Estudantes do SESI lançam foguetes de garrafa pet que atingem 300 metros de distância

Mostra Brasileira de Foguetes estimula a ciência e leva a astronomia para jovens por meio da construção de foguetes experimentais

Com foguetes desenvolvidos de modo experimental, a competição desafia estudantes de todo o país a construir e lançar os protótipos o mais distante possível

Com garrafas pet, bicarbonato e vinagre, estudantes do Serviço Social da Indústria (SESI) criam foguetes que voam por 300 metros de distância na horizontal. O número é impressionante e a meta, ousada: as equipes tentam bater o recorde brasileiro de 384 metros! 

O desafio faz parte da Jornada de Foguetes, organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Com foguetes desenvolvidos de modo experimental, a competição desafia estudantes de todo o país a construir e lançar os protótipos o mais distante possível. 

Além de estimular o interesse dos jovens por ciência e astronomia, a jornada leva a teoria para a prática em sala de aula de forma lúdica.


“É uma experiência muito boa e estamos aprendendo bastante, porque temos de buscar a melhor estratégia de aerodinâmica e estudar diferentes misturas químicas. Vemos, na prática, o que estudamos nas disciplinas de física e química e fica até mais fácil para fixar os conteúdos”, declara Bianca Santana, 15 anos, aluna do SESI Imperatriz. 


Os docentes também aprovam a experiência. “É visível a melhora da aprendizagem deles, porque é empolgante, eles vão trabalhar por si, pesquisar e descobrir que tudo tem um efeito químico, físico ou biológico”, destaca Francisco Lima, professor da Bianca na área de ciências da natureza.

Como funciona a competição de foguetes 

O campeonato tem três fases: escolar, nacional e mundial. A primeira, chamada Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), é organizada nas próprias escolas, com equipes compostas por até três estudantes.  

Se classificam para o nacional as três equipes de cada escola cujos foguetes percorrem as maiores distâncias. A etapa aqui já ganha o nome de Jornada de Foguetes, e os times classificados se dividem em oito turmas. Essa fase começou em setembro e se estende até dezembro. Os lançamentos são realizados no município de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro.

Há ainda a etapa mundial, na qual são selecionados os melhores competidores para representar seus respectivos países lá fora. Os alunos do SESI Americana, em São Paulo, estão na maior expectativa de chegar lá. A escola foi uma das mais de 50 unidades da rede SESI que tiveram estudantes convidados a participar da Jornada. Eles conquistaram o primeiro lugar no lançamento de uma das oito turmas do nacional. 


“Nós entramos para a história com o sexto melhor lançamento da jornada. É uma competição muito grande, foram mais de 2 mil lançamentos. Conquistar essa medalha foi o reconhecimento de todo o nosso esforço e dedicação”, declara Layane Levi, 17 anos, aluna do SESI Americana. 


Garrafas que voam

A MOBFOG tem quatro níveis, que variam de acordo com a série do aluno, e cada estágio tem pré-estabelecidos os materiais para a fabricação dos foguetes. No nível quatro, as equipes utilizam garrafa pet, vinagre e bicarbonato de sódio. 

O gás carbônico gerado na reação se expande e pode chegar a até 125 libras de pressão, calculado por um manômetro preso ao foguete

“Os alunos usam bicarbonato de sódio com vinagre de 4% de acidez para fazer a reação. Eles utilizam um balão com bicarbonato, que é colocado dentro do foguete, e colocam outro balão cheio de vinagre. Por meio de um dispositivo, o balão com vinagre é furado, a reação acontece e impulsiona o foguete”, explica William Borella, professor de física do SESI Concórdia, em Santa Catarina. 


O gás carbônico gerado na reação se expande e pode chegar a até 125 libras de pressão, calculado por um manômetro preso ao foguete. A teoria é a mesma, mas, na hora de aplicar, cada equipe pensa em uma estratégia diferente para lançar o seu foguete o mais longe possível. A aposta da equipe do SESI Concórdia, que levou ouro na etapa escolar, foi fabricar o bico usando um material semelhante à uma massinha de modelar, melhorando a aerodinâmica.  

No final, a prática leva à perfeição. As equipes chegam a fazer mais de 100 lançamentos para ajustar o foguete e alguns atingem até 51 metros por segundo no lançamento, como foi o caso de uma das equipes do SESI Imperatriz, que conquistou medalha de ouro na MOBFOG da unidade. Agora, os estudantes se preparam para a etapa nacional e também vão tentar garantir o ouro como a equipe de São Paulo. 

“Estamos com a expectativa bastante alta, porque estamos nos dedicando bastante para desenvolver um foguete ainda melhor e conseguir bater o recorde brasileiro. Claro, sem deixar de nos divertirmos e ganhando conhecimento”, declara Henrry Amaral, 16 anos, do SESI Imperatriz. 

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