em um horizonte de quatro anos, identificar a demanda por trabalhadores e orientar a formação profissional de base industrial no país. 


“Há um pacote de novas soluções tecnológicas e de logística que estão impulsionando a atividade econômica e criando oportunidades de emprego. Tecnologias como internet das coisas, big data, inteligência artificial, manufatura aditiva criam novas necessidades no chão de fábrica, que demandam novas competências dos profissionais”, ressalta o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi.


O que fazem e quanto ganham os profissionais de mecatrônica, meio ambiente e logística 

Um técnico em Mecatrônica projeta, constrói e repara equipamentos automatizados, incluindo sistemas autômatos e robóticos. No mercado, pode atuar em linhas de produção industriais automatizadas e em sistemas de distribuição, logística e controle de qualidade. O salário médio é de R$ 4.687,92. Se ele optar por avançar nos estudos e concluir o tecnólogo (graduação tecnológica) em Automação Industrial, vai se deparar com uma média salarial de R$ 8.937,43. 

Na área de Meio Ambiente, técnicos em controle ambiental, utilidades e tratamento de efluentes ganham, em média, R$ 4.318,45; e engenheiros ambientais cerca de R$ 7 mil. Já um especialista em Logística de transportes, de nível técnico, R$ 3.144,55 - mas como os profissionais dessa área podem atuar em diferentes campos, existe uma ampla variação salarial. 

Segundo especialistas da CNI, a criação de novas vagas e a demanda por formação de mão de obra nessas áreas são uma resposta aos avanços tecnológicos e da indústria verde no país.

Elizabete Germano e Beatriz Moreira, de 21 anos, entraram na área de mecatrônica de olho no mercado promissor; enquanto Ronaldo Roosevelt começou em meio ambiente sem muitas pretensões. Todos eles acabaram descobrindo um filão e passaram a investir na formação profissional para se especializar. Hoje, empregados e decolando na carreira, reconhecem o crescimento e a demanda por mão de obra em seus setores.

Do técnico para a graduação, o estágio e o emprego 

Elizabete e Beatriz têm uma trajetória bem semelhante. Começaram pelo curso técnico de Mecatrônica ainda no ensino médio; ao concluírem, passaram para o tecnólogo, que é a graduação tecnológica com duração de três anos; e atualmente cursam o bacharelado de Engenharia na unidade de São Caetano, em São Paulo. 

Depois de concluir o técnico e o tecnólogo de mecatrônica, Elizabete Germano decidiu cursar o bacharelado em engenharia

“Procurava uma área que tivesse automação e informática, e mecatrônica tem um pouco de tudo. Sempre tive muita vontade de trabalhar com programação de robô. Aí, no 4º semestre do técnico, tive contato com a robótica. Enquanto o técnico é muita prática, tudo que a gente vê em sala é aplicando, o tecnólogo é mais teórico. Então um complementou o outro”, explica Elizabete.


Enquanto terminava o técnico à tarde e fazia o tecnólogo à noite, ela conseguiu um estágio de manhã na área de metrologia – uma profissão “caçadora de erros”, define. Depois de um ano de estágio, no 2º ano da faculdade, foi subindo aos poucos na empresa. Hoje, formada em tecnóloga, está como coordenadora técnica. Beatriz também pulou do técnico para o estágio e para uma vaga definitiva. 

“Penso em continuar nessa área sim, até estou dando continuidade aos estudos. Quando terminei o técnico em 2018, consegui um estágio, fiquei lá por três anos, passei por outras empresas e hoje sou Técnica de Programação 1 na SPI Integração de Sistemas”, conta Beatriz. 

Exigências ambientais aumentam demanda por profissionais  

Com 10 anos de experiência, Ronaldo Roosevelt, 36 anos, construiu carreira nas áreas de gestão ambiental de empresas, especificamente em educação ambiental e gestão de resíduos e emissões atmosféricas nos setores de construção civil e siderurgia.  

Tudo começou quando ele tinha 25 anos, estava desempregado e procurava um curso para ingressar rápido no mercado de trabalho. Procurou o SENAI para o técnico em segurança do trabalho, mas acabou na primeira turma de meio ambiente. Se apaixonou pela área, fez um estágio no conselho de engenharia, passou seis anos em empresa de construção civil, até chegar na siderurgia. Com o diploma de Engenharia Ambiental, que conquistou na sequência, subiu de técnico para analista. 


“O trabalho do técnico é mais em campo, operacionalizar monitoramentos ambientais, inspeções, adequação com a legislação, então tem que conhecer e entender as normas. Já o analista analisa essas informações e elabora relatórios de gestão de resíduos sólidos, águas e efluentes, emissões atmosféricas, gestão de produtos químicos e ruído, e auditoria também. Principalmente emissões atmosféricas, tem pouco profissional e muita demanda”, avalia Ronaldo.


Logística deve empregar mais de 2 milhões até 2025 

A área de Logística e Transportes terá o maior volume de vagas em 2025 (2,09 milhões) e saldo de emprego (175 mil novas vagas entre 2022 e 2025), além de ser a 4ª área com maior taxa de crescimento: 9,1% - atrás apenas de Automação e Mecatrônica (46,9%), Meio Ambiente (16%) e Refrigeração e climatização (12,3%).  

Embora ainda empreguem menos trabalhadores, as áreas de Automação e Meio Ambiente têm altas taxas de crescimento em razão da adoção das novas tecnologias, muitas delas associadas à indústria 4.0, e a expansão dos conceitos da economia circular, principalmente no que diz respeito à difusão de tecnologias de reciclagem e reaproveitamento de resíduos. 

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