5G é vital para o futuro da indústria brasileira

Em artigo publicado no jornal Estadão, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que essa tecnologia será decisiva para melhorar o desempenho das indústrias e o desenvolvimento da economia nos próximos anos

O Brasil acaba de aprovar a proposta do edital de licitação para a disposição do espectro de radiofrequências, em votação do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Agora é preciso apressar o passo e garantir que o modelo regulatório brasileiro para implantação de redes de 5G proporcione condições de custo, cobertura e rapidez de implementação pelo menos equivalentes às de outros países.

A tecnologia 5G para redes móveis e banda larga, que tem capacidade e velocidade muito maiores na transmissão de dados, será decisiva para melhorar o desempenho das indústrias e o desenvolvimento da economia brasileira nos próximos anos. Estudo da União Internacional de Telecomunicações (UIT) projeta um aumento do produto interno bruto (PIB) em até 1,9% para cada 10% de ampliação da cobertura de banda larga.

Considerando suas claras vantagens, qualquer atraso na disponibilidade das redes de quinta geração imporá prejuízos à competitividade das empresas brasileiras, com impacto negativo nos investimentos que dependem de agilidade nos processos de comunicação. O 5G será decisivo não apenas para a indústria, mas também para todas as dimensões da economia digital, como para o desenvolvimento das cidades inteligentes.

Nesse caso, a implantação de modernas tecnologias de mobilidade e o acesso à saúde por tratamento à distância, entre outros avanços, culminarão na melhoria dos serviços prestados à população.

Para a indústria nacional as redes 5G são essenciais para acelerar o avanço dos processos de automação e digitalização, rumo à indústria 4.0. Além da decisão sobre o leilão de frequências para a cobertura pública dessa tecnologia, o setor produtivo saúda a resolução da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que regulamentou as redes privadas, assegurando o acesso a um espectro de frequência para uso específico da indústria. É o que já acontece na Alemanha, nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Japão, por exemplo.

As redes privadas – que são complementares, não concorrentes das públicas – devem ser projetadas conforme as necessidades específicas de cada empresa. Assim, as configurações podem variar de acordo com o tipo de atividade realizada, com níveis adequados de segurança e rapidez.

Tendo em vista os enormes benefícios das redes 5G, as principais nações avançadas buscam impulsionar de forma intensa sua implantação. Também nós, brasileiros, precisamos caminhar com mais rapidez e eficiência nessa área, de forma a estimular o desenvolvimento econômico e social do país. O investimento nessa tecnologia precisará ser célere, sob o risco de a indústria brasileira perder ainda mais competitividade nos mercados internacional e doméstico.

A celeridade é ainda mais importante quando se constata que, no contexto da indústria global, o Brasil tem perdido espaço de maneira preocupante. Até 2014 figurávamos entre os dez maiores produtores industriais no ranking mundial. Depois de quedas sucessivas, atualmente estamos na 16.ª colocação.

Se quiser recuperar o terreno perdido ou, pelo menos, não ficar ainda mais para trás no grupo das nações em desenvolvimento, o país precisa aumentar expressivamente os investimentos em inovação, insumo fundamental para a indústria do futuro.

A indústria 4.0, como é chamada, vem alterando processos, produtos e modelos de negócios. Os impactos não se restringem à produtividade no chão de fábrica. Os avanços na quarta revolução industrial, que já estão em curso, proporcionam maior flexibilidade nas linhas de produção, aumentando a eficiência no uso de recursos como energia, e demais insumos, e elevando a capacidade das empresas de se integrarem às cadeias globais de valor. Também permitem que as empresas atendam rapidamente às novas exigências e necessidades dos consumidores.

No ano passado, durante a grave recessão provocada pela pandemia da covid-19, constatou-se que empresas com maior capacidade tecnológica tiveram melhor desempenho, lucraram mais e conseguiram manter e em alguns casos até ampliar o quadro de funcionários. Portanto, iniciaram 2021 com melhores perspectivas. A implantação das redes de quinta geração pode impulsionar esse processo.

O Brasil tem um importante desafio pela frente: aumentar a competitividade. Para isso, além de dar mais agilidade às reformas estruturantes, sobretudo a tributária e a administrativa, é vital que sejam aceleradas também ações necessárias para desemperrar e modernizar a infraestrutura nacional, entre as quais se destaca a implantação das redes de comunicação 5G.

Sem essas providências dificilmente o país dará um salto para o futuro, ou seja, não conseguirá acompanhar os avanços propiciados pela quarta revolução industrial. Os investimentos em inovação, em tecnologia e na qualificação de profissionais devem ser encarados como prioridade. Assim como não há possibilidade de se ter um país forte sem uma indústria forte, não existe indústria forte sem inovação.

*O artigo foi publicado nesta sexta-feira (21), no jornal Estadão.

Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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