Uma necessária aposta no futuro

Em artigo publicado na Revista Indústria Brasileira de fevereiro, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, escreveu sobre urgência das empresas adotarem uma postura inovadora em seus negócios

Em 1922, um jovem britânico de 18 anos teve a ideia de ouvir melhor suas canções favoritas, trazendo as saídas de áudio para junto das orelhas. Assim, inventou o que viria a ser chamado de fone de ouvido. Também naquele ano, um norte-americano, coincidentemente da mesma idade, decidiu instalar um aparelho de rádio no seu carro para tornar as viagens mais agradáveis. Hoje, cem anos depois, os fones são dispositivos enormemente difundidos e todas as montadoras de automóveis oferecem sistemas de som em seus modelos.

Esses dois casos já centenários, que mudaram a forma de ouvir músicas ou notícias, demonstram algumas características básicas da inovação: nasceram do trabalho intelectual de quem tem um temperamento curioso, desenvolveram produtos ou melhoraram sua utilização, trouxeram mais comodidade para as pessoas e criaram excelentes oportunidades de negócio. São vários os exemplos de invenções e adaptações que revolucionaram setores inteiros, moldando nosso modo de viver e de nos relacionarmos com o mundo.

O espírito desbravador tenta se expressar, todos os dias e em todos os lugares, desde os grandes centros urbanos até o interior mais profundo. Nem sempre, porém, ele encontra meios de vir à tona. Por isso, é tão necessário estimular a capacidade criativa, que é uma das melhores qualidades do ser humano. Esse incentivo constante, indispensável tanto para a concretização de sonhos individuais como para o desenvolvimento da economia, deve ser uma atribuição compartilhada por governos, centros de ensino e empresas e famílias.

Do ponto de vista institucional, a mentalidade inquieta e produtiva precisa ser encorajada por políticas sólidas e de abrangência ampla nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. Essas ações devem contemplar, entre outros fatores: investimentos públicos e privados em pesquisa básica e de ponta; instrumentos de crédito eficientes, que possam ser utilizados de fato por projetos promissores; e incentivos fiscais bem concebidos e calibrados, além de uma duradoura cooperação entre organizações estatais, empresas e centros de conhecimento.

Outras medidas necessárias são modernizar os marcos regulatórios em diversas atividades econômicas, garantir a segurança jurídica dos empreendimentos, em especial daqueles com mais alto risco, facilitar o registro de marcas e patentes e aperfeiçoar o ambiente de negócios no país, com desburocratização e adoção de reformas estruturais. Também é essencial melhorar o nível da educação formal e da qualificação profissional, áreas em que o Sistema Indústria presta uma contribuição amplamente reconhecida, por meio do SESI e do SENAI. 

Neste momento, em pequenas startups, empresas e centros de pesquisa brasileiros, surgem inovações que, talvez, alterem profundamente produtos e processos produtivos de importantes setores nos próximos anos. Quem sabe, daqui a um século, eles continuarão tão relevantes como, ainda hoje, são os fones de ouvido e os rádios nos carros? Apoiar esses projetos é fundamental para a economia brasileira aumentar sua produtividade e competitividade, passando a crescer num ritmo mais forte e consistente. 

Esses e outros temas serão debatidos no 9º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, que será realizado por CNI, SESI e SENAI, em parceria com o SEBRAE, em 9 e 10 de março. O evento poderá ser assistido, gratuitamente, por meio de uma plataforma digital com capacidade para mais de 15 mil acessos simultâneos. Ao longo dos dois dias, 77 palestrantes irão debater as tendências da inovação no Brasil e no mundo. O mote do Congresso não poderia ser mais oportuno: “É tempo de reinventar o futuro”.

*Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O artigo foi publicado na Revista Indústria Brasileira.

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