Conheça o guarda-sol que, além de sombra, gera energia capaz de carregar celular e tablet

Ombrelone Solar pode recarregar celulares e tablets. Produto teve apoio do Edital de Inovação para a Indústria e beneficiou moradores de comunidades, que ajudaram a montar o equipamento

Quando a gente fala em sol e Rio de Janeiro qual a primeira imagem que vem à sua cabeça? Praia? Mar? Na capital fluminense, o sol brilha na maior parte dos dias. E ter uma fonte de energia assim à disposição, grande parte do tempo, foi a inspiração para dois empreendedores que buscavam formas de melhorar a vida das pessoas.  

Em 2013, Henrique Drumond e Michel Baitelli começaram a pensar em maneiras de usar a energia solar em comunidades de baixa renda. Foi assim que surgiu a empresa Insolar, negócio social com a missão de promover e democratizar o acesso a energia solar no Brasil, gerando impacto positivo para a comunidade, o meio ambiente e a economia.

Eles começaram instalando painéis solares fotovoltaicos para aumentar a autonomia energética de instituições comunitárias em favelas cariocas. O trabalho sempre contou com a parceria de pequenos empreendedores, lideranças comunitárias, ONGs, consulados, e grandes empresas de energia. A Insolar fazia o treinamento de mão de obra e oferecia oficinas para mostrar às pessoas como aproveitar melhor a energia gerada, além de qualificar moradores para o mercado de energia elétrica e solar. 

Além das instalações solares nas favelas, que contribuíam para que os beneficiários reduzissem suas contas de energia, a Insolar começou a investir em novas formas de promover a tecnologia solar. E uma das principais inovações foi o Ombrelone Solar - o “guarda-sol” que recarrega aparelhos celulares e tablets com a energia do sol.

O produto impacta positivamente a vida dos moradores do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, onde já foram montadas diferentes versões do Ombrelone Solar encomendadas por organizadores de grandes eventos. Quando a empresa recebeu as primeiras encomendas, foram os moradores de comunidades cariocas que montaram os equipamentos, o sistema elétrico e fotovoltaico e, muitas vezes, deslocaram-se até o local do evento para a montagem e o acabamento final.

Esses profissionais, intitulados "embaixadores Insolar", são moradores de comunidades que participaram de um processo de capacitação de pelo menos 100 horas, oferecido no âmbito dos projetos da Insolar Comunidades – braço estratégico da empresa com atuação em comunidades urbanas. Desde 2015, a Insolar Comunidades já instalou ou obteve a aprovação para instalação de mais de 700 painéis solares em favelas cariocas.

“É gratificante saber que essa inovação nasceu de forma colaborativa, foi desenvolvida por diferentes centros tecnológicos do SENAI, foi montada em uma favela do Rio de Janeiro por profissionais de diferentes competências, e já viajou por três continentes diferentes promovendo um produto nacional. Digo, com orgulho, que o Ombrelone Solar é Made in Brazil, é Made in Santa Marta”, comemora Henrique Drumond.

Produto foi apresentado em desafio pela inovação 

O Ombrelone Solar nasceu em uma roda multicultural e multissetorial no Grand Prix SENAI-SESI de Inovação, iniciativa em que jovens empreendedores se organizam em grupos para apresentar, durante 72 horas corridas, soluções inovadoras para problemas da sociedade. Representando a empresa Insolar, Henrique Drumond estava ali, entre finlandeses e brasileiros, estudantes e especialistas, idealizando e co-criando novos modelos de negócio para o setor de energias renováveis.

“A ideia foi uma das finalistas, e seguiu pré-selecionada para o Edital de Inovação para a Indústria 2015, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Serviço Social da Indústria (SESI), quando recebemos o apoio financeiro e iniciamos um trabalho que envolveu vários Institutos de Tecnologia do SENAI de diferentes estados do país”, conta.

Ainda na fase de prototipação, a Insolar recebeu o convite para instalar algumas unidades no Campo de Golfe, onde foram realizadas as competições das Olimpíadas Rio 2016. Graças a esse convite, a empresa teve a oportunidade de identificar as melhorias necessárias para aperfeiçoar o produto, assim como simplificar e acelerar o seu processo de montagem e desmontagem. 

Ombrelone foi instalado em alguns locais de competição das Olimpíadas Rio 2016

A tecnologia captou o interesse dos frequentadores do evento por ser um “guarda-sol”, oferecendo sombra e proteção UVA e UVB e, ao mesmo tempo, permitindo que seus usuários recarregassem aparelhos eletrônicos portáteis enquanto assistiam às competições. 

Entre a ideia e o produto final, foram 18 meses de criação do produto, que tem um pedido de patente protocolado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O sistema funciona com placas fotovoltaicas que captam a energia solar durante o dia, em períodos com boa incidência solar, e enviam essa energia para a base do Ombrelone, onde é armazenada em baterias que, por sua vez, alimentam as saídas USB. 

As versões mais recentes ainda permitem a recarga de aparelhos celulares por indução magnética, dispensando fios e tomadas. “A bateria é fundamental para garantir o funcionamento do Ombrelone Solar mesmo durante a noite e em dias nublados, com pouca incidência solar”, observa Henrique. 

Futuro promissor da energia solar no Brasil

O uso de uma fonte de energia renovável para recarga de aparelhos celulares em locais que antes não tinham acesso a energia gerou novas oportunidades de negócio para uma demanda já conhecida por frequentadores de lugares abertos sem disponibilidade de pontos de fornecimento de energia. “Novos produtos e novas aplicações para a tecnologia solar impulsionam o interesse e os investimentos na tecnologia fotovoltaica, que ainda tem muito potencial de crescimento em nosso ensolarado Brasil”, acredita Henrique.

Apesar de o produto atender públicos com perfis bastante variados, não há como dissociar o Ombrelone Solar da sua vocação social. A inovação tem a colaboração e o compromisso social no seu DNA. Uma das melhorias do design, por exemplo, foi encomendada à ONG Mulheres do Sul Global, que trabalha com mulheres refugiadas no Brasil. 

“Hoje, por meio da Insolar Comunidades, estamos expandindo nossa atuação para mais 14 comunidades, com amplas parcerias e o apoio do Fundo Socioambiental Caixa. Ingressamos também na cidade de São Paulo, em parceria com a Prefeitura local, e com o apoio de grandes empresas como a Shell - que apostou na Insolar desde o início da operação, e a Fronius – com quem iniciamos uma promissora parceria no ano passado. 

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