Nos últimos anos, o Brasil passou por altos e baixos, simbolizados pela imagem do Cristo Redentor decolando ou caindo em parafuso na capa da revista britânica “The Economist”. Depois de uma euforia que se mostrou injustificada, seguida da mais grave recessão da nossa história, chegou o momento de, com base numa firme política de melhora do ambiente de negócios, crescer de maneira sólida e constante. Precisamos aproveitar que as nuvens estão se dissipando para aprofundar as reformas estruturais que levarão o país ao crescimento num ritmo mais vigoroso a partir de 2020.
As medidas adotadas pelo governo federal e pelo Congresso Nacional ao longo de 2019, de caráter marcantemente liberalizante e pró-mercado, deixaram os empresários otimistas quanto à possibilidade de uma aceleração da taxa de expansão da economia. Se o panorama auspicioso for confirmado por novas iniciativas daqui por diante, a sensível melhora da confiança que já verificamos hoje vai, por certo, propiciar o aumento dos investimentos, fator essencial para a recuperação do emprego, a geração de renda e a elevação do consumo.
Diferentemente do que ocorreu no período recente, o ano começará com a atividade econômica numa curva ascendente, o que favorece a realização de projetos que esperavam tempos melhores para sair da gaveta. É fundamental iniciar o primeiro trimestre no terreno positivo, em especial após tanto tempo andando para trás ou marcando passo. Segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os investimentos devem ter uma alta de 6,5% em 2020, empurrando o crescimento da indústria brasileira para 2,8% e da economia para 2,5%.
A batalha de convencimento em favor da reforma da Previdência Social foi vencida. Outros avanços foram a Lei de Liberdade Econômica, a queda da inflação, a consequente redução da taxa básica de juros ao menor nível da história e atos como o fechamento do acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia. Agora, as atenções se voltam prioritariamente para a reforma tributária: é imprescindível diminuir a complexidade do atual sistema de cobrança de impostos, unificar tributos, reduzir o número de obrigações acessórias, e desonerar as exportações e a produção. Isso vai facilitar enormemente a vida das empresas.
A aprovação, no Congresso, da reforma administrativa e das medidas do pacto federativo consolidadas no Plano Mais Brasil também é necessária para conter despesas e reequilibrar o orçamento público de modo permanente, abrindo espaço para investimentos em infraestrutura, educação, saúde e segurança pública.
Da mesma forma, são indispensáveis novos aperfeiçoamentos nas relações trabalhistas, a ampliação do financiamento à produção, a redução do custo do capital nos empréstimos às empresas, o fortalecimento do BNDES e a qualificação da mão de obra, além de incentivos à inovação.
Com a perspectiva de que o governo e o Congresso continuem seguindo na direção correta no que diz respeito à economia, o crescimento da indústria deve ser o maior desde 2011, contribuindo para a recuperação do quadro negativo após a recessão. Todos os ramos industriais devem ter expansão, mas o destaque pode vir para a área de construção civil, que deve responder bem à queda de juros nos contratos do setor imobiliário. Esse desempenho vai impulsionar fortemente o emprego, com a geração de centenas de milhares de postos de trabalho, visto que o segmento é intensivo em mão de obra.
Por tudo isso, os resultados da economia em 2020 serão tanto melhores quanto mais decisivo for o compromisso dos agentes públicos e da sociedade brasileira com as medidas e reformas que retiram obstáculos ao desenvolvimento econômico e social do país. Com a determinação que se percebe no governo federal e no Congresso, as condições políticas são propícias para a adoção de uma agenda ousada, que estimule, de fato, a competitividade dos produtos brasileiros. Assim, poderemos dar início a uma década vitoriosa, deixando no passado a triste memória das décadas perdidas.
Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
O artigo foi publicado no jornal O Globo na última quinta-feira (2).
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