Ver a roupa de um conhecido e perguntar onde foi comprada é um hábito comum. Mas quando se trata de peças íntimas – como lingerie – isso não acontece com tanta frequência. Em 2006, para alguns isso seria um obstáculo para começar um negócio, mas para Christina Lamounier Gontijo, 52 anos, foi motivação. O que começou como uma revenda modesta virou um negócio próprio, que encantou brasileiros, norte-americanos e dinamarqueses.
Formada em administração e pós graduada em marketing, a empresária decidiu vender lingeries na sala de um prédio comercial em Belo Horizonte e, atualmente, exporta produtos para a Dinamarca e Estados Unidos.
Quando ela começou, as redes sociais ainda não eram um canal de vendas com tanta aderência como nos dias atuais. O Instagram, por exemplo, ainda nem existia.
“Me chamaram de louca, pois a minha loja era em uma sala, em um prédio. As pessoas não entendiam, mas o meu objetivo era esse: ser diferente. Ser inovadora”, relembra a dona da Chris Gontijo Loungewear, que agora tem mais de 23 mil seguidores na rede social.
Na primeira versão da empresa, Chris comercializava lingeries selecionadas, mas não eram de confecção própria. Só em 2007 que a mineira começou a produzir as próprias peças. “Foi um trabalho de formiguinha. A divulgação era boca a boca, mas o propósito sempre foi o mesmo: oferecer uma lingerie premium”, explica.
Com o passar dos anos, a empresária percebeu que havia se acomodado com o sucesso das peças e, para surpreender os clientes, decidiu aumentar o catálogo da empresa mais uma vez. Assim, em 2016, surgiu a primeira coleção de camisolas e pijamas da Chris Gontijo.
A nova linha agregou o termo loungewear – que significa roupa de lazer - à marca mineira e, com isso, o objetivo da empresária se tornou oferecer pijamas de luxo confortáveis que podem ser usados dentro e fora de casa.
Em paralelo a criação das novas peças, Christina decidiu tocar outro sonho: exportar. No mesmo ano, ela e quatro funcionários procuraram formas de se especializar para oferecer os produtos para fora do Brasil. “Refizemos as embalagens, estudamos a melhor forma de envio, colocamos todo o nosso material em inglês e outras línguas”, detalha ela.
A equipe participou do Programa Rota Global, realizado pela Rede de Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), e do Programa de Qualificação para Exportação oferecido pela Apex-Brasil (PEIEX). Um ano depois, decidiram ingressar no mercado internacional e a primeira venda foi feita para um dinamarquês, que se surpreendeu com os produtos e decidiu manter a parceria. “Ele fez uma nova compra em 2018, elogiando a empresa, que atendeu a todos os pré requisitos e superou as expectativas”, conta Chris
A empresária ainda destaca que uma parte fundamental para o crescimento da loja é o trabalho de pesquisa. Ela conta que os relacionamentos com entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), entre outras, foi feito por meio da internet e das redes sociais. Principalmente, durante a pandemia de Covid-19.
Entretanto, Chris não dispensa os encontros pessoalmente. “As redes sociais ajudam sim, mas ainda acredito que o presencial é muito importante”, reforça a empresária que está se preparando para participar de feiras internacionais quando puderem ser realizadas.
Durante a pandemia, a equipe da Chris Gontijo Loungewear cresceu para sete funcionários, sem contar os serviços terceirizados. A procura pelos produtos também aumentou e o lançamento mais recente da marca foi a coleção Brasiliana, inspirada na cultura brasileira com estampas feitas à mão.
Ações que inspiram
Como forma de valorizar o trabalho dos parceiros e agradar a clientela, Christina encontrou destino para materiais que seriam descartados como o papel que é utilizado para estampar os tecidos. Ele é reaproveitado nas embalagens dos produtos e no “caderninho da gratidão” – brinde dado as clientes.
“Nós criamos esse caderno no início da pandemia e demos para as nossas clientes como incentivo para que elas aproveitassem os dias e escrevessem no ‘caderninho da gratidão’ os motivos para estar passando por essa fase com felicidade”, conta a mineira.
Além disso, a Chris Gontijo Loungewear colabora com o Hospital Mário Pena, Cemar e, se tornou, recentemente, embaixadora do Instituto Mano Down, que busca inclusão e desenvolvimento de pessoas com síndrome de Down. “Brinco que tecido dá filhotes, por isso, nós reaproveitamos em chinelos, em sacolinhas e, ainda assim, doamos bastante material que sobra”, completa Chris, que também doa retalhos para instituições carentes utilizarem em peças e venderem em bazares.
Para o futuro, a Christina estuda as possibilidades de participar de imersões com os produtos da marca. “Eu tenho capacidade de produção, tenho um produto de sucesso e um preço competitivo. Aonde nós tivermos que enviar, nós vamos enviar”, afirma ela.