SENAI define currículo e perfil profissional de especialista em eficiência energética

O objetivo é que esse profissional seja capaz de diagnosticar o desempenho do uso de energia nas indústrias

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) , em parceria com a Agência de Cooperação Internacional da Alemanha (GIZ), reuniu 20 especialistas do setor de eficiência energética para definir um currículo nacional para o curso de especialização nessa área. Atualmente, ele é oferecido nas faculdades do SENAI de São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS), mas as novas orientações deverão ser utilizadas por outros estados, à medida que se amplie a oferta pelo Brasil. O objetivo é que esse profissional seja capaz de diagnosticar o desempenho do uso de energia nas indústrias e, a partir disso, elaborar e implementar projetos para tornar o uso do recurso mais eficiente, levando em conta, entre outros pontos, a viabilidade técnica e econômica.

A formação de profissionais é compreendida pelo SENAI como central para que o país consiga mudar a realidade do uso de energia. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Conservação de Energia (Abesco) indicam que cerca de 10% dos 430 terawatt/hora consumidos no Brasil a cada ano são desperdiçados. Na Alemanha, esse índice é de 4%. Os especialistas formados no SENAI poderão atuar em indústrias, e também nos setores de serviços e  comércio, nas concessionárias de energia.

Convidado para participar da elaboração das novas diretrizes, o gerente de eficiência energética da Schineider Eletric, Marcelo Caiado, afirma que as empresas ainda têm dificuldade em compreender os ganhos ao usar energia de forma inteligente. Profissionais mais bem qualificados – diz ele – têm um papel importante em mudar essa realidade.

“O valor economizado em energia para a produção de um determinado produto é diretamente revertido em lucro. Trata-se de um resultado financeiro fácil e barato”, explica Caiado, que desenvolve soluções de eficiência energética para empresas há nove anos. Ainda segundo ele, no Brasil, as empresas gastam de R$ 40 a R$ 60 por megawatt/hora economizado. Na compra, o gasto sobe para valores em R$ 260 e R$ 600. “Objetivamente, adotar ações para economizar energia sai mais barato que comprar mais energia para aumentar produção”, avalia, destacando que o foco precisa ser o de produzir mais com menos energia.

CURRÍCULO – O coordenador da pós-graduação na Faculdade SENAI de Tecnologia de Porto Alegre, Luciano Chaves, afirma que uma das novidades do currículo que deve ser incorporada à iniciativa gaúcha é a divisão do curso em duas vertentes: indústria e edificações. As turmas abertas desde 2011 abrangeram os dois temas. A proposta agora é oferecer módulos básicos e depois separar as duas sub-áreas. “Dessa forma, poderemos nos aprofundar na formação”, acredita Chaves.

Em sua análise, o fato de o SENAI reunir diferentes representantes do setor para discutir o currículo e o perfil profissional da área promove a visão multidisciplinar  e também pode sensibilizar esses atores para que a demanda por esses profissionais cresça. “Manter todos esses atores mobilizados é um ponto-chave do trabalho”, diz.

FORMAÇÃO PARA INDÚSTRIA – Esta semana, o Sistema Indústria realiza outra iniciativa tendo como alvo a melhoria da eficiência energética nas empresas. Com o intuito de disseminar as boas práticas nos processos industriais, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promove nesta quinta-feira (27), em São Paulo, o workshop Produtos e tecnologias japoneses inteligentes, no qual seis empresas do Japão apresentam soluções e produtos de uso industrial que poderiam ser adotadas, no curto prazo, nas empresas nacionais. O evento é realizado em parceria com a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) e a Japanese Business Alliance for Smart Energy Worldwide (Jase World).

O aprimoramento dos mecanismos de apoio ao aumento da eficiência energética, sobretudo na indústria, é necessidade reconhecida pelo Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEF), do governo federal, e uma bandeira da CNI. A indústria responde por 41% do consumo de energia elétrica do país e a tarifa é componente-chave nos custos de produção.

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