Um futuro incerto

Em artigo, o vice-presidente da CNI Paulo Afonso Ferreira fala da urgência de o país enfrentar a reforma da Previdência, buscando um modelo que elimine privilégios, possibilite igualdade de direitos aos aposentados e assegure os benefícios às futuras gerações

Paulo Afonso é vice-presidente da CNI

Imagino que todos querem um dia receber o bônus pelo seu trabalho e ter a oportunidade de, como diz a famosa frase, “pendurar a chuteira”. A aposentadoria é um direito de todos, mas precisamos reconhecer que os sistemas de Previdência e de Seguridade não são sustentáveis e apresentam discrepâncias. Acredito que precisam ser discutidos e modernizados, buscando um modelo que elimine privilégios, possibilite igualdade de direitos e se adeque à atual realidade do Brasil.

O país mudou muito nas últimas décadas, com redução no número de trabalhadores rurais, houve maior inserção da mulher do mercado de trabalho, redução na taxa de natalidade e aumento na expectativa de vida da população. O futuro dos que desejam se aposentar fica incerto, pois há um déficit orçamentário da Previdência, que aumenta a cada ano. De onde serão retirados recursos para cobrir essa conta? Certas áreas como saúde e educação podem ficar prejudicadas, sendo compartilhado esse ônus com toda a população, por meio do aumento de tributos.

Medidas precisam ser tomadas, pois da forma que está não pode permanecer. Essa causa não é do governo ou de um partido, é de todos nós, brasileiros. Certos segmentos, que são minoria, estão atuando de forma corporativa e em causa própria contra a reforma. Temos acompanhado o andamento das discussões e sabemos que a proposta tem sido debatida de forma transparente e ampla, sendo aprimorada para se chegar ao equilíbrio.

Aqueles que já estão aposentados e desfrutam da Seguridade não perderão seus benefícios. Está se buscando igualdade, principalmente para eliminar discrepância entre tempo de contribuição e valores recebidos e o estabelecimento de idade mínima para se aposentar. A atual expetativa de vida dos brasileiros é de 75,5 anos. A média de aposentadoria no Brasil é de 58 anos. Vários países que mudaram sua legislação também enfrentaram resistências, mas após aprovadas as mudanças puderam perceber que valeu a pena modernizar e encontrar o caminho para o equilíbrio das contas.

Essa pauta não pode ser mais ser adiada. Precisamos atuar junto aos nossos parlamentares e apoiá-los para que se posicionem favoráveis à aprovação da reforma da Previdência. A verdade precisa prevalecer e o debate franco deve ocorrer para que o texto seja aprovado, o que possibilitará que todos nós possamos desfrutar de forma justa daquilo que contribuímos, sem comprometer e prejudicar as próximas gerações.

O artigo foi publicado nesta sexta-feira (16) no jornal O Popular.

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