Os carrinhos de controle remoto foram os primeiros objetos de experimento do estudante Caio César Ferronato, de Pimenta Bueno (RO). Na infância, ele montava, desmontava, trocava peças e fazia um carrinho novo. A brincadeira já demonstrava o caminho que ele seguiria, quando ficasse mais velho. Hoje, aos 17 anos, ele faz o terceiro ano da Educação Básica Articulada com a Educação Profissional (EBEP) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e quer seguir a carreira de engenheiro mecânico. “Quando entrei na escola do SESI já me aprofundei na robótica. O professor da disciplina me incentivou no aprendizado de matemática, física e química. Eu já sabia o que queria para o meu futuro”, explica Caio.
A engenharia é uma área que também chamou a atenção do estudante do EBEP, João Arthur Dantas, de 15 anos, que faz o segundo ano do curso técnico de edificações, em Natal (RN). Ele participa da Mostra de Ciências e Engenharia da Olimpíada do Conhecimento. A equipe de sua escola desenvolveu um tipo de piso intertravado, fabricado com lascas de algaroba, uma árvore exótica típica do semi-árido brasileiro que afeta o bioma local. A árvore com raízes profundas suga muita água e as outras espécies, com raízes menores, morrem desidratadas. O projeto incentiva a retirada da algaroba para promover o equilíbrio ambiental.
O incentivo na escola e a participação na Olimpíada do Conhecimento impulsionaram João Arthur ainda mais pela escolha da carreira de engenheiro civil, mesmo em um momento de baixa nesse mercado, impactado pela crise econômica. “O estímulo no colégio foi fundamental para despertar ainda mais o meu interesse pela área de exatas, cálculos, informática e por programas de computador como o Autocad. Acredito que a situação da engenharia civil vai melhorar no Brasil e sempre existirá oportunidades para quem se prepara bem para o trabalho”, ressalta.
NECESSIDADE – O incentivo não só é bem-vindo, como necessário para a capacidade de o país inovar e competir. O Brasil ocupa uma das piores posições no indicador de número de engenheiros por habitante. Em 2014, enquanto a Coreia, a Rússia, a Finlândia e a Áustria contavam com mais de 20 engenheiros para cada 10 mil habitantes, e países como Portugal e Chile dispunham de cerca de 16, o Brasil registrava apenas 4,8 graduados em engenharia para o mesmo universo de pessoas.
Com a chegada da nova revolução industrial, engenheiros serão uma das profissões-chave na modernização da indústria brasileira. De olho nisso, a estudante do Serviço Social da Indústria (SESI), Ana Sousa, de 16 anos, de Picos (PI), quer cursar Engenharia de Controle e Automação. O interesse pela profissão surgiu após o contato com a robótica, disciplina na qual aprendeu a construir, programar e automatizar um robô.
Além disso, percebeu o quanto é importante a integração da robótica com física e matemática para o processo de criação e inovação. “Gosto do desafio, de superar barreiras e de competir. Vejo que essa área só cresce com as novas tecnologias na indústria e em vários setores. Eu quero contribuir com essa nova revolução tecnológica e com o desenvolvimento do meu país e da nossa sociedade”, afirma a estudante.
EDUCAÇÃO – Para adequar a formação dos engenheiros às exigências do mercado de trabalho, é preciso modernizar a educação, desde os níveis básicos à graduação. Exemplo vem do SENAI. Os três estudantes são preparados por meio de uma metodologia de ensino inovadora e alinhada às necessidades do mercado de trabalho, principalmente para atender a demanda da indústria brasileira por bons técnicos e engenheiros altamente qualificados, explica o gerente de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI, Felipe Morgado. Ele destaca que o aprendizado prático é fundamental, aliado aos conteúdos em sala de aula, e que os alunos são desafiados a solucionar problemas da vida real das empresas e da sociedade.
“Isso é fundamental para os jovens enxergarem na tecnologia grandes oportunidades de criar de fazer a diferença. O incentivo do interesse pela ciência, tecnologia, engenharia e matemática é imprescindível para aumentarmos o número de engenheiros no Brasil preparados para tornar a indústria mais competivida e inovadora”, informa Morgado.