Empresas de olho em novos talentos

Natália Luzzi começou na Bosch como bolsista do programa Inova Talentos. Em dois anos, foi contratada como engenheira da empresa. A trajetória em projetos de inovação envolveu, ainda a tutela de jovens talentos

Apresentar para a Bosch soluções inovadoras para o plantio de grãos levou a engenheira mecânica, Natália Vialli Luzzi, 25 anos, a ser contratada no ano passado.

A história dela com a empresa começou em 2017, mesmo ano da graduação na Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Ingressei na Bosch como bolsista desenvolvendo projeto de inovação”, conta Luzzi. Ela foi selecionada pelo Inova Talentos - programa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Atribuo a contratação ao meu desempenho no projeto Star-Stop e no Desenvolvimento de Tecnologia de Inteligência para máquinas agrícolas de semeadura, que possibilita ao agricultor avaliar a qualidade do plantio com precisão na deposição de sementes. ”

Hoje a solução está em teste em fazendas de diferentes regiões do país. São mais de 40 mil hectares plantados com funcionalidades de controle de espaçamento e de sobreposição de sementes; corte de linha a linha, estatísticas de qualidade do plantio, compensação de curva e plantio com mapa de prescrição.

Para o superintendente nacional do IEL, Eduardo Vaz, as empresas se interessam pelos jovens talentos por vários motivos. Dentre eles a interação do bolsista com as últimas tendências de mercado, o conhecimento acadêmico e a absorção das orientações diárias da organização recebidas durante todo o desenvolvimento da inovação.

“Somado a todos esses fatores está a conciliação entre as características da Natália e o perfil do desafio inovador proposto pela Bosch. Ela foi selecionada porque tinha todo o potencial para alcançar bons resultados. Durante os dois anos, a bolsista fez o dever de casa, trabalhou bem e conquistou o respeito de gestores. O resultado não poderia ter sido diferente, a Bosch absorveu uma profissional qualificada, preparada e que agrega valor à equipe, área, projetos, enfim, à empresa como um todo”, avalia Vaz. 

“Mostrei que estava preparada para ocupar a vaga e deixei clara a minha motivação com o desafio nas entrevistas. Quando cheguei na Bosch fiz uma imersão no projeto, participei de eventos e aproveitei a disponibilização de bibliografias para conhecer ainda mais a proposta”, conta Luzzi.

Além dos conhecimentos adquiridos, a bolsista pode contar com suporte técnico da equipe para o desenvolvimento das atividades direcionadas a análise técnica de sistemas. O trabalho demandou estudos de processos para a informação envolveu plano de testes, documentação e análise de risco.

4 motivos que vão te convencer a participar do Inova Talentos 

Natália Luzzi teve o apoio do tutor, o engenheiro de projetos Gabriel Martinez

A definição da arquitetura e funcionalidade do sistema foram alinhadas à realidade da cadeia agrícola, o que demandou entrevistas, visitas de campo, entre outras ações com agricultores, empresas de agronegócios, de implementos e universidades.

As soluções inteligentes, com conectividade em máquinas agrícolas proporciona o plantio mais eficiente, maximiza a lucratividade da lavoura, melhora o aproveitamento dos recursos naturais do planeta, impacta diretamente o bem-estar do ser humano, enfatiza o contexto do crescimento populacional e contribui para o desenvolvimento sustentável.

Grande parte do crescimento profissional Luzzi atribui ao bom desempenho do tutor, engenheiro de projetos Gabriel Martinez, de 27 anos. “Ele foi presente, deu dicas valiosas, disse o que era importante para a empresa em relação ao projeto e me orientou para a conquista dos bons resultados”, declara a engenheira, que também se espelha nas ações do tutor para também realizar o trabalho como tutora.

Para ela, uma das funções mais importantes de um tutor é o de agente facilitador de integração entre jovens talentos e demais profissionais dos departamentos ligados ao projeto. A contribuição no desenvolvimento de diversas competências e habilidades do bolsista passa pelo incentivo à busca de subsídios nos demais setores, inclusive na planta da fábrica, como condução ao aprendizado prático.

Entre as experiências mais relevantes ela cita o feedback dos usuários e ensina que é preciso saber ouvir e entender quais são as dores dos usuários para disponibilizar uma solução que realmente faça a diferença. Esse envolvimento, além de todo o conhecimento possibilitou a bolsista participar de ricos debates travados nas equipes multifuncionais, assim como a colaborar na construção de conceitos e a solucionar problemas.

