Comissão lança documento de apoio à implantação dos novos cursos de Engenharia

Texto aponta elementos que as Instituições de Educação Superior podem adotar na definição dos planos de curso, tendo como foco formação guiada pela prática, como preveem novas Diretrizes Curriculares homologadas em 2019

A Comissão Nacional de Implantação das Diretrizes Curriculares de Engenharia lança, nesta segunda-feira (15), em reunião virtual, documento de apoio às Instituições de Educação Superior (IES) para definição dos planos dos novos cursos de graduação. O texto aponta como necessária, por exemplo, a adoção de práticas que estimulem a participação de empresas na formação acadêmica dos futuros engenheiros, como o uso de laboratórios empresariais para treinamento de alunos e apoio à capacitação de docentes, por meio de cursos e palestras, entre outros, sobretudo em inovação e empreendedorismo.

“Diante das grandes transformações que o mundo atravessa, os cursos de Engenharia devem formar os jovens para atuar como agentes de inovação, seja como colaboradores em empresas ou como empreendedores de seus negócios”, afirma a diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio.

A Comissão Nacional para Implantação das Diretrizes Curriculares de Engenharia, sob a coordenação do Conselho Nacional de Educação (CNE), reúne atores importantes na discussão, melhoria e contribuição da agenda: a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), universidades públicas e privadas e a CNI, representada pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo que reúne líderes das 300 maiores empresas brasileiras.

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Engenharia deram maior autonomia às IES para desenhar seus currículos segundo suas prioridades e contexto de atuação. Os novos modelos curriculares devem, porém, estimular a experimentação e dar protagonismo aos alunos no processo de aprendizagem e desenvolvimento de competências técnicas e socioemocionais. Ao homologar as novas DCNs, em abril do ano passado,  o governo federal deu prazo de três anos para que as graduações já existentes implementem as novas normas.

A fim de contribuir para acelerar o processo nas escolas de Engenharia de todo o país, o documento produzido pela Comissão aponta seis aspectos que devem receber atenção constante e prioritária da academia, da indústria e dos conselhos profissionais:

1) Existência de docentes e dirigentes engajados na elaboração de projetos de formação inovadores e flexíveis;

2) Desenvolvimento e/ou revisão dos currículos, tendo como ponto de partida as competências desejadas para os egressos;

3) Aprendizagem ativa, com ênfase no papel central do aluno em sua formação;

4) Mudança no processo de avaliação dos alunos, que permita melhoria contínua no Projeto Pedagógico do Curso;

5) Adequação dos processos de avaliação e regulatórios, como do Ministério da Educação (MEC),  à lógica de formação por competência e da articulação com o setor produtivo;

6) Fortalecimento das relações das instituições de educação com o mercado e a sociedade. 

Empresas podem avaliar qualidade da formação e apontar tendências

Entre os desafios apontados, o documento enfatiza a importância da aproximação dos cursos de Engenharia com os diferentes atores da sociedade, que podem oferecer parâmetros sobre a qualidade da formação oferecida e das necessidades e tendências futuras.

“A contextualização da formação em nível de Graduação, com a resolução de situações-problema concretas, bem como o alinhamento entre o perfil do egresso e as necessidades e tendências da sociedade, se fazem no cotidiano da interação e parceria entre universidade e empresa, conforme propõem as novas DCNs”, afirma. 

O texto apresenta boas práticas de interação entre cursos e ambiente de trabalho – boa parte inventariada em publicação da CNI, elaborada no âmbito das atividades do GT de Engenharia/STEAM da MEI, em prol de uma formação mais qualificada e por competências.

Entre as iniciativas que as instituições de educação podem adotar estão a participação de empresas nos conselhos consultivos de cursos ou instâncias de decisão para definição de competências desejadas dos futuros profissionais; o fornecimento pelas empresas de subsídios para o currículo baseado em competências demandadas pelo mercado de trabalho, bem como a apresentação de problemas concretos para os alunos, como material de base para os Projetos de Conclusão de Curso, entre outras. 

De acordo com a Comissão, espera-se que o documento seja tanto uma referência às instituições de educação na definição de seus planos de curso, tendo como foco uma formação contextualizada e guiada pela prática, como estímulo às empresas para que participem da formação dos futuros profissionais. “Há a expectativa de dar suporte ao setor empresarial na construção do diálogo e do relacionamento com as IES, uma vez que são apresentados aspectos que caracterizam boas práticas de educação em Engenharia que devem ser demandados e apoiados pelas empresas”, complementa o texto. 
 

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