Setor sucroenergético precisa de investimentos de US$ 31 bilhões para contribuir com metas de redução de emissões de CO2

Estimativa, divulgada em estudo produzido pela CNI, contempla investimentos até 2030 em produção de etanol, açúcar e bioenergia, aquisição de equipamentos e instalação de novas usinas

O setor sucroenergético precisa de investimentos de US$ 31 bilhões para apoiar o Brasil a cumprir o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa assumido na 21ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-21), em 2015, em Paris. A estimativa está no estudo O setor sucroenergético em 2030: dimensões, investimentos e uma agenda estratégica, produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Fórum Nacional Sucroenergético. Nele, estão relacionadas as necessidades de produção de etanol, açúcar e bioenergia, aquisição de equipamentos e instalação de novas usinas para ampliar a capacidade do setor para contribuir com as metas de aumentar em 18% a participação de bioenergia na matriz energética brasileira.

De acordo com o estudo, para cumprir o compromisso com a Agenda do Clima, o país precisará alcançar uma produção de 54 bilhões de litros de etanol, 46 milhões de toneladas de açúcar e 76 Terawatt-hora (TWh) de energia elétrica. Para isso, será necessário aumentar a produção de cana em 41%, das atuais 666 milhões de toneladas para cerca de 940 milhões de toneladas. A área plantada terá de aumentar 3,13 milhões de hectares, dos atuais 8,65 milhões de hectares para 11,8 milhões de hectares. Na área agrícola, os investimentos previstos são de US$ 5 bilhões.

Em relação a equipamentos, deve-se aumentar a capacidade de moagem da cana-de-açúcar de 942,75 milhões de toneladas para 1.050 milhões de toneladas, considerando uma capacidade ociosa de apenas 10%. O Brasil, que possui capacidade instalada de 750 milhões de toneladas de cana, precisará de uma capacidade adicional de 298 milhões de tonelada. O estudo prevê ainda a construção de 80 novas usinas até 2030 para processar uma média de 3,7 milhões de toneladas de cana por ano, o que implicaria investimento de US$ 26 milhões.

Conforme o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) Marcos Fava Neves, coordenador do estudo, os investimentos devem ser feitos, principalmente, pelo setor privado. “No entanto, para que o setor privado invista são necessários incentivos e, sobretudo, segurança institucional e uma política energética definida pelo governo federal”, afirma. “Uma linha de crédito específica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social pode ser criada, bem como viabilização de investimentos internacionais”, sugere Neves.

O estudo estima que, caso os investimentos previstos se concretizem, o setor sucroenergético deve alcançar, em 2030, Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 74,49 bilhão, movimentar US$ 206,64 bilhão e recolher cerca de US$ 19,23 bilhões em impostos. Além disso, empregará cerca de 230 mil pessoas, gerando uma massa salarial de US$ 1,33 bilhão.

"Para que o setor privado invista são necessários incentivos e, sobretudo, segurança institucional e uma política energética definida pelo governo federal” - Marcos Fava Neves

AVANÇOS TECNOLÓGICOS – Além dos investimentos financeiros, representantes do setor sucroenergético também relacionaram outras ações para fortalecer o segmento. Entre as prioridades estão a modernização tecnológica para conexão entre fazendas e usinas para melhor controle da produção, o estímulo à expansão sustentável dos canaviais em áreas de pastagem degradada e o aumento dos recursos em pesquisa e desenvolvimento para promover novas técnicas de plantio, manejo cultural, melhorias na colheita e no carregamento e transporte, entre outras. Para se ter uma ideia, locais onde há plantação de cana-de-açúcar o clima é 1,5 grau Celsius menor, em média, quando comparados com áreas de pastagens.

Segundo o estudo, o Brasil tem grande potencial para alavancar o setor sucroenergético já que é o maior produtor de cana-de-açúçar, com 39% do total mundial. Nos últimos 10 anos, a produção cresceu 56%. Entre os produtos da cana com maior potencial de crescimento está o etanol, sobretudo, com políticas adotadas por diversos países de adição de biocombustíveis na gasolina e no diesel. De acordo com dados da BiofuelsDigest, o número de países que adotaram essas políticas foi de 52, em 2012, para 64, em 2015. Atualmente, o Brasil adiciona 27% de etanol na gasolina e pretende aumentar esse percentual para 27,5% ainda este ano.

Além de açúcar, etanol e bioenergia, o setor pretende avançar na produção de novos produtos com a cana-de-açúcar. Pesquisas apontam que, no curto prazo, o bagaço poderá ser alternativa para melhorar a durabilidade de concretos e argamassas ao substituir a areia natural. Outra inovação seria a produção de carvão ativo à base de bagaço, com custo 20% menor que os concorrentes para uso em processos de filtragem. O setor ainda faz testes do bioquerosene na aviação, tijolos ecológicos produzidos com bagaço de cana e cinza de caldeira, biodetergente e outros produtos. “O potencial da cana-de-açúcar é enorme e deve ser melhor aproveitado no futuro”, destaca estudo da CNI.

DOWNLOAD DO ESTUDO - Faça o download do estudo O setor sucroenergético em 2030: dimensões, investimentos e uma agenda estratégica aqui no Portal da Indústria.

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