A partir daí foi um passo para adquirir visibilidade. Em várias oportunidades apresentou o trabalho para outras pessoas da empresa, garantiu a network e no segundo ano da bolsa, segura da qualificação profissional, participou do processo de seleção da Bosch e foi aprovada.

“Nada poderia ser mais importante para a minha vida profissional do que ser admitida como engenheira de produto e saber que o resultado do meu trabalho é importante para empresa, para o cliente final, para o mercado, para o país e para eu acreditar na evolução da minha carreira”, finaliza Luzzi.

“Participei da concepção e seleção do projeto, imergi na experiência do usuário, no modelo de negócio, realizei prototipagem, simulando o funcionamento da inovação e trabalhei o desenvolvimento técnico da solução”, conta Natália

A Bosch e o Inova Talentos

A experiência da empresa com o programa vem desde o primeiro edital em 2013. De lá para cá a empresa soma o desenvolvimento de 115 projetos de inovação e a contratação de 42 bolsistas. Atualmente 27 projetos estão sendo executados por 38 bolsistas nas plantas industriais dos municípios de Campinas e Itatiba (SP), na capital Curitiba (PR) e na cidade de Pomerode (SC). Hoje, cerca de 10% dos pesquisadores do quadro atual da empresa são bolsistas. 

O interesse da empresa se explica pelo aspecto facilitador e de vanguarda da iniciativa. Ações inovadoras são viabilizadas com a participação de jovens talentos selecionados de acordo com o perfil do desafio proposto pela organização, sem que a empresa precise trabalhar a relação com o meio acadêmico. Além da expansão de horizontes a partir de temas tratados sob diferentes pontos de vista, o que inibe o condicionamento da indústria na busca de soluções sempre similares.

Entre os projetos desenvolvidos na Bosch por meio do Inova Talentos estão os voltados a soluções para mobilidade mais limpa, segura e confortável, como por exemplo, o eletronic Clutch System (e-Clutch), sistema que aciona eletronicamente a embreagem e proporciona conforto e economia de combustível, além da bomba de combustível Evolution que resulta em menor consumo de combustível e emissões de CO2.

Outras inovações são alinhadas à Indústria 4.0 e ao agronegócio como o Intelligent Planting Solution, que proporciona precisão no plantio por meio de dados coletados por sensores, além o Smart Livestock - criação inteligente de pesagem em tempo real do gado dentro do seu habitat natural. O sistema atua por meio da internet das coisas (Big Data), enquanto o pecuarista acompanha o rebanho via aplicativo. 

O Inova Talentos também Deu Certo!

O programa em 2019 selecionou e capacitou 309 bolsistas, entre eles universitários, graduados, mestres e doutores e atendeu os projetos inovadores de 70 empresas, institutos de ciência e tecnologia (ICTs), órgãos do governo e entidades do terceiro setor. A iniciativa que transforma pesquisa em produtos e processos oferece consultoria acompanhamento e avaliação de desempenho aos bolsistas.

Entre as organizações parcerias, que tiveram projetos de inovação selecionados pelo programa e custearam as bolsas no ano passado estão: Bradesco, Whirlpool, Unilever, Braskem, Natura, Rhodia, WEG, Lenovo Brasil e Ford Motor Company Brasil Ltda e a Bosch.

A determinação do mérito dos projetos encaminhados pelas empresas cabe ao parceiro CNPq. Os analistas da instituição, responsáveis pela emissão de parecer técnico analisam e recomendam, com apoio dos assessores de instituições de pesquisa, projetos para resolver desafios das empresas por meio do desenvolvimento de pesquisa de inovação.

Segundo o diretor de Cooperação Institucional do CNPq, Vilson Almeida, a taxa de empregabilidade imediata dos pesquisadores envolvidos nesses projetos chega a mais de 50%.

“As empresas participantes estão aumentando o número de projetos no programa, consequentemente há um aumento no número de empregos dos profissionais qualificados promovendo melhorias em produtividade e valor agregado para essas organizações. A mesma iniciativa que está proporcionando maiores lucros para empresas, também está ofertando mais empregos para profissionais qualificados no país”, pondera Almeida. 

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