O doce sabor das conquistas

Competidor, professor e empreendedor: ex-aluno do SENAI abriu ateliê de doces finos, em Alagoas, e dá aulas de Confeitaria em todo o Brasil

Quando pequenos, brincamos de várias coisas. Jogamos bola, vídeo game. Fazemos comida para os amigos e mesmo para os brinquedos. Às vezes, tudo isso fica no passado. Mas também pode acontecer de uma brincadeira ser a pista do profissional que vamos nos tornar. Foi assim com o ex-aluno do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) Douglas Santos, 21 anos. Ele, que gostava de criar pratos e cardápios na infância, hoje tem o próprio ateliê de bolos confeitados e diversos prêmios na estante. 

O alagoano demonstrou curiosidade para trabalhos manuais e detalhistas ainda pequeno. No início, ele se encantou com biscuit - massa de modelar produzida a partir da mistura de amido de milho e cola branca para porcelana fria - por ver as mini esculturas da mãe, Adriana Maria da Silva, 38 anos. Depois passou a dar outra cara para alimentos simples e viu que, na verdade, queria mesmo era estar envolvido com a culinária. 

Em 2016, Douglas conquistou duas medalhas de ouro na primeira competição

“Minha mãe estava me contando outro dia que, quando eu era criança, pegava cocadinhas, refrigerante, biscoitos e outras coisas para brincar de buffets aqui em casa. Nem imaginava que hoje seria o que sou”, lembra o gastrólogo.

CARREIRA - O tempo foi passando e o gosto pela cozinha cresceu em Douglas. Aos 12, ele passou a fazer bolos confeitados e a família notou o talento do jovem. Mas faltava uma coisa: qualificação. Então, em 2015, o alagoano ingressou no curso de Bolos Artísticos no SENAI e lá descobriu as possibilidades de crescimento e as competições que a instituição realiza.

“Fiquei curioso porque as professoras usavam dólmã com o nome da Olimpíada do Conhecimento. Quando me explicaram, de cara, eu falei que queria participar da próxima competição e eles ficaram de me ligar. Brinco que o crime delas foi me mostrar a flor de chocolate porque eu fiquei louco para aprender aquele negócio”, conta o jovem, que foi convidado para competir em 2016 e conquistou duas medalhas de ouro em sua primeira participação, em Brasília.

Desse momento em diante, ele passou a conciliar a faculdade de Gastronomia com as preparações do SENAI, pois se apaixonou pelas competições. Na época, o objetivo era representar o Brasil na maior competição de profissões técnicas do mundo, a WorldSkill. Tamanho foco lhe rendeu mais uma medalha na carreira gastronômica.

INTERNACIONAL - O terceiro ouro, garantido na seletiva para a WorldSkills 2019, foi a abertura de horizontes de Douglas. Ele foi convidado pelo SENAI para participar World Bakers Confectioners, competição mundial na área de confeitaria promovida pela International Union of Bakers and Confectioners (UIBC), na Alemanha.

Em Munique, competidores de sete países participaram de 13 horas e meia de provas, divididas em dois dias. Entre os desafios, os alunos deveriam apresentar dois entremets decorados - um tipo de torta francesa mais elaborada - e uma escultura de açúcar com tema livre. Douglas optou pelo tema “Fundo do mar” e conquistou o 5º lugar.

"Foi transformador. Parece que tinha uma plaquinha na minha frente indicando apenas um caminho e, quando eu fui para o exterior, vi que existe um leque, um mundo de coisas para explorar. A gente pode se destacar lá fora", conta o alagoano.

Ele fez uma escultura de açúcar com o tema Fundo do Mar na Alemanha

De volta ao Brasil, outros prêmios foram conquistados para rechear a estante do jovem, como o troféu de Melhor Confeiteiro e professor de Confeiteira de Alagoas 2019 e o troféu Cake Designer. Ele também passou a ministrar cursos e workshops nas cidades próximas e em outros estados. 

Os conhecimentos adquiridos nos cursos e nas viagens auxiliaram o jovem na criação e aprimoração do próprio negócio. O Instagram é uma das redes sociais utilizadas por Douglas para divulgar os trabalhos e gerenciar a agenda e encomedas. O que antes era elaborado em casa, passou a ser feito em um ateliê em Maceió e ele quer mais.

"Quero abrir minha confeitaria. Contratar pessoas para me ajudar, pois faço as coisas sozinho e, as vezes, peço ajuda para minha mãe e minha prima. Quero uma equipe maior. Mas além disso, quero ser instrutor do SENAI e passar o conhecimento que adquiri para outros, treinar outros competidores", destaca Douglas sobre os planos para o futuro.

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