Eles são poucos, mas representam milhares de pessoas que superaram dificuldades e preconceito para crescer e atuar na profissão que escolheram. A síndrome de Down não impõe a ninguém uma vida limitada ao convívio familiar. Os dez estudantes que disputam a maior competição de educação profissional do país - Olimpíada do Conhecimento – na modalidade Pessoa com Deficiência (PcD), são prova disso. No dia 3 de setembro eles estarão em Belo Horizonte, local do torneio, e garantem que vão lutar pela medalha de ouro. Para isso, partiparam do último simulado da competição, em Cuiabá.
O pai do competidor Rodrigo de Lima Gonçalves Pereira é o aposentado Sidney Gonçalves Pereira. Ele acompanhou o filho de Rondônia a Cuiabá para mais um simulado. Não por acaso, já que para Sidney, este é um universo totalmente novo. “Jamais pensei em ver meu filho em uma competição. É uma satisfação que não consigo explicar”. Segundo ele, o jovem passou por grandes transformações desde que decidiu fazer o curso técnico em Panificação do SENAI. “Ele está muito mais atento, tranquilo, alegre e se sentindo amado. Pediu até um celular de presente para ligar para os amigos”, revela.
Sidney revela que foram muitas as dificuldades até aprender a lidar com o próprio filho. “A gente não sabia bem como agir, o que fazer, qual o melhor lugar para ele estudar ou se ele, algum dia, poderia entrar no mercado de trabalho”. Agora, o aposentado não tem dúvida sobre o futuro de Rodrigo e já tem estrutura suficiente para ajudar o neto, que também é portador da síndrome. “Minha visão hoje é outra, eu leio muito e sempre busco saber mais para ajudar a todos que passaram ou passam pela mesma situação que eu”.
DETERMINAÇÃO - A estudante Jaqueline Rodrigues Macedo, de 22 anos, é a representante de Cuiabá na competição. Aplicada e muito determinada, a jovem mostra que, para quem tem um objetivo, nada é impossível. Ela adorou conhecer os outros competidores e poder fazer mais amizades. “Estamos tirando fotos e conversando e eu fico cada vez mais ansiosa pela prova”, contou. Quando questionada sobre estar preparada, a jovem respondeu que sim. “Eu acho que estou bem no pão Francês”.
Quem já está acostumada com competições é a estudante Marfiza Barros, de 33 anos. Ela participou de vários campeonatos de dança e ginástica rítmica, mas é a primeira vez que vai testar as habilidades na cozinha. A mãe coruja, Maria, é a maior incentivadora da filha. “Estou muito ansiosa, cada etapa é de muita emoção. Para mim, ela já é uma vencedora”.
De acordo com o instrutor de Panificação para PcD, Marlon Carlos Meneses, o simulado leva em conta critérios subjetivos e objetivos, a fim de nivelar os competidores. São analisados quantidade, peso, aspecto visual, sabor, textura, aroma, uniformidade e padronização. “É uma etapa importante que permite não apenas testar as habilidades técnicas, mas o emocional dos competidores”. Durante o período de avaliação, os alunos fizeram pães, massas semidoces com uma modelagem recheada, e um produto de formulação livre contendo queijo ou cenoura.
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