Com um patamar de investimentos no setor de logística em torno de R$ 15 bilhões anuais, o Brasil precisa de um salto para suprir os gargalos e, nos próximos cinco anos, chegar à marca anual de R$ 100 bilhões. A solução para a equação pode estar ligada a importantes melhorias em planejamento e gestão, de acordo com especialistas reunidos nesta quarta-feira (30) na quarta edição do bate-papo virtual Rumos da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Uma prova do forte potencial de atração de investimentos na infraestrutura brasileira é que a carga não para de crescer, mesmo com congestionamentos e deficiências que temos hoje. Diferentemente do setor de energético, não temos apagão, mas temos um transporte mais caro e mais lento. Por isso, é muito importante avançar em planejamento e gestão”, afirmou o gerente-executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, durante o debate.
Pautados pela divulgação do Projeto Centro-Oeste Competitivo, que aponta 106 obras prioritárias para ampliar a infraestrutura de transporte de cargas na região, os especialistas discutiram sobre os principais gargalos da infraestrutura.
"É importante que o Brasil seja mais eficiente na execução de obras. Estamos crescendo muito em produção, e esses investimentos sofrem com a falta de logística. Precisamos mudar e garantir que isso saia do nível de planejamento, que esses projetos se transformem em entregas de obras", acredita Olivier Girard, diretor da Macrologística, empresa responsável pelo estudo.
ENTRAVES NO CENTRO-OESTE - De acordo com o estudo, apenas 19 das 106 obras prioritárias para o Centro-Oeste estão em andamento, o que equivale a 16,4% dos investimentos necessários. A maior parte desta demanda está voltada a ferrovias e portos, enquanto a prioridade do governo, a curto prazo, é a malha rodoviária.
“Quando o governo faz uma intervenção, o foco não é pontual, mas estrutural”, defendeu o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Segundo ele, os trechos previstos nos projetos rodoviários potencializam o escoamento de cargas na região, e também precisam ser priorizados.
“A ferrovia é interessante porque reduz o custo do transporte, mas temos de trabalhar também no sistema rodoviário, que tem problemas estruturais. O Brasil tem uma frota velha, com média de idade de 18 anos, e motoristas andando com excesso de horas. Isso não é sustentável. Se nós não atacarmos o problema de curto prazo, não chegaremos no longo prazo”, concluiu.
CABOTAGEM – Vista como uma alternativa de baixo custo, a navegação de cabotagem tem grande potencial logístico e competitivo. “Precisamos de abrir esse mercado para operadores e navios externos. A cabotagem só se solidifica como alternativa logística se dermos choque de ofertas, ou seja, se tivermos oferta de navios e de linhas de cabotagem ao longo da costa”, pontuou Figueiredo.
Em virtude do crescimento das atividades da Petrobras com a descoberta de reservas petrolíferas na camada pré-sal, as demandas de navegação na costa brasileira estarão em alta nos próximos anos. “A cabotagem tem de se libertar das teias da época que foi criada, voltada para o desenvolvimento da indústria naval. Com pré-sal, os estaleiros têm encomendas até 2021. É o momento de enfrentar a cabotagem”, sugeriu o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Ramos Torres de Melo.
HANGOUT - Esta foi a quarta edição do Rumos da Indústria, que promove debates sobre relevantes temas para a sociedade brasileira. O bate-papo é realizado via hangout, ferramenta de videoconferência da rede social Google+ que permite transmissões ao vivo.
Assista ao vídeo com a íntegra do hangout sobre logística:
LEIA TAMBÉM:
29.10.2013 - Logística do Centro-Oeste precisa de R$ 36,4 bilhões em investimentos até 2020
29.10.2013 - Planejamento da infraestrutura precisa ouvir necessidades do setor produtivo
30.10.2012 - Nordeste precisa de R$ 25,8 bilhões para garantir escoamento da produção
28.08.2012 - R$ 70 bi para superar gargalos de transportes da região Sul
20.07.2011 - Acesse a apresentação do projeto Norte Competitivo