Autor de 35 livros na área de educação, o especialista Claudio Moura Castro fez duras críticas à atual Lei da Aprendizagem, no segundo painel do Diálogos: Os Caminhos para a Educação do Futuro. O evento reuniu, nesta sexta-feira (11), experts estrangeiros, industriais e formuladores de políticas públicas para discutir o melhor modelo de educação profissional para estimular o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
O debate foi uma das atividades paralelas da Olimpíada do Conhecimento 2016, realizada até o próximo domingo (13), no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Também participou do segundo painel a gerente-sênior de Recursos Humanos da BASF da América do Sul, Adriana Roman Muniz.
Segundo Moura Castro, a lei não permite a qualificação do jovem para o mercado de trabalho, pois o Brasil impede que menores de 18 anos trabalhem diretamente com máquinas industriais, em nome da segurança do trabalho. Ele também ressaltou que o salário pago pelas empresas a um jovem aprendiz por quatro horas de trabalho é semelhante ao de profissional por oito horas.
O especialista criticou a obrigação da contratação de número mínimo de jovens aprendizes. Segundo ele, as empresas preferem pagar multas a contratar um adolescente sem que ele possa participar do processo produtivo. Moura Castro lembrou que a Suíça tem 4,4% da população como aprendiz, na Alemanha o índice é de 4% e, no Brasil, é de 0,7%.
ENSINO DUAL – Adriana Roman Muniz afirma que os jovens chegam na empresa, de fato, com pouca oportunidade de colocar a mão na massa, numa situação bem diferente do que acontecia nos anos de 1970 e 1980. Desta forma, há um déficit de pessoas qualificadas para ingressar no mercado de trabalho. E acaba sobrando para a empresa e para a indústria o papel de fazer o complemento da educação do que não foi feito na educação básica.
“Quando eles chegam para o trabalho, a gente se depara com as deficiências básicas, de não saber escrever um texto, não conseguirem fazer uma conta simples. Na BASF, por ser de origem alemã, temos experiência do ensino dual (ensino regular e profissional ao mesmo tempo) que é excelente”, afirmar Muniz.
Ela lembra a parceria que a BASF fez com o diretório regional do SENAI na Bahia para capacitar jovens para trabalhar no Complexo Acrílico da empresa em Camaçari em 2013. Na época mais de mil jovens se inscreveram, e 90 foram selecionados para um curso de formação em manutenção industrial por oito meses. A parceria deu certo e, ao final, 60 alunos foram contratados.
OLIMPÍADA - A Olimpíada do Conhecimento 2016 reúne 1.200 estudantes em uma estrutura montada ao lado do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Além da competição principal, que contempla sete desafios multidisciplinares, ocorrem outras provas: desafios individuais, Avaliação Prática do Estudante, Inova SENAI e o Festival SESI de Robótica FLL.
Com provas que exigem habilidade técnica e conhecimento sobre o mercado de trabalho, a competição tem novos desafios que envolvem muita criatividade. Durante os quatro dias de torneio, os estudantes serão provocados a apresentar soluções e produtos para empresas e para a comunidade, além de participar de provas individuais que exigem precisão e raciocínio rápido.
SAIBA MAIS
Olimpíada do Conhecimento 2016
Quando: de 10 a 13 de novembro
Onde: Ginásio Nilson Nelson (estacionamento e parte interna) – Brasília / DF
Horário de visitação: 9h às 17h (todos os dias)
Acesse o site oficial
ENTRADA GRATUITA