Ao infinito e além

Ex-aluno do SESI, Briant Moreira trocou a Medicina pela Engenharia de Software e encontrou, por conta própria, a existência de 37 planetas fora do sistema solar. Após descoberta, jovem foi convidado para trabalhar na NASA, nos Estados Unidos

A frase “o céu é o limite” não se encaixa na realidade do ex-aluno do Serviço Social da Indústria (SESI) Briant Moreira de Oliveira, 23 anos. Na verdade, assim como o patrulheiro espacial Buzz Lightyear, dos filmes animados Toy Story, ele pensava no infinito e além. O estudante de Engenharia de Software descobriu 37 planetas fora do sistema solar por conta própria e, atualmente, faz parte da equipe de análise de dados da Agência Espacial Americana (NASA), na qual utiliza os conhecimentos em inteligência artificial e em robótica para dar suporte para diversas áreas, incluindo a estação espacial internacional.

Filho do caminhoneiro Deiver Galvão de Oliveira e da segurança Laelma Moreira Almeida, Elliot, como é conhecido por amigos e familiares, nasceu na Flórida (EUA), mas mudou para o município de Serra, no Espírito Santo, aos três anos.

Foi na unidade SESI Laranjeiras que ele cursou o ensino fundamental e médio. As lembranças da época estão bem guardadas. Afinal, na escola ele teve a oportunidade de participar de projetos inovadores. “Os meus favoritos eram o Día de La Hispanidad, Mini ONU e um projeto que criei com um grupo de estudantes chamado Laranja em Movimento, sobre sustentabilidade”, conta Briant.

Conhecido como Elliot pelos amigos, o apelido surgiu de uma brincadeira por terem dificuldades para pronunciar Briant

Mesmo sendo considerado um ótimo aluno e até exemplo para os colegas, ele confessa que não era dos mais quietinhos. Foram necessários alguns puxões de orelha.

“Ele passou a ser meu aluno na 8ª série. Eram cinco aulas por semana. Tinha que contê-lo o tempo todo. Chamava muito sua atenção, mas ele me ouvia. Me tinha como uma espécie de conselheira”, conta Daniella Nascimento Lima Jardim, 43 anos, que até hoje é professora no SESI.

Os puxões de orelha parecem ter dado certo. “Os professores me ensinaram muitas coisas, principalmente a professora Daniella, que por quatro anos me ensinou a lutar pelos meus sonhos. Eu carrego esses aprendizados para minha vida”, relata o jovem.

EUA – Após concluir o ensino médio, Briant decidiu retornar aos Estados Unidos, em 2012. Lá, ele começou a estudar Medicina e já no terceiro semestre demonstrava jeito para a coisa, tanto que não demorou muito para atuar na área. No entanto, quando começou a atuar como assistente em cirurgias o tempo para a vida social diminuiu e ele percebeu o quão difícil era o dia a dia de um profissional desse ramo.

Ele gostava bastante do curso de Medicina e demonstrou talento já nos primeiros semestres, mas quando conheceu a Engenharia descobriu um novo mundo

“Algo dentro de mim sempre soube que eu era capaz de fazer algo a mais, maior do que eu. Sabia que era meu dever como cidadão contribuir para um futuro melhor, porém eu estava trabalhando demais e me sentia preso. Não saía mais com amigos, só trabalhava” explica.

Foi então, em uma conversa com o amigo engenheiro de software Chris Graviera, que Briant descobriu o mundo da programação. A partir daquele momento, uma luz acendeu e ele passou a estudar por conta própria e a pesquisar aulas na internet no pouco tempo livre que lhe restava. Meses depois, a decisão final foi tomada. Briant trancou o curso de Medicina e foi aceito na faculdade Make School, especializada em cursos de computação em São Francisco. “Mudou a minha vida”, afirma.

ENTREI PARA A NASA – Nas aulas da faculdade, desenvolveu diversos projetos tecnológicos e, um deles, abriu as portas da Agência Espacial Americana. O jovem descobriu, sozinho, nada mais nada menos que 37 novos planetas fora do sistema solar, por meio da análise de dados públicos do telescópio Kepler, lançado ao espaço em 2009 para localizar planetas com características habitáveis.

Rica em detalhes, a pesquisa feita pelo universitário chamou a atenção da NASA por conter informações nunca antes imaginadas. Assim, a agência espacial o convidou para trabalhar em Houston, Texas. “O convite foi feito por meio das redes sociais e, após algumas entrevistas, fui chamado para trabalhar na equipe de análise. Foi nessa hora que eu descobri a minha paixão pelo espaço”, afirma o jovem, que começou a trajetória na empresa pelo Johnson Space Center.

Agora, o estudante de Engenharia de Software está no último ano da faculdade e foi, recentamente, tranferido para o centro de robótica da NASA, Jet Propulsion Laboratory, em Los Angeles. “Meu time trabalha em vários setores da NASA e até mesmo em centros diferentes. A nossa função é fazer a análise de praticamente todos os dados relacionados à instituição”, explica Briant.

Briant descobriu 37 planetas fora do sistema solar, sozinho, com base nos dados do telescópio Kepler

De acordo com o estudante, o segredo para a realização pessoal e profissional é correr atrás daquelas ideias que tiram o sono. Entre seus planos para o futuro, está o trabalho com exploração espacial e, quem sabe, abrir uma empresa no ramo. Claro, sem deixar de lado os familiares e amigos do Brasil, que ele pretende visitar ainda este ano.

"Meus amigos organizaram um luau na praia no final do nosso último ano e também foi a minha despedida. Tocamos violão, cantamos e choramos horrores", lembra Briant, que pretende voltar ao Brasil em setembro. 

O estudante de Engenharia de Software está no último ano da faculdade e trabalha com dados em diversos setores da NASA

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