Ensino técnico abriu caminhos para a fundação do site Manual do Mundo

Uma das pessoas mais admiradas pelos jovens brasileiros, criador do Manual do Mundo se emociona e encanta o público em palestra durante a Olimpíada do Conhecimento

"Não quero fazer uma pergunta. Quero fazer um elogio. Gosto muito de você e comecei a me interessar muito mais por física e química – minha mãe também é química – por sua causa. Foi mais por você do que por ela. Obrigada!”, declarou-se Isabela Mattioli Dourado, 9 anos, a Iberê Thenório. O comentário foi seguido de muitos aplausos da plateia que assistia à palestra do jornalista, fundador do Manual do Mundo , no primeiro dia da Olimpíada do Conhecimento 2016 . “Fico emocionado de ver uma criança da sua idade falar tão bem, se interessar por ciências”, devolveu Thenório.

Se eu tivesse de apontar erros e acertos da minha história, diria que meu acerto foi ter uma profissão antes de me tornar adulto - Iberê Thenório

Considerado a 7ª pessoa mais admirada por jovens no Brasil, Iberê Thenório é sucesso entre crianças e adultos. Talvez seja pela forma engraçada e simples que ele aborda o conhecimento e a ciência. “O jeito que ensinam é chato. Nossa ideia é conseguir despertar o interesse das pessoas de maneira mais fácil e tem dado certo”, diz. Estamos falando de uma pessoa que consegue mais de 2 milhões de visualizações com vídeos de experimentos em física, química, biologia.

Mas, conforme Thenório mesmo lembra, não foi fácil chegar até aqui. Ao público, ele conta como teve de fazer escolhas difíceis desde os 14 anos, quando o pai, então funcionário do Banco do Brasil, perdeu o emprego. Ele teve de se dividir entre a pequena Piedade (SP), onde morava, e Sorocaba (SP), onde fazia o curso técnico em programação à noite. Nunca conseguiu estagiar na área, mas foi o conhecimento adquirido ali que construiu a base para as suas investidas virtuais.

ESTUDO E TRABALHO - O segundo desafio veio quando chegou o vestibular. Ele aplicou para o curso de jornalismo na Universidade de São Paulo (USP), mas teve de tentar por três anos – aturando um trabalho que ele “odiava” para pagar o cursinho –, até ser admitido na maior universidade do país. Sem dinheiro, morou de favor com amigos. Até que o curso técnico o colocou na frente. Com a formação em programação, ele conseguiu trabalho no início do boom da Internet, quando a demanda pela construção de sites só crescia.

Mas e o Manual do Mundo? Quando vídeos começaram a se popularizar na Internet, muito por conta da chegada do YouTube, ele teve uma ideia. “Nessa época, eu ensinava as pessoas a fazer coisas que elas não sabiam e eu sabia, tipo trocar chuveiro, pneu, porque cresci no mato. Pensei em começar a fazer vídeos pra ensinar as pessoas. Programei um sitezinho chamado Manual do Mundo. No primeiro ano, fiz 30 vídeos curtos. Tinha vergonha”, relembra.

A experiência na TV Globo, em que trabalhou no programa Globo Amazônia e, em seguida, como editor de Ciências no G1, sedimentou seu gosto por essa área. “Eu gostava de entrevistar os cientistas, os pesquisadores. E achava que tinha de levar esses assuntos pro Manual”, lembra. Em 2011, ele e a namorada, hoje esposa, Mari Fulfaro, resolveram investir todas as fichas no site, onde ele uniu o talento em programação, a habilidade de jornalista e o gosto por ciência.

Hoje, não restam dúvidas, o projeto deu certo. O canal do YouTube tem mais de 7 milhões de inscritos e o site é recheado de vídeos sobre química e física, além de outros assuntos que despertam a curiosidade e criatividade do público. “Se eu tivesse de apontar erros e acertos da minha história, diria que errei em não estudar quando pude e não saber falar inglês ainda novo. E meu acerto foi ter uma profissão antes de me tornar adulto. Isso me colocou aqui”, arremata Thenório.

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