Sistema Indústria propõe mudanças imediatas para a educação de Mato Grosso

A falta de interesse pelos estudos e a baixa qualificação profissional foram os principais problemas levantados durante o 1º Workshop 'Educação para o Mundo do Trabalho', realizado no Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt)

Mato Grosso tem, pelo menos, 35 mil jovens, entre 18 e 24 anos, fora das salas de aula e afastados do mercado de trabalho. Ao todo, são 158 mil jovens na mesma faixa etária que não estudam mais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A falta de interesse pelos estudos e a baixa qualificação profissional foram os principais problemas levantados durante o 1º Workshop 'Educação para o Mundo do Trabalho', realizado na tarde desta quinta-feira (29/08) no Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt).

De acordo com o consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Cândido Alberto Gomes, que é doutor em educação, nos últimos 20 anos, o número de trabalhadores com Ensino Médio completo praticamente dobrou. No entanto, no que se refere a conhecimento adquirido, essas pessoas têm a mesma qualificação que há 20 anos quando a maioria só tinha o ensino fundamental. "Isso quer dizer que o fato de passar mais anos na escola não fez diferença para o aprendizado desses jovens", comenta.

Para ele, essa estatística é muito preocupante, pois caso nada seja feito o país corre um sério risco de se desindustrializar e voltar a ser apenas um exportador de commodities, ou ainda um exportador de empregos industriais para outros continentes. Hoje, 94% das empresas sofrem com a falta de trabalhadores qualificados, destas, 58% está optando por capacitar a própria mão de obra. "Isso significa pagar duas vezes, já que além de pagar os 25% de impostos que sustentam a educação, ainda precisamos arcar por produtos mais caros, que tem o custo da qualificação da mão de obra embutida".

Além dos custos, a baixa qualidade do ensino compromete toda a cadeia produtiva. "Um trabalhador com pouca qualificação oferece menos a sociedade e recebe menos da sociedade, consome menos, paga menos impostos, vive menos e onera o sistema. Esse é o ciclo da pobreza", explica o especialista. Para resolver o problema, a CNI, o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) propuseram a criação de um núcleo formado pelos mais diversos setores da sociedade (empresas, ONGs, governos) que visam sugerir e implantar ações práticas de mudança para a melhoria do ensino em um prazo de um a dois anos. "Podemos usar o modelo de gestão que é muito eficiente nessas entidades para ajudar as instituições de ensino a gerir melhor os recursos e garantir que os alunos saiam da sala de aula prontos para o mercado", explica a especialista em negócios sociais da CNI, Ana Luiza Amaral.

Cada estado terá um núcleo próprio. As ações resultantes do workshop serão levadas para Brasília no dia 30 de outubro, a fim de identificar alternativas comuns para todo o país. Os projetos mais criativos e impactantes serão premiados no final de 2014. O presidente do Sistema Fiemt, Jandir Milan, realizou a abertura do evento e citou como exemplo a Coréia do Sul que conseguiu transformar o país por meio da educação. "A educação é o patrimônio mais importante de qualquer ser humano. Quem não tem uma boa base educacional não consegue exercer o raciocínio lógico, tem dificuldade em se relacionar, produz menos e tem dificuldade para ser um bom profissional. Precisamos repensar nossas ações e mudar nossa forma de ver a educação o quanto antes".

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