A preocupação com o meio ambiente e com formas de aproximar indústrias e comunidade é uma constante para o Sindicato da Indústria de Calçados, Vestuário e Componentes para Calçados de Igrejinha (Sindigrejinha), no Rio Grande do Sul. Pioneiro em diferentes tipos de ações que beneficiam diretamente empresários, colaboradores e a população local, um dos destaques do Sindigrejinha foi a criação da Central de Resíduos Sólidos Industriais do município. Com ela, foi possível proporcionar o encaminhamento correto dos resíduos Industriais. “Servimos de exemplo”, conta o presidente do sindicato, Renato Klein.
Em entrevista à Agência CNI de Notícias, Klein fala sobre alguns dos programas criados pelo Sindicato visando o equilíbrio ecológico, a qualificação técnica de profissionais e a conscientização da comunidade.
Agência CNI de Notícias – O slogan do Sindigrejinha/RS se baseia na ideia de que é possível produzir sem poluir e estabelecer a sustentabilidade como valor estratégico das indústrias do setor. Essa é uma visão inovadora quanto ao papel do sindicato junto às empresas e à sociedade. O que o levou a adotá-la?
Renato Klein – Não existe mais um modelo de desenvolvimento econômico que não contemple a renovação dos recursos naturais. Diante desta constatação, surge a necessidade do desenvolvimento sustentável, buscando conciliar desenvolvimento econômico e social com a preservação ambiental. Atualmente, as indústrias, assim como empresas de outros segmentos, estão associadas a organizações de representação e é nesse contexto que os sindicatos industriais devem auxiliar seus associados e as comunidades onde estão inseridos. Foi pensando assim que decidimos que o Sindigrejinha deve colaborar na implantação de programas visando o desenvolvimento sustentável das indústrias associadas.
Agência CNI de Notícias – A Central de Resíduos Sólidos Industriais de Igrejinha é um bom exemplo da atuação do sindicato para manutenção do equilíbrio ecológico. Que benefícios proporciona às indústrias associadas ao Sindigrejinha?
Renato Klein – O maior benefício é o encaminhamento correto dos resíduos Industriais, com o diferencial de criação de um sistema de rastreabilidade, em que a indústria sabe exatamente onde o seu resíduo se encontra desde a saída da empresa até o destino final. Como consequência, hoje as indústrias associadas ao Sindigrejinha não criam mais passivos ambientais, pois 100% dos resíduos são encaminhados para coprocessamento, hidrólise térmica, reciclagem, reaproveitamento ou descontaminação.
Agência CNI de Notícias – Na sua opinião, como o projeto de resgate da área degradada, por meio da criação da Central, impactou no relacionamento do Sindigrejinha/RS com a comunidade local? Essa ação teve repercussão em outras categorias ou em sindicatos de calçados de outras regiões?
Renato Klein – Durante cerca de 40 anos a área do antigo lixão localizada no Bairro Garibaldi, em Igrejinha, foi utilizada de maneira inadequada. Em 1996 iniciaram-se os trabalhos de recuperação do local. Depois disso, foi utilizada como depósito de resíduos Classe II e, hoje, encontra-se encerrada, sendo que existe um amplo trabalho de monitoramento.
Nesse momento estamos em tratativas para retirar todo o resíduo que se encontra nesta área e encaminhá-lo para coprocessamento. Para viabilizar a fase inicial desse projeto, contratamos a equipe do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) do SENAI/RS, que está fazendo um Relatório de Avaliação Preliminar de Passivo Ambiental. A meta que queremos atingir é de passivo zero.
Quanto ao impacto junto à comunidade e aos outros sindicatos, o resultado foi bastante positivo. Servimos de exemplo e somos pioneiros em muitas ações. A Central de Resíduos Sólidos, localizada no Distrito Industrial de Igrejinha, é licenciada para receber os resíduos Classe I e Classe II das indústrias associadas ao Sindigrejinha e foi a primeira a ser inaugurada oficialmente no Vale do Paranhana. No local existem dois galpões para recebimento, pesagem, enfardamento e armazenamento dos materiais até as destinações finais. Além disso, também existem duas valas encerradas onde antigamente os resíduos eram dispostos e, que, após o esvaziamento das valas da área monitorada, vamos iniciar a retirada dos resíduos.
Agência CNI de Notícias – Outra iniciativa de destaque liderada pelo Sindigrejinha/RS é o programa “Caminho Sustentável – a opção consciente”. O que você pode falar sobre as ações desse programa e as parcerias firmadas para sua realização?
Renato Klein – O “Caminho Sustentável – a opção consciente” foi lançado em julho de 2009. A implantação desse programa tem como objetivo demonstrar ao mercado a intenção das empresas de Igrejinha/RS de desenvolver-se de maneira sustentável, reduzindo os passivos ambiental e trabalhista. Além disso, visa dar maior visibilidade ao calçado, assim como a artefatos e insumos para calçados produzidos em Igrejinha. A dimensão social do programa também merece destaque, visto que envolve ações para promover maior conscientização ambiental e melhorar a qualidade dos colaboradores e da comunidade, qualificar tecnicamente os colaboradores, aproximar as indústrias da comunidade, e combater a corrupção em todos os níveis.
Nesse projeto contamos com importantes parceiros, como o SENAI, o Sebrae, a Prefeitura Municipal e alguns patrocinadores do programa. Atualmente também estamos em fase final de montagem de um projeto que tem como público-alvo o jovem que está prestes a entrar no mercado de trabalho. O projeto tem duas funções: demonstrar para ele que a educação profissional é o caminho para o desenvolvimento e mostrar os benefícios de trabalhar na área calçadista, mostrando casos de sucesso no setor.
Agência CNI de Notícias – Ampliar o portfólio de serviços que os sindicatos oferecem às indústrias é um dos objetivos do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), conduzido pela CNI em parceria com a FIERGS. De que forma os cursos do PDA sobre temas como energia elétrica, eSocial e normas regulamentadoras têm contribuído para a atuação do Sindigrejinha/RS?
Renato Klein – Até o momento, já trouxemos cinco cursos do PDA para os nossos associados. Isso faz com que a visibilidade da entidade seja ampliada e traz benefícios para todas as empresas participantes. Todos os cursos foram bastante elogiados, sendo que a qualidade do material e o conhecimento dos palestrantes são dois fatores que fazem destes cursos um sucesso.
Estamos às vésperas de promover mais um curso do PDA sobre "Como se preparar para o mercado internacional?". Este tema não foi escolhido por acaso, pois estamos desenvolvendo todo um trabalho junto aos nossos associados, em parceria com o Sindicato de Três Coroas, para implantação de cursos referentes a exportações. Para a promoção desse trabalho, contamos também com a parceria do SENAI – Centro de Formação Profissional Nelson Heidrich, da Abicalçados e da FIERGS, por meio do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Concex) e Conselho da Pequena e Média Indústria (Copemi).