Interação entre indústrias e universidades beneficia um país

Confira oito principais vantagens dessa interação

A parceria mais estreita entre indústrias e universidades é fundamental para o desenvolvimento social e econômico. O presidente da empresa de semicondutores HT Micron, Ricardo Felizzola, conhece de perto as duas realidades e é quem garante isso. Foi pesquisador e professor do curso de Ciências da Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) por dez anos e largou a carreira universitária para abrir o próprio negócio. A empresa HT Micron, da qual é um dos fundadores, começou como uma startup na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos). E por isso mesmo, Felizzola, que também é membro da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresenta oito vantagens dessa interação:

1. Fortalecimento do empreendedorismo
O empreendedorismo, que promove o surgimento e crescimento de novas empresas, deve ser estimulado no ambiente acadêmico. Nos Estados Unidos, há muitas escolas de negócios que são referência no mundo, como Harvard e Wharton, em que professores continuam trabalhando em empresas. No Brasil, o enfoque está mais em administração do que em negócios e, muitas vezes, os professores não são incentivados a conciliar a vida acadêmica com o dia-a-dia nas indústrias. “Estas escolas voltadas a ensinar administração focam em projetos e na sua execução, mas esquecem de algo importante muito valorizado em escolas de negócios: verificar os resultados”, destaca Felizzola.

2. Transformação de empresas em ambientes educacionais
As universidades são ambientes educacionais por natureza, enquanto as empresas são vistas como locais de treinamento. No entanto, a interação com o mundo acadêmico poderá incentivar indústrias a se tornarem ambientes educacionais, com projeto de pedagógico e de desenvolvimento de novas habilidades e competências.

3. Transferência de conhecimento e geração de valor
Como ambientes naturais onde o conhecimento é incentivado e valorizado, as universidades podem transmitir esse valor ao ambiente de negócios. A partir daí, também aprendem a captar recursos ao negociar as invenções para que se tornem inovações. Um exemplo nesse sentido é o Google, que foi criado no ambiente universitário e virou um negócio muito lucrativo.

4. Interação entre diferentes culturas
Tanto o ambiente empresarial quanto o acadêmico têm seu próprio conjunto de crenças e valores. Ao interagirem, indústrias e universidades podem harmonizar suas culturas e aperfeiçoá-las ao incorporar o que há de melhor em cada uma delas.

5. Profissionais que atendam às reais demandas sociais e econômicas
A universidade deve se preocupar em formar profissionais com competências para atender demandas sociais. Além disso, os estudantes devem sair da universidade com habilidades para negociar e reconhecer o valor econômico das suas competências. Mais do que trabalhadores, as universidades devem ser polos para formar empreendedores.

6. Incorporação da visão de mercado pelas universidades
A base da sociedade moderna é a troca e a negociação. Essa premissa, do ambiente empresarial, poderá contribuir para a reformulação da gestão das universidades, sobretudo as públicas, tornando-as mais eficientes e integradas ao sistema econômico. É necessário reconhecer que tanto as invenções quanto a própria formação de profissionais têm um valor social e econômico. Alunos formados no sistema público precisam, por exemplo, oferecer uma contrapartida pela educação financiada pela sociedade. Já os estudantes que abandonam os estudos nas universidades precisariam custear os anos que foram investidos em sua educação.

7. Estímulo à inovação
No ambiente inovador, universidades focam em criar novidades e as empresas em produzir os novos produtos em série e mais baratos para o consumidor. Além disso, as universidades podem incentivar o surgimento de startups. De acordo com Felizzola, a empresa grande, em geral, aperfeiçoa produtos, enquanto a indústria nova é que é inovadora e vem para desafiar os grandes negócios.

8. Crescimento da competitividade
Ao estimular a inovação, aperfeiçoar a gestão de empresas e academia e melhorar a formação da mão-de-obra, a interação da indústria com universidades potencializa a geração de ativos econômicos ricos em conhecimento e promove o crescimento da competitividade de um segmento produtivo, região e país. Ocorre nesses locais um efeito multiplicador e a geração de um ciclo virtuoso de inovação: currículos acadêmicos com conteúdos mais inovadores e formação de profissionais que geram produtos inovadores e são mais empreendedores. Mais produtos e empresas bem sucedidas geram mais empregos, arrecadação de tributos, riquezas que, por sua vez, geram melhores ambientes e demanda para universidades e empreendimentos inovadores.

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