É preciso acelerar o ritmo do crescimento

Em artigo na Folha de São Paulo, o presidente da CNI, Robson Andrade, destaca como a reforma da tributação do consumo é crucial para aprimorar a competitividade

Vivemos um período de muitas incertezas. Além da pandemia de Covid-19, que continua assustando o mundo, uma série de outros desafios comprometem a recuperação da economia e a retomada do crescimento sustentado no Brasil.

De acordo com as projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ter uma expansão de 4,7% em 2021, o suficiente apenas para recompor as perdas de 2020, quando enfrentamos o choque da primeira onda da pandemia. Para 2022, nossa previsão é que a economia cresça 1,2%, e a indústria, 0,5%.

Esse desempenho, que está muito aquém da nossa capacidade, é resultado de um antigo conjunto de ineficiências estruturais, agravado pelos inesperados problemas trazidos pelo novo coronavírus. Entre os obstáculos recentes à reativação da economia está a desorganização das cadeias globais de produção e de transporte, que vem provocando a escassez de matérias-primas e insumos e, consequentemente, elevando os preços dos produtos industriais em todo o mundo.

No Brasil, a aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento dos juros, o que desestimula o consumo e os investimentos. Além disso, a queda na renda da população, o desemprego e o endividamento das famílias continuarão afetando a atividade econômica no próximo ano.

No entanto, há um entrave que tem prejudicado o crescimento do país há muitos anos. É o custo Brasil, que reduz a capacidade das nossas empresas de enfrentar em igualdade de condições os principais competidores internacionais. Com isso, a indústria nacional vem perdendo espaços importantes nos mercados interno e externo e na produção mundial de manufaturados.

Atacar o custo Brasil é uma tarefa que requer, em primeiro lugar, a simplificação e a correção das distorções do sistema de arrecadação de impostos. A reforma da tributação do consumo, prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 110/2019, que está no Senado, é crucial para alinhar as regras nacionais às melhores práticas internacionais e aprimorar a competitividade da indústria brasileira.

É indispensável, ainda, adaptar a tributação do lucro das companhias às normas globais e aperfeiçoar os marcos regulatórios da infraestrutura, além de incentivar a ciência, a tecnologia e a inovação. É igualmente necessário prosseguir com a modernização das leis trabalhistas e promover a inserção internacional das empresas brasileiras.

Também é imprescindível aumentar a segurança jurídica e recuperar a estabilidade macroeconômica. Inflação controlada, juros baixos e equilíbrio fiscal são fundamentais para melhorar a confiança dos investidores e atrair capitais produtivos. Entre as medidas importantes para o ajuste duradouro das contas públicas estão, também, a reforma administrativa e a regulamentação do teto de remuneração dos servidores públicos.

Essas e outras recomendações fazem parte do documento Propostas para a retomada da indústria e geração de emprego, elaborado pela CNI a partir de sugestões de diversas entidades representativas do setor industrial.

O trabalho, que foi entregue recentemente ao governo federal, é uma contribuição para o debate de ideias que busquem o fortalecimento da indústria nacional e o desenvolvimento econômico e social do país.

Com as medidas adequadas, o Brasil poderá crescer a taxas superiores a 3% ao ano e ter uma economia mais dinâmica e competitiva, que ofereça empregos, saúde e educação de qualidade para todos.

*Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O artigo foi publicado no dia 31/12/21, no jornal Folha de São Paulo.

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