SENAI forma a primeira mecânica de máquinas florestais do Maranhão

Com 30 anos, Mayranne é a única mulher que ainda atua em campo no Brasil. Como ela, outras mulheres buscam qualificação para ingressar em áreas antes ocupadas, principalmente, por homens

Mayranne diz não ter encontrado nenhum tipo de dificuldade no mercado de trabalho de máquinas

Mulher, jovem e mecânica de máquinas florestais. O perfil não é comum no cenário da área de Mecânica, mas Mayranne Melo, 30 anos, é exemplo de parte das transformações no mercado profissional. Ela abandonou a carreira de representante comercial e, com um curso técnico do Serviço Nacional de Apredizagem Industrial (SENAI), se transformou na primeira mecânica de máquinas florestais do Maranhão e a única que ainda atua em campo no Brasil. 

May, para os íntimos, viu a vida mudar antes mesmo de concluir o curso técnico de Mecânico de Máquinas Florestais - criado pelo SENAI, em parceria com a multinacional de papel e celulose Suzano

Ela foi chamada para trabalhar na empresa 15 dias antes de pegar o diploma e lembra como foi gratificante. "Me falaram que buscavam uma mulher para o cargo e fui indicada pelos meus professores. Fiquei muito feliz, pois antes do curso, eu nunca nem tinha pego nas ferramentas", conta a maranhense.

Para ingressar nas aulas, ela passou por um processo seletivo que começou com 500 inscritos e foi se afunilando, até fechar em 40 alunos, que compuseram a turma. O diploma veio no início da pandemia de Covid-19, quando May concluiu o curso com algumas aulas on-line, mas o emprego já estava garantido.

Com área profissional em alta na região, salário acima da média e com possibilidade real de crescimento no setor florestal, May diz não ter encontrado nenhum tipo de dificuldade no mercado de trabalho de máquinas. Ainda assim, ela sabe que, mesmo com avanço crescente de mulheres na busca por essa qualificação, o ramo é majoritariamente masculino.

“Sinto-me orgulhosa em quebrar estereótipos e paradigmas e ser a primeira mecânica de máquinas florestais de campo na Suzano a nível de estado. Eu fui em busca de uma qualificação técnica e hoje estou sendo direcionada para mais um sonho, cursar engenharia mecânica”, diz ela.

Mayranne e a máquina florestal cor-de-rosa que fez manutenção, no Maranhão

May lembra da manutenção que fez em uma máquina florestal cor-de-rosa e conta que a empresa pensa em aplicar a cor em outros equipamentos. Para ela, gestos como esses são uma forma de reconhecimento e servem como incentivo para mulheres de todo país seguirem na área que quiserem.

Dados de mulheres no mercado de trabalho

No Brasil, o percentual de empresas com pelo menos uma mulher em cargos de liderança é de 93% em 2019, um salto considerável em relação aos 61% em 2018, segundo a última edição da International Business Report (IBR) – Women in Business 2019, pesquisa da Grant Thornton com mais de 4,5 mil empresários no mundo.

Segundo dados do Sistema de Gestão Escolar (SGE) do SENAI do Maranhão, nos últimos três anos, foram qualificadas mais de 39 mil mulheres em todo o estado, o que corresponde a 32% do número de matrículas. Só em 2019, foram capacitadas 10.125 mulheres em diversos cursos de iniciação, formação profissional, aprendizagem industrial e técnico.

“Há muitos desafios, em função da divisão sexual no mercado de trabalho que valoriza os trabalhos considerados masculinos e onde a presença das mulheres é ainda mais hostilizada. Portanto, quando as mulheres ocupam essas áreas é sempre uma conquista, um avanço, motivo de orgulho. Além de possibilitar a presença das mulheres nesses espaços, é importante que haja medidas de combate às práticas de discriminação para que elas exerçam suas atividades com dignidade”, ressalta a pesquisadora de gênero no mercado de trabalho Janaina Amorim.

May é a primeira mecânica de máquinas florestais do Maranhão e a única que ainda atua em campo no Brasil

A importância dos incentivos profissionais

As empresas têm contribuído significativamente para essa nova realidade. Muitas vêm reconhecendo o papel e a competência das mulheres nessas ocupações, inclusive promovendo programas voltados para a formação de mulheres em ocupações historicamente masculinas.

É o caso da Suzano, que além do programa de diversidade, é uma das empresas brasileiras que assinou com a Organizações das Nações Unidas (ONU), compromisso que estabelece uma meta de contratação de 30% de mulheres em cargos de alta liderança até 2025 e, opcionalmente 50% até 2030.

De acordo com o gerente-executivo de Operações Florestais da empresa Suzano, Carlos Alberto Nassur, essa meta fortalece os direcionadores de cultura da companhia, como gerar e compartilhar valor. 

“Queremos reforçar o nosso compromisso em continuar abrindo portas para que cada vez mais mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTI+ tenham espaços significativos em qualquer área da companhia e seguiremos adotando práticas de apoio à diversidade que possam inspirar positivamente nossos colaboradores dentro e fora do ambiente de trabalho, contribuindo para um cenário corporativo livre de preconceitos”.

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