A união e a convergência do Brasil em torno de um objetivo comum estão, certamente, acima de todos. Após conhecer o mercado financeiro em um banco internacional, vivi o outro “lado” da economia nos últimos trinta anos como empresário do setor industrial, o principal responsável pela geração de riquezas (25%) e pelo recolhimento da carga tributária (32%).
Há muito não temos uma política industrial, pois falta planejamento e estratégias de médio e longo prazo. Consequentemente, é perceptível o grande hiato entre a agricultura e o setor financeiro vis-à-vis a indústria e o comércio. O caminho para mitigar esse hiato está no trabalho conjunto e na convergência de interesses, sem ideias pré-concebidas.
É preciso um diálogo aberto e construtivo para desmistificar a visão de que a indústria dispõe de uma série de incentivos, subsídios e subvenções. A agricultura foi subsidiada no passado por meio de linhas especificas de créditos rurais, dos diversos perdões e reduções de dívidas, do acertado fortalecimento da Embrapa, além da atuante defesa institucional das exportações. Já o sistema financeiro buscou a estabilidade por meio de vários programas, tais como o Proer, levando a uma forte e indesejável concentração.
O setor industrial, nesse período, competiu com a economia mundial tendo que enfrentar o custo Brasil. Para um processo de reindustrialização sustentável é importante que a Embrapii, que apoia a pesquisa e inovação na indústria, tenha orçamento compatível com a sua missão: em 2018, foi inferior a R$ 70 milhões/ano; em 2019 ficou sem orçamento! Enquanto isso, a Embrapa tem orçamento superior a R$ 2 bilhões/ano.
É na indústria que são agregados os valores da nossa riqueza agrícola e onde está a maior formação do conhecimento e salários do setor produtivo. Enfim, é preciso que o setor industrial seja visto como deve ser.
Também é importante entender o Sistema S, cujo modelo de gestão é privado com recursos oriundos das contribuições das empresas. Somos a favor da correção de quaisquer desvios e equívocos de gestão. Mas, novamente, precisamos desapegar de ideologias pré-concebidas. É preciso conhecer o trabalho realizado pelo SENAI e SESI, na indústria, com as suas entregas na área de educação, tecnologia e inovação etc.
Considerando o requisito essencial da transparência, ouçamos o que TCU e CGU dizem, uma vez que o Sistema S é fiscalizado pelos mesmos. O que não podemos é estigmatizar instituições pelas exceções.
Essa movimentação direcionada à indústria é uma grande oportunidade para que nos debrucemos sobre o seu futuro. É importante que o Ministro Paulo Guedes (profundo conhecedor da nossa economia) conheça e discuta com a indústria o que está sendo feito.
Ricardo Alban é presidente da FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia
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