O país deve investir em educação para ganhar competitividade, diz CNI

Se o Brasil quiser se tornar um país desenvolvido e competir de igual para igual com as economias centrais, precisa colocar a educação no centro da estratégia de crescimento

"Temos de debater a escola no centro da nossa estratégia de crescimento" - Rafael Lucchesi

Se o Brasil quiser se tornar um país desenvolvido e competir de igual para igual com as economias centrais, precisa colocar a educação no centro da estratégia de crescimento. O alerta foi feito nesta terça-feira (19), pelo diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, durante o Fórum Estadão: Educação e o Mundo do Trabalho - a ponte que o Brasil precisa construir. O evento foi promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, do Grupo Estado, com apoio da CNI, em São Paulo. 

“Precisamos ter a ambição de amarrar o destino que queremos para o Brasil com a educação. Se queremos mudar o jogo atual, de níveis ruins de educação, que levam a níveis baixíssimos de produtividade no mercado de trabalho, temos de debater a escola no centro da nossa estratégia de crescimento”, afirmou Lucchesi. Falando ao Portal da Indústria, ele ressaltou que o investimento em educação profissional garante mais competitividade ao setor industrial. Ouça, clicando aqui.

Segundo Lucchesi, é preciso, fundamentalmente, que se ataque o problema em três frentes: a melhoria da qualidade do ensino, a mudança da matriz educacional, para um viés focado na educação profissional, e um sensível incremento na gestão do setor. “Temos de melhorar as condições para as escolas entregarem resultados. Isso passa por sistemas de metas para professores, que serão avaliados pela meritocracia, passa por salários condizentes, currículo novo e gestão. Precisamos manter a ousadia de querer sempre melhorar intensa e fortemente”, afirmou. 

O diretor da CNI lembrou que a educação deficitária no Brasil causa reflexos importantes na estrutura produtiva do país há anos.  “A produtividade do trabalhador brasileiro é muito baixa. É preciso cinco trabalhadores brasileiros para fazer o que um norte-americano faz no mesmo setor, ou quatro para fazer o que um alemão faz ou então três para igualar a produtividade de um sul-coreano”, afirmou Rafael Lucchesi. 

CORREÇÃO DE RUMOS - O professor Jorge Arbache, da Universidade de Brasília (UnB), lembrou que as diferenças abissais entre o trabalhador médio brasileiro e os de países desenvolvidos só vão aumentar se os rumos da educação brasileira não forem corrigidos. “As novas tecnologias transformam as nossas vidas e o modo de produção. Os trabalhadores terão de ser capazes de interagir com tecnologias de produção e de gestão cada vez mais sofisticadas, que estão em permanente mutação. Essa capacidade só se dá pela educação”, disse Arbache. 

O secretário de Educação Tecnológica e Profissional do Ministério da Educação, Aléssio Trindade de Barros, salientou a importância do ensino profissional e destacou os resultados do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Os jovens que hoje têm acesso ao Pronatec aumentam e muito as condições de atuar no mercado de trabalho e se tornam mais produtivos. Temos de aprofundar essa perspectiva”, disse. O Pronatec teve em torno de 8 milhões de matrículas desde o lançamento e deverá alcançar 12 milhões na próxima fase. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é o maior parceiro do governo no Pronatec, com cerca de 40% das vagas. 

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