Produtividade e digitalização para a indústria

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o diretor-geral do SENAI e diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, escrevem sobre o futuro da indústria.

Homem branco de capacete e uniforme mexe em tela. Fundo amarelo de fábrica desfocado
A indústria emprega 10,3 milhões de trabalhadores e é responsável por 66,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento

A indústria brasileira luta há décadas com desafios de produtividade, perdendo terreno durante as mudanças tecnológicas iniciada nos anos 1970 e 1980 e falhou em capitalizar os benefícios da terceira revolução industrial. Esses desafios são exacerbados por questões da baixa qualidade da educação e um parque industrial obsoleto, com máquinas e equipamentos com idade média de 14 anos. 

A produtividade é a medida da eficiência de produção. Ela é frequentemente definida como a relação entre a quantidade de produtos gerados e os recursos utilizados. Em termos simples, refere-se a "produzir mais com menos".

A transformação digital, impulsionada pela quarta revolução industrial, é uma oportunidade para as indústrias brasileiras se tornarem mais competitivas. Adotar tecnologias como a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial pode melhorar a eficiência, aperfeiçoar produtos e reduzir custos. Entretanto, falta de conhecimento e custos elevados são obstáculos para sua implementação.

A indústria desempenha um papel central na economia brasileira, porque se destaca pela constante incorporação de avanços tecnológicos em seus processos. A cada R$ 1,00 produzido na indústria, são gerados R$ 2,44 na economia brasileira. O setor emprega 10,3 milhões de trabalhadores e é responsável por 66,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento, fator decisivo para a inovação e ganhos de competitividade. 

No entanto, muitas empresas ainda não adotam tecnologia digital. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que 31% das empresas nacionais ainda não utilizam sequer alguma tecnologia digital em seu processo produtivo

O governo anunciou recentemente a prioridade de uma política de neoindustrialização, incluindo o maior programa de produtividade e digitalização da história do país, cujo objetivo é aumentar a produtividade de pequenas e médias empresas por meio da aplicação da metodologia Lean e adoção de ferramentas digitais.

O Novo Brasil Mais Produtivo liderado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em colaboração com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). 

Para executar a transformação digital nas empresas, o programa vai unir consultoria e formação profissional de colaboradores. As indústrias terão apoio em produtividade e transformação digital, vão receber diagnóstico e acompanhamento para melhoria de gestão, participarão de intervenções para melhoria da produtividade e da eficiência energética, serão beneficiadas com projetos de empresas provedoras de tecnologias 4.0 e serão contempladas com plano de transformação digital. 

Programas anteriores demonstraram a eficácia dessa abordagem. O programa Brasil Mais Produtivo, por exemplo, aumentou a produtividade em 66%. Com a missão de alavancar a produtividade nacional, o Novo Brasil Mais Produtivo vai beneficiar mais de 200 mil empresas ao longo de quatro anos. Será um programa de alto impacto na indústria e na economia brasileira. 

As medidas para aumentar a produtividade e incentivar a digitalização chegam em boa hora e são urgentes para construir uma nova política industrial sustentável, inovadora e socialmente inclusiva. Assim, as empresas brasileiras vão ampliar a escala de mercado e participar de cadeias globais de fornecimento.

O Brasil precisa dar um salto na direção da indústria 4.0, na automação, na robótica avançada. Essas tecnologias não apenas otimizam os processos de produção, mas também redefinem o conceito de manufatura. 

É chegada a hora da retomada da indústria no Brasil.

(*) Aloizio Mercadante é presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

(*) Rafael Lucchesi é diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

O artigo foi publicado na Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (06).

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