Ensino para Indústria 4.0 requer bons tutores, indicam especialistas

Jornada Pedagógica do SENAI reuniu 7,5 mil docentes de todo o país para discutir a educação profissional no Brasil

A educadora irlandesa Kathleen O'Hare destacou a importância do docente na formação do aluno

Terminou nesta quinta-feira (26) a 3ª Jornada Pedagógica Nacional de Educação Profissional e Tecnológica. Durante dois dias de programação, 7,5 mil docentes, coordenadores, técnicos e gestores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) contaram com palestras de especialistas do Brasil e do mundo e compartilharam experiências. Uma das principais mensagens do encontro foi a de que na era da informação e da tecnologia, os docentes terão papel fundamental de tutoria. Com isso, as mudanças na educação passarão por rever a relação do docente com os estudantes e com a formação pedagógica.

Dessa forma, a tecnologia reforça a importância do docente na educação dos alunos. “Os professores nunca desaparecerão porque a formação precisa de emoção. As crianças só vão aprender se elas estiverem felizes. O computador não pode ajudar como um professor pode”, defendeu a educadora irlandesa Kathleen O’Hare, uma das palestrantes. 

O biólogo e comunicador do canal Nerdologia, Átila Iamarino, acredita que o papel do docente vai sair de fonte única de informação do aluno para um tutor do que o estudante deve fazer com todo conteúdo no qual tem acesso. “A informação está disponível com um clique no celular. Então, o papel do professor é o de tutoria, de ensinar as pessoas a conferir a informação, avaliar o que elas sabem ou não”, explicou. “O professor deve saber direcionar a informação de acordo com o estágio de formação, idade do aluno, enfim, o que ele precisa aprender. Ou seja, um tutor do que é o mundo e como ele deve ser aprendido”, complementou. 

Apresentador do canal Nerdologia defende que o professor será o tutor do estudante frente às diversas informações disponíveis

BALANÇO - “A Jornada superou as expectativas, mostrou a força de atuação em rede e o quanto os docentes são agentes de transformação para a 4ª revolução industrial”, afirmou Felipe Morgado, gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI.

A Jornada Pedagógica ocorreu em Brasília, no auditório do edifício Armando Monteiro Neto, na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entretanto, para que mais docentes pudessem participar das palestras e discussões, o SENAI investiu na transmissão em tempo real para conseguir a máxima capilaridade em diferentes regiões do Brasil. Foram 400 localidades com pontos de videoconferência, permitindo a participação de todos os departamentos regionais do SENAI e do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (CETIQT). 

“A Jornada superou as expectativas, mostrou a força de atuação em rede e o quanto os docentes são agentes de transformação para a 4ª revolução industrial”, afirmou Felipe Morgado, gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI

Jaqueline Weigel, pesquisadora em futurismo, lembrou que os modelos educacionais vêm sendo questionados e muitas iniciativas vêm quebrando paradigmas. Para ela, o docente terá, ao lado dos pais, a função de formar pessoas autênticas, plenas e conscientes de seus papéis e limitações. 

Na opinião do professor e pesquisador Silvio Meira, o profissional do futuro deverá desenvolver competências como visão, iniciativa, talento, aprendizado e engajamento, e o docente vai ajudar na construção dessas habilidades. “Serão criados postos de trabalho para cuidar de funções que eram feitas por postos de trabalho que foram substituídos por tecnologias. Por isso a qualificação será essencial”. 

Meira destacou ainda que o Brasil precisa correr contra o tempo para entrar de vez na era digital. Para ele, o Brasil é especialista em perder as ondas de inovação e, na era digital, o país não pode ficar de fora. “Estamos perdendo a onda da era digital e temos que nos preocupar com isso”, alertou. Segundo ele, o único caso em que isso não ocorreu no país foi na aviação civil, por conta da criação da Embraer e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). 

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - Um dos caminhos para colocar o Brasil na onda da tecnologia e da Indústria 4.0 é  investir em educação. E a educação profissional tem crucial função porque é a mais próxima da realidade do mercado de trabalho - que muda em uma velocidade que os currículos tradicionais têm dificuldades para acompanhar. Assim, a educação profissional pode trazer respostas mais rápidas. Em sua fala no fim do evento, o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, enfatizou a importância que os docentes têm para o SENAI. “Vocês são o nosso capital”, destacou, reforçando a importância da atuação em rede.

DESAFIO - A Jornada está ativa desde o dia 8 de março, quando 2 mil docentes de todo o Brasil receberam o desafio Desvendando o SENAI 4.0, organizado pelo Programa SENAI de Capacitação Docente. Integrantes de todo o país foram organizados em 239 equipes para desenvolver uma solução pedagógica inédita, capaz de contribuir para aprimorar a forma como os instrutores ensinam e os alunos aprendem.

O prazo para o término dessa missão foi no último dia 15 de junho. Ao final do Desafio, 153 equipes concluíram as etapas e tiveram seus projetos analisados por uma comissão avaliadora. Dentre essas, as três equipes com melhor avaliação, apresentarão seus projetos durante a Jornada. São elas:  Equipe Teacher Plus, composta por docentes de Sergipe, Mato Grosso e São Paulo; Equipe Impacto 4.0, do Rio de Janeiro; e Perseverança, constituída por docentes de Rondônia.

Os projetos foram apresentados durante a Jornada, em Brasília. “Nós pensamos como forma de integração com os alunos usar ferramentas que eles gostam de estar, como o Facebook. Por isso, sugerimos criar uma fan page na rede social como ferramenta de comunicação”, explicou João Henrique Silva, docente de construção civil, da unidade de Ji-Paraná (RO), da equipe Perseverança. 

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