Ganhos de produtividade reduzem uso de recursos naturais e eliminam desperdícios, diz Robson Andrade

Presidente da CNI participou da abertura do Encontro Economia Circular e a Indústria do Futuro, realizado pela CNI, ao lado do governador de São Paulo, João Dória

Abertura do Encontro Economia Circular e a Indústria do Futuro, realizado pela CNI, em São Paulo

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, alertou que a sustentabilidade caminha lado a lado com a produtividade e a inovação como caminhos fundamentais para a retomada do crescimento econômico no país. Ele participou nesta terça-feira (24) da abertura do Encontro Economia Circular e a Indústria do Futuro, realizado pela CNI, em São Paulo. “Os ganhos de produtividade reduzem o uso de recursos naturais e eliminam desperdícios. A inovação, por sua vez, introduz novos produtos, processos e modelos de negócios que geram menos impacto ambiental e social”, afirmou.

De acordo com Robson Andrade, a economia circular aparece como alternativa desejável ao modelo linear por ter como base o uso dos recursos naturais com menos desperdício. Ele lembrou que o modelo que ganha espaço em todo o mundo permite que as empresas reduzam custos e perdas, gerem novas receitas e diminuam a dependência de matérias-primas virgens.

“A indústria brasileira tem se utilizado de algumas práticas circulares. O aperfeiçoamento de processos, a eficiência energética, a reciclagem, e o reúso e a recirculação de água são exemplos que permitem a diminuição das despesas de produção, do descarte de resíduos e das emissões”, enfatizou o presidente da CNI.

Robson Andrade destacou que a integração entre setor produtivo, poder público, academia e sociedade é uma condição essencial para que a economia circular se torne uma realidade no país. Ele defendeu uma revisão legislativa na tributação que incide sobre a cadeia da reciclagem, como forma de incentivo a essa prática. “A economia circular mudará a forma como os negócios são conduzidos, impactando setores inteiros. As empresas que se anteciparem na preparação para esse novo cenário sairão na frente”.

Governador de São Paulo, João Dória, participa da abertura do evento ao lado do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade

REFORMAS – Para o presidente da CNI, a retomada do crescimento da economia depende também de ações como a agenda de privatizações e de desburocratização, e de reformas estruturais, com destaque para as reformas Previdenciária e Tributária. “A CNI acredita que a consolidação desse ambiente mais favorável aos negócios deve aumentar a confiança e gerar mais investimentos, estimulando a produção e o consumo a partir do próximo ano”, pontuou. “Um país forte tem uma indústria forte. Para isso, é necessário um ambiente favorável aos negócios, à competitividade e ao desenvolvimento sustentável”, acrescentou.

O governador de São Paulo, João Dória, afirmou que é perfeitamente possível avançar simultaneamente no desenvolvimento econômico e tecnológico, e no progresso ambiental. “Temos a visão clara e objetiva que vivemos em um mundo global e que temos de ser competitivos no mercado internacional. Aprendi que a competitividade é a palavra de ordem”, frisou Dória, que participou da abertura do encontro.

Ele acrescentou que, desde que assumiu o governo, o Estado de São Paulo vem atuando de maneira circular, contemplando no planejamento a ideia de tudo funcionar “360 graus”. O modelo, segundo Dória, já vem demonstrando resultados positivos.

PARCERIA - O governador aproveitou para convidar o setor privado para ser parceiro de São Paulo em projetos e investimentos nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação – áreas em que, conforme Dória, o governo estadual vem aumentando investimentos. Concordando com Robson Andrade em relação à necessidade de uma ampla reforma tributária, o governador aproveitou para criticar a possibilidade do ressurgimento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). 

“Não há outro caminho para o desenvolvimento social que não seja a geração de empregos. Sou contra a criação de novos impostos. O Brasil precisa de mais eficiência. Não posso concordar com CPMF ou qualquer novo imposto”, discursou Dória.

O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) também defendeu a reforma tributária e adiantou que trabalhará para que as mudanças contemplem incentivos para a reciclagem. “Um desafio agora é a reforma tributária no sentido de desburocratizar e simplificar o nosso sistema tributário. Para material reciclável não temos hoje nenhum incentivo”, criticou.

O EXEMPLO DA EUROPA – Também presente à solenidade de abertura do evento, o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, afirmou que a transição para a economia circular é o único caminho para um futuro mais sustentável. Segundo ele, a economia circular deve gerar na Europa, em 2030, uma economia de 600 bilhões de euros, o que significa 8% do faturamento geral das empresas.

“O uso atual de matérias-primas é de 85 bilhões de toneladas por ano e deve aumentar para 186 toneladas até 2050. A demanda por alimentos tende a ampliar em 60% e por fibras, em 80%. Chegou a hora de nos afastarmos da abordagem linear - de comprar, consumir e jogar fora – e seguirmos em direção ao modelo circular. A economia circular fecha o ciclo”, detalhou. “Essa é a melhor solução para um futuro mais próspero para a humanidade”, acrescentou.

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