A decisão do governo americano de impor tarifas de importação de 25% contra importações da China é mais uma batalha em uma longa guerra comercial entre as duas economias. A nova ação dos EUA gera tanto riscos quanto oportunidades para o Brasil. Os riscos são dois. De um lado, as exportações e os investimentos brasileiros podem se tornar "dano colateral" nesse conflito. Um exemplo desse efeito foi a cota imposta pelo governo americano às exportações de aço do Brasil. O principal problema da indústria americana é a superprodução do material, causada pelos subsídios chineses ao setor, mas quem pagou uma parte da conta foram as empresas brasileiras.
De outro lado, o recurso dos EUA a instrumentos que violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) cria insegurança jurídica no comércio internacional, o que é prejudicial para o Brasil. Em 1994, quando a Rodada Uruguai foi concluída e a OMC criada, o governo americano se comprometeu a não utilizar retaliação unilateral para resolver disputas comerciais, que deveriam ser encaminhadas à organização. A decisão dos EUA rompe esse compromisso.
As oportunidades estão nos desvios de comércio e investimento dessa guerra comercial. Ao impor restrições, EUA e China, na prática, criam espaço para outros países ocuparem. Assim, nesse momento de conflito, o governo e o setor privado brasileiros devem estar atentos a eventuais oportunidades para ampliação de exportações e investimentos. No médio prazo, contudo, o resultado de um conflito entre as duas potências comerciais é negativo para toda a economia mundial.
Durante a recessão brasileira, entre 2015 e 2016, as exportações foram o único componente da economia a crescer. De lá para cá, mais de 2 mil novas empresas passaram a exportar, em sua maioria pequenos negócios. Uma desaceleração da economia mundial decorrente desse embate prejudica a retomada do crescimento no País.
O artigo foi publicado no sábado (16) no jornal O Estado de S. Paulo.
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