Falta de infraestrutura afeta competitividade do Brasil, diz vice-ministro japonês da Agricultura

A fala do vice-ministro durante a 19ª Reunião Conjunta do Comitê de Cooperação Econômica reforçou o diagnóstico da Confederação Nacional da Indústria ( CNI ) sobre a competitividade brasileira

O vice-ministro da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Tatsuya Kajishima, não poderia ser mais claro no seu recado para o setor privado e governo brasileiro: a falta de infraestrutura no Brasil afeta os preços e a competividade. A fala do vice-ministro durante a 19ª Reunião Conjunta do Comitê de Cooperação Econômica reforçou o diagnóstico da Confederação Nacional da Indústria ( CNI ) sobre a competitividade brasileira 

“O Brasil tem um preço competitivo. A tarifa é zero e vocês não têm barreiras. O gargalo é o transporte” - Tatsuya Kajishima

Kajishima deu como exemplo a importação de soja e de milho. Em 2013, 60,1% das importações japonesas de soja saíram dos Estados Unidos e 23,5% do Brasil. Em 2015, esses percentuais foram de 71,9% e 15,7%, respectivamente. No caso do milho, em 2013, os Estados Unidos participavam de 30,3% e passaram para 74,3% no ano passado. E o Brasil caiu de 39,1% para 21%. O vice-ministro explicou que a primeira informação que o japonês quer no momento de comprar de commoditties é o preço, depois o custo do transporte . “O Brasil tem um preço competitivo. A tarifa é zero e vocês não têm barreiras.O gargalo é o transporte ”, afirmou. 

Muito atento ao que acontece no país, Kajishima afirmou que a produção agrícola no Brasil está dividida. Metade na região Sul-Sudeste e a outra metade no Centro-Oeste – Norte e Nordeste. Mas, disse, devido à falta de transporte, que só é possível exportar 20% a partir do Norte. Para ampliar osinvestimentos japoneses no Brasil, o vice-ministro considera como prioridade investir no corredor Araguaia-Tocantins, simplificação tributária, harmonização do ICMS, e um plano de desenvolvimentoagrícola para a região brasileira conhecida como MATOPIBA, formada pelos estados de Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia. 

“O melhoramento da infraestrutura é fundamental. Isso é um senso comum no mundo inteiro, mas o Brasil tem a própria maneira de fazer as coisas. Já foram lançados vários programas, como o PAC, que não avançaram. No Japão, quando o governo lança algum programa semelhante, esse planejamento é realizado com firmeza. E as empresas investem porque tem segurança para investir ”, afirmou. (Saiba como problemas de infraestrutura podem ser transformados em oportunidades no Brasil ).

Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas ( FGV ), Roberto Rodrigues explicou que o setor privado brasileiro não confiava no governo anterior e, sem confiança, ninguém investe. “Posso dizer porque não sou governo nem setor privado: o governo atual, que tem uma legitimidade incontestável, tem a confiança do empresário brasileiro. O Brasil vive um novo momento de relacionamento para infraestrutura . Dadas as características do agrobusiness do país, vamos atrair investidores”, garantiu o ministro. 

LADO BRASILEIRO – O embaixador do Brasil no Japão, André Correa Lago, afirmou que o programa de concessões do governo Temer, PPI, e o PAC são bem diferentes. “Só serão lançados novos programas quando tiverem a consistência suficiente”, destacou o embaixador. Ele garantiu que o ministro Moreira Franco visitará o Japão ainda no mês de outubro com uma equipe técnica para ouvir as preocupações dos japoneses. 
 

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