80 anos dedicados à indústria e ao futuro do trabalho

Em artigo, o Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembra a trajetória do SENAI, que completou 80 anos em janeiro

Inauguração do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras, no Rio de Janeiro, em 2019

A história do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é a história da indústria no Brasil. A instituição, que chegou aos 80 anos no dia 22 de janeiro, reúne o conhecimento necessário para ajudar as empresas brasileiras a dar o salto rumo à indústria 4.0 e a experiência de qualificar profissionais, que se formam com mais chances no mercado de trabalho. Criado em 1942 para formar mão de obra para o setor, o SENAI evoluiu junto com a industrialização do país e hoje é a ponte para a modernização do segmento e melhora da vida dos brasileiros.

Das primeiras turmas, como as de torneiro, eletricista e mecânico, até a revolução proporcionada pelas tecnologias digitais, o SENAI multiplicou o número de unidades, ampliou o portfólio de cursos e serviços para as 28 áreas industriais e alcançou um nível de excelência, da infraestrutura ao corpo técnico.

A instituição sempre esteve um passo à frente, antecipando cenários e tendências do mercado de trabalho por meio de estudos e do diálogo com o setor produtivo. Assim, formou mais de 80 milhões de trabalhadores em cursos da iniciação profissional à pós-graduação e consolidou-se como um dos maiores complexos de educação profissional e serviços tecnológicos do mundo. Com constante modernização tecnológica das suas escolas e corpo docente, tornou-se referência global e ganhou reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Outros números recentes comprovam a potência: são 523 unidades operacionais, 465 unidades móveis, dois barcos-escola, 26 Institutos de Inovação e 62 Institutos de Tecnologia, que atenderam brasileiros em 4.749 municípios nos últimos três anos. Além das escolas de formação em países da África, Ásia e América Latina, como Guatemala, Paraguai, Cabo Verde, Jamaica e Timor Leste. Pesquisa mostra que 92% das empresas preferem formandos do SENAI e que sete em cada 10 ex-alunos estão empregados um ano após a conclusão. Representando o Brasil, a instituição conquistou o 3º lugar na última edição da WorldSkills, a olimpíada de profissões técnicas com países cujos sistemas educacionais são referências em todo o mundo.

Todo esse alcance, expertise e versatilidade da rede – que deve ser considerada pelos brasileiros um ativo para o desenvolvimento social e econômico – mostrou-se ainda mais relevante com a pandemia de Covid 19. O SENAI coordenou uma rede nacional de empresas industriais para consertar mais de 3 mil respiradores, criou consórcios para ampliar a produção brasileira, apoiou processos de reconversão industrial para fazer equipamentos de proteção individual (EPIs), insumos e equipamentos hospitalares, ajudando assim a salvar vidas.

A transformação digital da indústria 4.0 acirrou muito a competição e a necessidade de inovação. O SENAI deu uma guinada nos últimos 10 anos com a criação da rede nacional de institutos para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos, que se constitui em importante apoio para a capacidade de inovação da indústria brasileira. 

A pandemia ampliou os problemas de evasão escolar e desemprego entre jovens. O Brasil tem hoje 12 milhões de jovens que nem estudam nem trabalham. A educação brasileira precisa enfrentar os impactos de uma crise sem precedentes, que requer rapidez em iniciativas para mitigar e reverter o atraso na aprendizagem, o aumento da evasão escolar e a falta de preparo dos jovens para o mercado de trabalho. Soma-se a isso o envelhecimento da população, que já acendeu o alerta de que o Brasil não poderá contar com o bônus demográfico para o crescimento econômico no longo prazo.

O aumento sustentado da renda e do bem-estar dos brasileiros se dará, cada vez mais, com incremento da produtividade e da eficiência dos trabalhadores, o que nos obriga a pensar estratégias que conciliem, desde já, a inserção de jovens no mercado de trabalho e a preservação dos empregos existentes. 

Para isso, é preciso ampliar muito a oferta de educação profissional, como prevê o Plano Nacional de Educação (PNE), assegurando vagas a pelo menos 50% dos alunos da rede pública de ensino. Estamos longe disso. O Brasil precisa dar um salto de 1,9 milhão para 4,8 milhões de matrículas em educação profissional técnica de nível médio. Vamos precisar de todos para esse desafio. 

Passadas oito décadas, temos um horizonte de oportunidades com o novo ensino médio, que prevê a oferta da formação técnica e profissional aos adolescentes. Se houver a implementação exitosa na rede pública, com uso da capacidade instalada e expertise de instituições como o SENAI, poderemos comemorar que foi dada aos jovens a oportunidade de seguir sua vocação e seus projetos de vida e de carreira com uma formação de qualidade, alinhada aos desafios do futuro e capaz de equacionar a defasagem de produtividade e competitividade em relação aos países desenvolvidos.

*Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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