SENAI só pra xófens? Que nada! Aposentados aprendem novos ofícios

De janeiro a agosto deste ano, o SENAI registrou mais de 5,6 mil matrículas de aposentados com mais de 50 anos. Costureiro, eletricista, confeiteiro e excel estão entre cursos mais procurados

A aposentadoria pode ser um sonho que se transforma em crise se você não estiver preparado para lidar com a nova rotina. Para uns, é a oportunidade de descansar; para outros, é a chance para se dedicar a um hobby, aprimorar um conhecimento ou mesmo descobrir um talento.  

E se der para ser os dois? Com algumas horas ou semanas livres, sem comprometer o merecido ócio, e com um pouco de curiosidade e disposição, é possível concluir um curso de pouca teoria e muita prática em várias áreas. Milhares de aposentados já estão fazendo isso. 

No ano passado, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) teve 5.555 matrículas de aposentados com mais de 50 anos. Entre os cursos mais procurados estão costureiro, eletricista, privacidade e proteção de dados (LGPD), mecânica, finanças pessoais e empreendedorismo. 

Neste ano, serão ainda mais alunos, porque só de janeiro a agosto foram 5.692 matrículas, ultrapassando o total de 2021. As áreas de Têxtil e vestuário, Tecnologia da Informação (TI) e Alimentos e Bebidas, que tem opções como confeiteiro e fabricação de doces, seguem bombando entre os aposentados. 

Cursos de curta duração e mão na massa 

Para fugir de qualquer compromisso de longo prazo, a preferência é por cursos de curta duração. Em até 160 horas, dá para conseguir a certificação - apesar de que, depois de tantos anos de labuta, o certificado é o que menos importa. Ter o conhecimento, colocar a mão na massa, conviver com outras pessoas e frequentar um ambiente acolhedor é o que eles buscam. 

Foi o caso de Paulo José de Matos, 69 anos. Bancário aposentado há seis anos, ele acabou de concluir o curso de dois meses de marcenaria no SENAI de Pinhais, no Paraná. As aulas gratuitas, de segunda a sexta-feira das 13h30 às 17h30, foram fruto de uma parceria com a prefeitura. Paulo José não pensou duas vezes quando soube da oportunidade, já que o trabalho manual com madeira e o artesanato sempre foram um passatempo.


“Eu fazia caixas, casas de passarinho… era mais um hobby de montar móveis para minha casa mesmo. Então queria aprofundar, mexer com MDF. No início do curso, aprendemos sobre as características da madeira e das árvores; e, no final, tem a montagem de um móvel de acordo com as especificações. Eu montei um armário, com porta e gavetas. Agora quero fazer marcenaria fina, não trabalha com parafuso e prego, só encaixes”, conta, com a expectativa do próximo curso.


O pão nosso de cada dia  

Entre os alunos com mais de 50 anos, há quem ainda não se aposentou, mas já tem uma lista de cursos e de atividades. Maria Eugênia Tavares, 61 anos, é bacharel em ciências atuariais, sempre trabalhou e, nos últimos anos, tem se dedicado ainda mais a projetos sociais na Cáritas e no Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (CEFURIA). Ela integra uma rede de economia solidária, que realiza ações e treinamentos para fortalecer pequenos negócios e produtores rurais. 

“São instituições voltadas a atender migrantes. Para ajudar na parte de captação de recursos, eu fui atrás de cursos. O primeiro que fizemos foi a parte de desenvolvimento de produto. Depois fui atrás de um para conserto de equipamentos da linha branca da Eletrolux, empreendedorismo, Excel e panificação. Eu acredito que o que eu tenho de conhecimento, eu posso passar, colocar em prol da cidadania”, defende. 

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