Há mais de 300 anos, Isaac Newton ensinou ao mundo que para toda ação existe uma reação. Quando um país toma a necessária decisão de promover uma reforma no sistema previdenciário para evitar o colapso das contas públicas, passa um recado claro ao mundo. Ao sancionar uma medida provisória para desburocratizar e simplificar processos para empresas e empreendedores, o governo faz um aceno ao setor produtivo. Ao reduzir juros para os menores patamares da história, mantendo a inflação controlada, a autoridade monetária cria um terreno adequado para o Brasil voltar a crescer.
O cientista inglês ficaria satisfeito em constatar, no Brasil de 2019, que a terceira lei de Newton pode ser extrapolada da física para a economia. Fechamos o ano passado com sinais claros da reação do mercado às ações do governo e do Congresso Nacional. O crescimento do PIB acima do esperado; a criação de mais de 800 mil empregos formais; o aumento, por cinco meses seguidos, do faturamento industrial; e os sucessivos recordes da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que, pela primeira vez, ultrapassou os 110 mil pontos, são provas de que os agentes de mercado respondem positivamente quando estimulados.
Indicadores econômicos e pesquisas retratam um país que começa a se reerguer, uma nação que pouco a pouco resgata a confiança e reencontra o caminho do desenvolvimento. De acordo com sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial ficou em 62,5 pontos em novembro, 7,9 pontos acima da média histórica. Para 75% dos quase 2.000 empresários ouvidos em pesquisa realizada entre 2 e 10 de dezembro, as ações e políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro contribuíram para a melhoria da economia.
Caminhamos para ter um 2020 melhor que 2019. Os acordos comerciais entre Mercosul e União Europeia, em um cenário mais amplo de abertura comercial gradativa, melhoram ainda mais as perspectivas para o ano que está começando.
Segundo a pesquisa, 57% dos empresários consideram que o ambiente hoje é mais ou muito mais seguro para tomar decisões de negócios que em dezembro de 2018. Como para toda ação existe uma reação, 84% dos empresários industriais pretendem investir nos seus negócios no próximo ano. O índice é o maior dos últimos cinco anos.
Pela projeção da CNI, a indústria vai puxar o crescimento do Brasil em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer 2,5%, mais que o dobro do aumento estimado para 2019. Enquanto os setores industriais cresceram apenas 0,7% nos últimos 12 meses, a projeção para 2020 é um avanço de 2,8%. Os índices ganham mais relevância se levarmos em consideração que, a cada R$ 1 produzido na indústria, são gerados R$ 2,40 na economia brasileira. A título de comparação, em agricultura e em comércio e serviços os valores são, respectivamente, R$ 1,66 e R$ 1,49. O dado mostra o poder de alavancagem do setor industrial.
Para o crescimento ser sustentado, no entanto, é preciso tornar o ambiente de negócios mais amigável ao empresário, com modernização das relações de trabalho, reformas tributária e administrativa, melhoria da infraestrutura e ampliação dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
Ao tornar o serviço público mais eficiente, reduzir a burocracia e simplificar a tributação, o país permitirá que o empresário se dedique ao seu negócio. Ao aprimorar a infraestrutura, o governo vai permitir que o escoamento da produção seja feito de modo mais eficiente.
Entre as medidas defendidas pela indústria, está o fortalecimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a manutenção da atual destinação de parcela do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Para adequar as empresas nacionais aos acordos internacionais e, consequentemente, ampliar as exportações, é fundamental investir na modernização da estrutura produtiva. Sem apoio à inovação, o Brasil não estará preparado para enfrentar os desafios da Quarta Revolução Industrial, que já está em curso.
Só com ações adequadas teremos as reações desejadas.
Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
O artigo foi publicado no jornal Folha de São Paulo na quarta (1º).
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