Ampliação de exportações teria impacto de R$ 376 bi sobre a economia

Alta na participação no comércio mundial de industrializados dos atuais 0,6% para 0,8% contribuirá para crescimento econômico e para a geração de empregos no Brasil

Alta de 28% na venda de manufaturados também teria impacto na preservação de mais de 3 milhões de empregos no Brasil

Uma elevação na participação do Brasil no comércio mundial de produtos industrializados, dos atuais 0,6% para 0,8%, representará uma alta de US$ 21 bilhões por ano nas exportações brasileiras e um impacto de R$ 376 bilhões na economia do país, considerando os impactos diretos, os indiretos e os sobre a renda. Também contribuirá para a sustentação de mais de 3,07 milhões de empregos ao longo da cadeia de produção desses bens.

A projeção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considera o cenário em que o Brasil voltaria ao pico da participação mundial na exportação de manufaturados nas últimas duas décadas, de 0,8%, entre 2005 e 2008. Com isso, a venda desses bens passaria de US$ 82,2 bilhões por ano para US$ 105,3 bilhões por ano, uma alta de 28,1%.

Dados compilados pela CNI, com base nas informações do IBGE, mostram que cada US$ 1 bilhão exportado/ano tem um impacto de R$ 4,4 bilhões sobre a economia brasileira (direto, indireto e sobre a renda) e contribui para a sustentação de 36.004 empregos.

O Brasil ampliou sua participação no comércio mundial ao longo das últimas duas décadas – de 0,9% para 1,2% das exportações mundiais –, mas a fatia nas exportações de produtos industrializados diminuiu, sobretudo desde 2008, período no qual a parcela caiu de 0,8% para 0,6% do total.

O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, afirma que, em um mercado cada vez mais competitivo, essa redução nas exportações indica, de um lado, a guinada que o Brasil precisa dar para ampliar sua inserção no mercado mundial. De outro, o quanto esse movimento pode contribuir para a retomada da economia brasileira no pós-pandemia.


“O Brasil precisa desenvolver uma política comercial completa, com uma abertura comercial que seja combinada com o aumento da competitividade de nossos bens e serviços no exterior. A peça-chave dessa agenda de competitividade é a reforma tributária. Sem ela, não há como o país disputar os mercados de igual para igual com as principais economias desenvolvidas e emergentes”, afirma o diretor.


Debates do Encontro Nacional da Indústria 2020
 

O desafio de recuperação da economia e o papel do comércio exterior serão debatidos no painel Inserção internacional como estratégia para a retomada da indústria, durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI) 2020, de 17 a 18 de novembro. 

O debate será mediado pelo presidente do Grupo FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri. Também terá a participação de Simon Evenett, professor de comércio internacional e desenvolvimento econômico na Universidade de St. Gallen e coordenador do Global Trade Alert, e de Tatiana Prazeres, sênior fellow na Universidade de Negócios Internacionais e Economia em Pequim e ex-secretária de Comércio Exterior do Brasil.

Para Abijaodi, essa agenda inclui um dever de casa que deve ser feito por governo e setor privado no Brasil. Ele vai desde a realização de reformas estruturais para a economia brasileira, como a tributária e a administrativa, até o investimento que empresas precisam realizar em inovação e no desenvolvimento tecnológico de produtos e processos.

Ele observa que, desde 2001, enquanto o Brasil perdeu participação nas exportações mundiais de manufaturados, a China ampliou a sua de 5,2% para 17,6%. De um lado, a China reformulou sua agenda interna, em termos de tributação, inovação e educação, com efeitos positivos no desenvolvimento do país e em sua participação no comércio mundial.

A indústria brasileira tem chamado atenção, no entanto, para a importância de o Brasil ter instrumentos para lidar com concessão de subsídios pela China a alguns setores de sua indústria e a alguns produtos. Estudo da CNI mostra que, apenas em 2019, o Brasil importou US$ 5 bilhões em produtos com subsídios condenados.


“Com o aumento da concorrência desleal no comércio internacional, torna-se ainda mais urgente o fortalecimento de nosso sistema de defesa comercial. Além de combinar nossa agenda de abertura comercial com a redução de custos, nós precisamos nos resguardar de práticas desleais de mercado”, diz Abijaodi.


A agenda defendida pela CNI inclui ainda temas como de governança do comércio exterior; redução de barreiras em terceiros mercados; facilitação e desburocratização do comércio exterior; logística e infraestrutura do comércio exterior; tributação do comércio exterior; e financiamento e garantias às exportações.

“Não podemos perder a oportunidade para enfrentar os problemas internos que prejudicam nossa competitividade. É preciso combinar medidas que enfrentem o Custo Brasil, estimulem a inovação, simplifiquem o pagamento de tributos e melhorem nosso ambiente econômico”, afirma Reginaldo Arcuri, presidente da Coalização Empresarial Brasileira (CEB) e do Grupo FarmaBrasili (GFB).

Com Covid-19, exportações de produtos industrializados brasileiros caiu 20%

Números compilados pela CNI mostram que, com a crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, as exportações de produtos manufaturados brasileiros caíram 20% no acumulado de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período de 2019. As importações de industrializados recuaram 13%. Houve uma queda de 8% nas exportações totais e de 14% nas importações na mesma base de comparação.

Empresas ouvidas pela CNI relataram que as exportações foram mais afetadas negativamente pela pandemia para Argentina – já impactada por anos de crise econômica no país vizinho –, Chile e Estados Unidos. No caso das importações, as mais as impactadas são as oriundas da China, Estados Unidos e Alemanha. Investimentos foram mais afetados negativamente pela pandemia na China, EUA e Alemanha.

Os empresários reportam ainda preocupação com redução nas vendas e na produção e com aumento de preço da matéria-prima.

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