Indústria defende política de fomento à agricultura e pecuária de alta precisão

Para a CNI, aprovação do PL 149/2019 pelo Senado contribuirá para aumento da produtividade e da sustentabilidade do agronegócio, abrindo novas oportunidades de empregos no campo

O uso crescente e intensivo de tecnologia no campo tem sido o fator central para os sucessivos aumentos de produtividade do agronegócio nacional. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), esses ganhos podem ser ampliados na economia e na sustentabilidade a partir de uma política de incentivos para ampliar a adoção de tecnologias associadas à agricultura de precisão – prática de manejo da lavoura que utiliza tecnologia para monitoramento e controle da produção – e para o aumento da conectividade do meio rural.

Para a indústria, avanços adicionais podem ser alcançados com a aprovação do Projeto de Lei nº 149/2019, Política Nacional de Incentivo à Agricultura e Pecuária de Alta Precisão. A proposta está na pauta da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, do Senado Federal, e deve ser analisada nesta quinta-feira (20), em caráter terminativo.


“É imprescindível mantermos o nível de competitividade da agricultura brasileira pelo uso intensivo de tecnologia. A proposta também é positiva por fomentar o desenvolvimento de diversas cadeias produtivas industriais associadas ao agronegócio, como sensores e máquinas e equipamentos com tecnologia de Internet das Coisas (IoT) embarcada”, explica a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.


Agricultura de precisão traz ganhos econômicos e ambientais

Segundo dados da Embrapa, o uso de novas tecnologias no campo multiplicou a produtividade em 4,4 vezes em relação à área plantada e respondeu por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola entre os anos de 1975 e 2015.

Os benefícios do uso da agricultura de precisão vão muito além dos ganhos de produtividade a partir de mecanização e uso mais eficiente de insumos na lavoura. Há um conjunto de ganhos ambientais por meio do uso mais racional de recursos naturais. Entre eles, a redução de até 30% no uso de água para irrigação, a redução das emissões do maquinário a partir da redução em cerca de 25% no consumo de combustível, a otimização no uso de fertilizantes e a redução de até 40% no uso de defensivos.

Tecnologia no campo traz oportunidades e exige formação

O crescente uso tecnologias no campo, como drones, pilotos automáticos, telemetria de máquinas, pulverização por drones, sensores multiespectrais e radares meteorológicos, serão incorporadas pelo grande, médio e pequeno agricultor, desencadearam uma transformação nos empregos e no perfil do trabalhador do setor.

O estudo Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde mostra que, nos próximos dez anos, oito novas profissões devem ganhar destaque na agricultura: Técnico em Agricultura Digital, Técnico em Agronegócio Digital, Engenheiro Agrônomo Digital, Operador de drones, Agricultor urbano, Engenheiro de Automação agrícola, Cientista de dados agrícola e Designer de máquinas agrícolas.

Realizada pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ - Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Núcleo de Engenharia Organizacional (NEO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a pesquisa mostra que, no pós-pandemia, a agricultura será ainda mais impactada pela digitalização, exercendo um papel essencial para uma recuperação verde – modelo de desenvolvimento que concilia fatores sociais, ambientais e econômicos.

Existe, porém, o desafio de formação de mão de obra. Até 2024, essas oito carreiras devem gerar 178,8 mil oportunidades, mas só estarão disponíveis 32,5 mil profissionais para preenchê-las, o que representa um gap de 82%. Em médio e longo prazo (10 anos), essa lacuna deve cair para 55% - o que ainda é um percentual alto.

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