A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reuniu representas do governo federal, da indústria e da academia no Conselho Temático da Indústria de Defesa e Segurança (Condefesa) para debater a construção de ecossistemas de inovação em defesa e segurança. Participantes foram unânimes em reforçar a importância da interação entre o poder público, a iniciativa privada e a academia para encontrar soluções adequadas e reduzir a dependência do setor do mercado internacional.
O presidente do Condefesa, Glauco Jose Côrte, destacou que o fórum é fundamental para o Brasil avançar no diálogo sobre a construção de um ambiente mais favorável aos negócios de defesa e segurança. “Em momentos como o que estamos vivendo, quando nos deparamos com os desafios impostos pela Covid-19, fica ainda mais claro que é preciso fortalecer a indústria nacional”, comentou.
Estudo realizado pela CNI com o Instituto FSB Pesquisa com mais de 2 mil brasileiros em julho, 77% dos entrevistados afirmaram que considera importante fortalecer a indústria nacional para diminuir a dependência do Brasil de matérias-primas e equipamentos importados em momentos de crise como esse da pandemia do novo coronavírus.
Durante a reunião, foram apresentados os modelos do SOSA, maior hub de inovação do mundo; do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos; do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), espalhado pelo Brasil.
“Há um consenso de que a educação de qualidade é a base de sustentação de um ecossistema de inovação. Israel, fundada na cultura do conhecimento, é uma inspiração”, comentou a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio. Ela destacou que Israel é o país com o maior número de pesquisadores por habitante e com o maior percentual de investimento em pesquisa e desenvolvimento comparativamente ao PIB.
Interação entre academia, estado e indústria
O reitor do ITA, professor Anderson Ribeiro, apresentou o modelo de interação da academia, estado e indústria implementado no ITA. Ele destacou a importância das instituições de ensino superior terem representantes da indústria e do comércio dentro dos seus conselhos. “A interação com o mercado é extremamente salutar”, enfatizou Ribeiro. Ele comentou que no ITA há uma estímulo institucional para os alunos criarem empresas voltadas ao setor aeronáutico por meio da Incubaero.
O foco em problemas concretos também foi destaque na apresentação do gerente-executivo do SENAI, Marcelo Prim. “O ambiente de ideia livre é ineficiente. Ganha-se mais quando se trabalha num ambiente de problemas. Busca de soluções para questões reais. O que importa não é a inovação em si, mas resolver os problemas”, comentou. Ele listou oito passos importantes para a criação de um ecossistema de inovação.
1. Identificar os principais problemas
2. Tecnologias habilitadoras
3. Subvenção
4. Basic funding
5. Empreendedorismo
6. Difusão de conhecimento
7. Bolsas de graduação e pós
8. Conexões internacionais
O presidente do IPT, Jefferson Gomes, também detalhou o formato de funcionamento do instituto com ênfase no desenvolvimento da maior cidade da América Latina, São Paulo. O secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo César Rezende de Carvalho Alvim, foi responsável por mediar a reunião. “O país precisa fazer escolhas que gerem riqueza de valor agregado e qualidade de vida. Precisamos conquistar a nossa soberania tecnológica”, afirmou.
O general Luis Antônio Duizit Brito sugeriu a criação de um observatório de inovação para catalogar e fazer a promoção comercial de produtos nacionais. “Temos de proteger a produção nacional. Por que importar equipamentos que produzimos com qualidade?”, questionou o general. O diretor-adjunto do SENAI, Sérgio Moreira, enfatizou a importância do debate sobre modelos de ecossistemas de inovação para o Brasil avançar no tema.
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