Educação profissional abre portas para a vida, diz primeiro medalhista do SENAI em competições internacionais

O supervisor de cursos do SENAI de Juiz de Fora (MG), Célio Alves Pereira, já passou 30 de seus 45 anos dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Meio mineiro, meio fluminense, mas SENAI por inteiro. Aliás, dos 45 anos de vida, o hoje supervisor de cursos do SENAI de Juiz de Fora (MG), Célio Alves Pereira, já passou 30 deles dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Na cidade onde nasceu, Petrópolis (RJ), Célio também iniciou a carreira profissional, até chegar onde nem ele imaginava: à primeira medalha do SENAI em competições internacionais.

Foi em 1989, no mundial de profissões na Inglaterra, a WorldSkills Competition. Nas provas da disputa, os competidores simulam desafios das profissões que devem ser cumpridos dentro de padrões internacionais de qualidade. Eles demonstram habilidades técnicas individuais e coletivas para executar tarefas específicas de cada uma das ocupações profissionais.

Com ótimo desempenho, Célio subiu no pódio para receber a medalha de prata de Tornearia Mecânica. Era a primeira do SENAI na história da competição. O interesse pela profissão começou meio que por acaso em uma oficina, mas virou coisa séria com o passar dos anos. Na entrevista para a Agência CNI de Notícias, Célio conta como a educação profissional mudou a vida dele e pode mudar a de muitos jovens.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como o SENAI passou a fazer parte da sua vida?

CÉLIO ALVES PEREIRA - Quando tinha 14 anos, sempre ia na oficina em que meu irmão trabalhava, em Petrópolis (RJ). Lá eu fazia pequenos serviços. Numa dessas visitas, o dono da oficina na época, Pedro Schanuel, percebeu meu interesse pelas máquinas e passou a me incentivar a fazer um curso no SENAI. Foi aí que tudo começou. Entrei no SENAI, em 1986, para fazer o curso de aprendizagem industrial em Tornearia Mecânica. Com isso, eu estudava em escola pública pela manhã, fazia SENAI na parte da tarde e, às vezes, ainda passava na oficina para fazer algum serviço. Escolhi Tornearia Mecânica porque era um dos cursos com mais oportunidades de emprego. Sem falar que, na oficina, gostei muito de lidar com o torno.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O que aconteceu a partir desse curso?

CÉLIO ALVES PEREIRA - Meus instrutores gostaram muito do meu desempenho como aluno. Terminei o curso no final de 1987 e fui trabalhar de fato na oficina em que meu irmão também trabalhava. Foi nesse período que um dos meus instrutores do SENAI me convidou para participar do torneio de formação profissional. Naquela época não tinha toda a preparação como acontece nos dias atuais e eu ainda morava no Rio de Janeiro. Começava uma etapa de conquistas. Entrei na disputa e venci a etapa estadual, em Nova Iguaçu, em 1988. Depois, veio a etapa regional em Vitória e, para essa fase, já recebi um treinamento. Mais uma vez levei ouro. Na etapa nacional, em Belo Horizonte, ouro de novo. Nesse mesmo ano, participei do torneio interamericano de profissões, em Bogotá (Colômbia), onde também conquistei o primeiro lugar. Na sequência, foi a vez do mundial, em agosto de 1989. Conquistei a prata, que foi a primeira medalha do Brasil em toda a história da competição, além da medalha de melhor do Brasil, pela minha pontuação superior a todos os outros participantes brasileiros.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O que essas conquistas significaram para você?

CÉLIO ALVES PEREIRA - Eu nem imaginava ganhar a etapa estadual. Foram conquistas importantes porque a gente cresce muito profissionalmente. Foi tudo muito especial, desde a oportunidade que ganhei, lá no começo, na oficina, e todo o crescimento que tive com o SENAI. Todas as etapas foram bem gratificantes.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O que mudou a partir daí?

CÉLIO ALVES PEREIRA - Tive a oportunidade de entrar no SENAI como profissional. Minha vida toda, desde 1986, é dentro do SENAI. Na volta do torneio mundial, em outubro de 1989, fui contratado pelo SENAI de Petrópolis (RJ), onde fiquei até 2002. No mesmo ano, comecei no SENAI de Juiz de Fora (MG), onde trabalhei como instrutor até 2007. Hoje sou supervisor técnico, sendo responsável por todos os cursos da escola, seja de aprendizagem , aperfeiçoamento, qualificação e cursos técncos.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como a educação profissional pode fazer a diferença para os jovens?

CÉLIO ALVES PEREIRA - A gente sempre fala para eles sobre as oportunidades que a educação profissional oferece. Muitas vezes o jovem foca no curso superior, mas quando faz um curso técnico, outras portas se abrem. A partir do curso técnico, ele pode conseguir uma colocação no mercado de trabalho para, depois, se quiser, partir para uma graduação. Sem falar que o curso técnico facilita o caminho de quem vai fazer uma graduação como, por exemplo, de Engenharia Mecânica ou Elétrica. Esse profissional vai ter uma visão muito maior dos processos, máquinas e equipamentos.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O que você considera essencial na sua carreira profissional?

CÉLIO ALVES PEREIRA - O apoio da minha família foi muito importante. Meus pais são pessoas simples, da região de Teófilo Otoni (MG). Viviam na roça, mas sempre batalharam para dar uma educação de qualidade aos quatro filhos. Outro ponto foi minha dedicação aos estudos. Eu sempre fiz tudo com amor. E é claro, a gente colhe o que a gente planta. Sem dedicação, não há bons resultados.

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